terça-feira, 25 de dezembro de 2012

É Natal

Poesia Menino Jesus1

Acordou naquela manhã
Assim fazia todos os dias
Foi à cozinha, passando pela sala
Nem notou a árvore de Natal

Saiu da cozinha, passou pela sala
De novo uma árvore não percebida
Chegou ao quarto e lembrou-se
Era Natal, um dia diferente

Correu até a árvore na sala
Parou e Desta vez a notou
Viu todo o seu esplendor
E vários presentes em volta

Correu até ela e se ajoelhou
Ignorando os presentes
O Menino Jesus pegou
Delicadamente, na manjedoura, o deitou

Olhou para a Sagrada Família
Agora ela toda reunida
Nascera o Menino Jesus
E, com ele, nossa alegria
Ainda sem ver os presentes

Fez o que achava mais certo
Junto ao Menino Jesus
Rezou pelo bem de todos

Sabia ele que presentes havia
Não faltaria tempo para abri-los
Mas a humanidade tinha pressa
E o mundo ansiava por paz e amor

Fossem, então, todos os homens
Verdadeiramente felizes
Em um mundo sem dor
Feito apenas pelo amor

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Contos Twitteranos [14]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

261) A entrevista (140 toques)
Era o emprego dos sonhos. Acordou cedo para a grande entrevista final. Oportunidade única. Greve dos ônibus, atraso total. Perdeu o emprego

262) Silêncio (140 toques).
O bate-estaca era ensurdecedor. Finalmente a obra acabou. Silêncio. Que nada, a área de lazer e o parquinho eram logo do outro lado do muro.

263) Cachorro X Ap pequeno(140 toques)
Apartamento pequeno. A filha queria um cachorrinho. Sem conhecer, optaram por um filhote com que se encantaram. Cresceu, era um dinamarquês.

264) Vômito (140 toques)
Ele chegou a casa todo vomitado. Camisa, calça e sapatos imundos, fediam. A irmã gritou: - QUE NOJO! Ele: - Pior! Não é meu, é de um bêbado!

265) O mundo gira (140 toques)
Não ia ao carrossel porque ficava tonto com tudo o que girasse. Chegou tonto da escola. O professor havia ensinado sobre a rotação da Terra.

266) Pastel (140 toques)
Queria comer pastel. Indicaram o Caracu. Saiu do centro e lá foi com um amigo. Pediram e tentaram comer. Voltaram para o centro: ao Carioca!

267) Príncipe encantado (140 toques)
Beijou todos os sapos querendo pegar um príncipe. Nenhum sapo daquele brejo escapou de seus selinhos. Nada! O que pegou foi sapinho na boca.

268) Aniversário (140 toques)
Discussão acirrada, mas ele ganhou a disputa. Nem todos faziam aniversário exatamente no dia em que nasceram. Sim, há o dia 29 de fevereiro.

269) Carioca de araque (140 toques)
Vangloriava-se dizendo-se carioca e flamenguista. Chorou muito ao descobrirem que nascera em Resende. Na real era flamenguista e fluminense.

270) Aprendendo a ser feliz (140 toques)
Vivia triste. Não conseguia rir com a vida que levava. Tudo mudou quando notou que viver infeliz não fazia sentido e aprendeu a rir da vida.

271) Surpresa! (140 toques)
Sempre chegava a casa na mesma hora. Um dia, de surpresa, chegou duas horas mais cedo e estranhou. Quem era aquele sujeito pulando a janela?

272) Campeão do mundo (140 toques)
Como capitão e campeão, iria levantar a Taça do Mundo para bem alto. Parecia um sonho. Alguém o chamou à razão e viu que era mesmo um sonho.

273) Coloração capilar (140 toques)
Flagrou o marido traindo e, de revólver, gritou: Vou matar todos. Apontou pra própria cabeça. Viu o marido rindo: Não ria, você é o próximo!

274) Horizontes abertos (140 toques)
De repente seus horizontes se abriram. Foram ampliados de uma forma tal que ele nunca vira sozinho. Aí reparou: bastou ficar em pé no berço.

275) Amor [1] (140 toques)
Paizão, quero lhe apresentar o Eduardo. Este bonitão é o meu namorado. O pai, estupefato, caiu sentado na cadeira: - como é que é meu filho?

276) Amor [2] (140 toques)
Paizão, quero lhe apresentar a Beth. Esta bonitona é minha namorada. O pai, estupefato, caiu sentado na cadeira: - como é que é minha filha?

277) O chiclete (140 toques)
Viciado em chicletes, fazia tempos que não mascava. Ganhou um e o levou à boca sem pensar. Danou-se. Não podia mascar por causa do aparelho.

278) Bola nova (140 toques)
Todos pediram bola de futebol no Natal. Ganharam e já marcaram o jogo e, claro, todos foram. Mas, faltou a bola. Ninguém queria sujar a sua.

279) Mico [1] (140 toques)
Ele era só orgulho. Reunira coragem e convidara a garota mais bonita do colégio para velejar. Uma calmaria total. O barco não saía do lugar.

280) Mico [2] (140 toques)
Oi! Gritaram do outro lado da rua. Ele se virou, viu um cara vindo. Não se lembrou dele, mas foi ao encontro. Faltou ver a menina ali atrás.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Mal súbito

Mal Súbito blogDe repente um mal súbito e ele se foi. Esvaiu-se a vida.

Infarto fulminante, disse o médico.

Ele, sem entender nada, ouvia tudo, mas não conseguia mexer um músculo sequer. Não conseguia se mexer, abrir os olhos, nada. Todo desforço era em vão.

Lembrou-se do filme Awake - a vida por um fio em que o protagonista recebe a anestesia para um transplante de coração e algo estranho acontece: ele sente e ouve tudo, mas o corpo permanece como se estivesse anestesiado, dormindo. Sem saber disso, os médicos vão operando-o e ele sentindo todas as dores.

Também sempre ouvira histórias extraordinárias sobre a passagem para o mundo espiritual, em que alguns, por serem muito apegados à vida, ficavam perambulando no limbo - seria o caso dele? Afinal estava morto ou não? Que sentimento era aquele?

Não! Com toda a certeza aquele não era o caso dele, ele não estava morto. Apenas precisava encontrar uma saída para fugir daquilo e voltar à sua vida normal.

Contudo, o tempo ia passando e ele cada vez mais se conscientizando do que acontecera de fato.

-- O infarto fora violento, muita dor no peito. Só posso ter morrido mesmo, mas, e agora? O que acontece? O que faço? Pensava sofrendo.

Notou a esposa e as filhas chorando. Queria pode falar que estava vivo, que as ouvia, mas todas as tentativas eram em vão. O desespero foi tomando conta dele.

Ficou sabendo sobre os preparativos, de como e onde seria o velório, a escolha do caixão, quem avisariam... e ele ali, ciente de tudo e cada vez mais desesperado.

Nada daquilo poderia estar acontecendo, pois ele estava vivo. Chamem outro médico, gritava, porém era um grito mudo, inaudível - não conseguia fazer-se ouvir.

E lá estava ele, deitado em um caixão, todo coberto de flores, uns dois mosquitinhos mais que chatos presos dentro do tule que cobria seu corpo e que insistiam em pousar em seu nariz. Não conseguia dar, nem ao menos, uma coçadinha, por mais que quisesse.

Um por um, parentes, amigos e até alguns desconhecidos baixavam-se e falavam com ele, desejando-lhe muita Luz, que Deus o abençoasse, que os antepassados o recebessem no plano espiritual, que isso e aquilo.

Só não gostou quando ouviu dois amigos cochichando sobre a “bonitona da viúva” e que queriam muito consolá-la. Como assim? Que tipo de amigo é esse?

Ah se pudesse levantar-se dali. Eles iam ver quem é que ia ficar viúva.

E o tempo foi passando, e ele ali, imóvel, querendo sair daquela situação.

Era meio ateu, mas rezou todas as rezas que conhecia, inventou outras, fez promessas. Valia acreditar em tudo para tentar sair daquele caixão antes que fosse tarde demais.

Depois da cerimônia, quando chegaram os homens da funerária, viu que o tempo dele estava acabando, dali a poucos instantes seria tarde demais para qualquer outra tentativa.

E sequer a tal da luz branca que fazia parte das histórias extraordinárias que ouvira não aparecia para buscá-lo. Bem poderia haver um “Manual da Passagem Para Leigos”, pensava, assim saberia o que fazer.

Quando vieram com a tampa para fechar o caixão, ele sabia que seria a sua última chance. Num total desespero, reuniu todas as forças que tinha e, no instante derradeiro, conseguiu.

Esticou as mãos para cima, impedindo que baixassem a tampa e, ao mesmo tempo, soltou um grito horrível que saiu lá do fundo de sua alma. Um grito sepulcral.

A esposa deu um salto com o grande susto que levara e, recuperando-se da surpresa, falou com ele:

Querido! Acorde! Você está tendo outro pesadelo!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ninguém perde a grande chance

clip_image002Ilustração feita pelo Luiz Rafael da Caricômicos,

um parceiro indicado por este Blog.

Beto sempre fora metódico. Fazia tudo de forma bem pensada, para que nada fugisse ao seu controle; tudo tinha de funcionar perfeitamente.

Só não, digamos, “funcionava direito” na presença de Ana Lúcia. Invariavelmente as pernas lhe faltavam e a lógica de seus pensamentos iam por água abaixo.

Nesses momentos a timidez falava mais alto e uma poderosa barreira o impedia de falar com ela, declarar-lhe todo o amor preso em seu coração.

Isso acontecia desde a adolescência, quando ela entrou pela primeira vez naquela sala de aulas e tornou-se mais uma colega de classe. Mais uma? Fala sério, era muito mais que isso.

Ela era a nora que a mãe dele sempre quis, mesmo sem saber.

Os anos se passaram, a paixão platônica ficou e ambos continuavam solteiros, o que era um alento para Beto... quem sabe um dia?

Ana Lúcia mudou-se de São Paulo para o Rio de Janeiro. Trocara a Lapa paulistana pela carioca.

Mesmo a distância não amainou o amor no coração de Beto. O problema é que a timidez também permaneceu forte. A distância apenas piorara o contato - como falar com ela?

Certa tarde ele recebe uma chamada pelo Skype e... falta-lhe o ar. Era Ana Lúcia chamando para uma conversa com vídeo.

Tremendo, ele clicou no ícone e aceitou a chamada.

Logo aparece aquele rostinho angelical na tela, mas um tanto triste.

- Beto, apenas ouça. Não diga nada, por favor. – Disse ela em tom preocupado.

- Amo você praticamente desde a primeira vez que o vi, lá atrás naquela sala de aulas, mas minha timidez nunca me permitiu falar algo a você.

E continuou:

- Meu maior desejo era que você também me amasse como o amo, que ficássemos juntos para sempre. Pena eu não ter tido a certeza de ser correspondida, afinal você nunca se abriu comigo.

- Beto, estou falando isso agora porque não quero casar-me com este peso na consciência. Tinha de declarar meu amor a você e, se por acaso você me amar, venha para cá e me impeça de casar-me. Apenas sua presença bastará. Não precisaremos falar nada um ao outro.

- Se você não vier, entenderei e parto para a Lua de Mel no Caribe e, de lá, já mudo para a França, onde morarei.

- Eu me caso às 20 horas na Igreja Nossa Senhora do Desterro, aqui na Lapa.

Declarou tudo isso e desligou, deixando um atônico Beto sem saber o que fazer.

O coitado não sabia se o mundo desabara ou se abrira uma enorme porta para a felicidade.

... nem vou precisar dizer nada? Basta aparecer? Pensou Beto já tomando a decisão.

Olhou no relógio: 16 horas. Se corresse, pegaria o voo das 17 ou 17h30 para o Rio e chegaria em frente a Ana Lúcia bem antes das 20 horas.

Era a última chance de ele ser feliz com a mulher que amava e não a perderia por nada. Pegou uma mochila, jogou lá dentro algumas coisas básicas e correu para o aeroporto.

Conseguiu um lugar no voo das 17 horas mas, ao passar para a área do portões o escâner acusou a presença de um canivete na bolsa. Não poderia embarcar com aquilo e a sugestão dada foi o descarte.

Não poderia descartá-lo. Fora presente de Ana Lúcia há vários anos e não largava dele.

Saiu em disparada, deixou o canivete no guarda-volumes e voltou correndo para não perder o voo.

Passou como um foguete e foi o último a entrar a bordo e, cansado, sentou-se na primeira poltrona vazia que encontrou.

O avião demorou um pouco a mais para sair, mas isso não o incomodou. Havia tempo de sobra até as 20 horas.

Finalmente o avião partiu e ele, procurando relaxar, nem ouviu as palavras do comandante que explicava o por quê da demora e outros detalhes acerca da viagem.

Mas, no final, quando o comandante disse o tempo estimado de voo, ele ficou intrigado.

Chamou a comissária de bordo e perguntou:

- Duas horas de voo não é muito tempo? Normalmente leva uns 40 minutos.

- Desculpe-me senhor - disse uma educada comissária - mas o tempo de voo para Cuiabá é cerca de duas horas mesmo.

- Ah sim, respondeu Beto. Para Cuiabá é este mes.............CUIABÁ??????????????????

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Contos Twitteranos [13]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

241) Cadeia nele? (140 toques)
Não era pedófilo, mas, muito ao contrário, era gerontófilo - só pegava as velhinhas. Baixou a polícia e foi preso. Para desespero das vovós.

242) Hora de escrever (140 toques)
Noite fria. Nada na TV e nada a fazer. Deitou na cama e se enrolou no cobertor para escrever uns contos. Acordou babando em cima do caderno.

243) Ás do motociclismo (140 toques)
Via-se como Valentino Rossi. Queria ser um ás do motociclismo. Mas havia um problema: vencer o medo e, antes, aprender a andar de bicicleta.

244) Filme de Terror (140 toques)
Noite, pipoca, café preto e um filme de terror na TV. Sozinho, ia assistir àquilo que quisesse. Mudou de canal no primeiro grito da heroína.

245) Fim do passeio (140 toques)
Pegou o conversível importado do patrão e foi ao Guarujá querendo “pegar todas”. Blitz! Sem carta, o carro foi apreendido. Perdeu o emprego.

246) Sexta-feira 13 (140 toques)
Sexta-feira 13. Muito supersticioso, ainda na cama pensou em evitar gatos pretos na rua. Levantou-se e foi fazer a barba. Quebrou o espelho.

247) Desistindo (140 toques)
Tirou habilitação pra moto e comprou uma novinha. Primeiro dia de carta, estreando a moto, caiu e teve fratura exposta na perna. Nunca mais!

248) Espirro fora de hora (140 toques)
Busão lotado. Mesmo gripado, foi ao trabalho. De repente espirrou forte e uma grande massa verde aparece no casaco da moça à frente. Desceu.

249) Deficiente auditivo (140 toques)
O vendedor não lhe deu tempo. Pôs-lhe o fone de ouvido e a melhor música. - Você tem de comprar este som - disse ao rapaz. – Que? Era surdo.

250) Gravidez (140 toques)
Todos ficaram felizes e a cumprimentaram. Ela até estava feliz, mas muito mais preocupada. Não sabia como ia fazer. Grávida de quadrigêmeas!

251) Escravidão (140 toques)
Sem descanso, trabalhava dia e noite, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Um dia parou. Trocaram a pilha e lá estava a hora certa de volta.

252) Ambição zero! (140 toques)
Na infância: vai graxa tio? Na adolescência: Vai graxa moço? Fase adulta: vai graxa senhor? Na velhice: Vai graxa jovem? Não tinha ambições.

253) Autossuficiente (140 toques)
Autossuficiente, ele não fazia favores a ninguém. Exigia que todos fossem iguais a ele. Um dia precisou. Todos riram e ele aprendeu a lição.

254) Pára tudo 1 (140 toques)
Dia dos Pais. Os 3 filhos pequenos invadem o quarto, bem cedo. A ideia era acordar os pais. Já estavam acordados. Hora errada, muito errada.

255) Pára tudo 2 (140 toques)
Madrugada, o casal fazia amor. A filhota bate à porta. Pulam da cama, vestem-se rápido e saem. A menina já voltara para a cama. Adeus clima.

256) Quem tudo quer... (140 toques)
Saiu para a balada dizendo que ia pegar a menina mais bonita. Passou a noite escolhendo. Escolheu demais. Acabou ficando com a mais baranga.

257) O último ônibus (140 toques)
Madrugada. Lá vinha ele, não podia perdê-lo de forma alguma. Correu, levou um tombaço. Levantou-se e continuou a correr. Ralou-se todo mas não perdeu o último ônibus.

258) Ser alguém (140 toques)
Queria ser alguém no mundo. Estudou, trabalhou, dedicou-se. Só parou quando notou: melhor que ser alguém no mundo era ser o mundo de alguém.

259) Quede os aplausos? (140 toques)
Tudo combinado com o público e ele cantou para gravar o CD ao vivo. Acabou e vaiaram. Vaiaram? Era o contra-regra levantando a placa errada.

260) Habilitação (140 toques)
Tentou, foi reprovado. Tentou de novo, reprovado de novo. Mais uma vez e nova bomba. Não tinha mesmo jeito a não ser continuar de bicicleta.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

As Mulheres mais velhas

Mulheres mais velhas

O Blog agora conta com as ilustrações feitas pelo Luiz Rafael da Caricômicos,

um novo parceiro que já fica indicado.

Dinho sempre gostou de mulheres mais velhas. Tara antiga.

Era normal ouvi-lo elogiar, dizendo que algumas delas deixavam qualquer garotinha “no chinelo”.

Rapaz bonito, boa pinta, ele conhecia bem seus dotes e não dava moleza. Quando via uma que valesse a pena, assediava até vencer.

Desistir? Jamais!

Certa tarde, lá estava ele na praça de alimentação de um shopping esperando por Edgar, um colega de escola, de pouco tempo, mas que estava se tornando um amigão.

Ao tomar o primeiro gole de coca, notou a presença solitária daquela deusa do Olimpo, alguém que causaria inveja a Afrodite.

-- A coroa dos sonhos - pensou Dinho - tomara que o Edgar se atrase um pouco...

Sem perder tempo, levantou-se e partiu para o ataque, Não poderia deixá-la fugir.

- Boa noite. Desculpe-me, mas é que eu tenho meio que um trauma de infância e não consigo comer sozinho. Incomodo muito se eu me sentar à sua mesa?

Com toda a educação mostrada, aliada à “cara-de-anjinho-carente”, ela não teve como negar.

Ele se sentou calado, demonstrando certa timidez, o que fez com que ela iniciasse a conversa. Tudo o que ele queria.

O que se viu a partir daí foi uma crescente eloquência por parte daquele rapaz antes tímido e retraído.

Dinho jogou todo seu charme, ao que ela, percebendo as intenções do malandro, de imediato quis dar um basta.

Mas, que nada. Dinho, apesar da pouca idade, tinha uma vasta experiência no campo da sedução. Ela logo estaria conquistada, afinal ele era uma espécie de Rei da Gerontofilia, como ele mesmo se gabava.

A partir daí foi ela tentando desvencilhar-se do rapaz e ele cada vez mais afoito, começando a dar uma baixada no nível da conversa.

Quando notou que não ia dar em nada, aí ele descambou de vez.

Fazendo uso de palavras cuidadosamente escolhidas, começou a ofendê-la, dizendo que ele seria a salvação dela pois, com certeza, o marido já não mais dava conta. Que ele isso, ele aquilo, que ela viajaria como nunca nos braços dele.

Começou a detalhar cenas imaginárias de como eles se curtiriam, sobre o que ele faria com ela em um motel, fechados entre quatro paredes. Deu asas amplamente abertas à imaginação.

Não teria nada a perder e, por tabela, ensinaria àquela ex-deusa do Olimpo que ele era O Cara e ela uma perdedora.

Sempre em voz baixa, para não levantar suspeitas, continuou a ofendê-la de maneiras cada vez mais baixas.

Ela se levantou e foi para outra mesa e, quando Dinho fez menção de segui-la, deparou com o Edgar que vinha chegando.

-- Bem, pensou ele – vou deixar essa velha pra lá. Acenou para o amigo, chamando-o para a mesa.

- Oi Dinho. Chegou há muito tempo?

- Nada cara, estou aqui tem menos que 15 minutos. Estava começando a tomar um lanche.

- Legal Dinho. Você está com suas coisas aqui? Meu pai vem nos buscar daqui a pouco e já partimos para o final de semana na chácara.

- Sim Edgar, está tudo aqui. Estou é bastante ansioso para este final de semana prolongado e tenho certeza de que vai ser bem divertido.

Assim foram conversando, e Dinho não tirava os olhos daquela tentativa de conquista, daquela coroa sensacional sentada à uma mesa do outro lado da praça. Desta vez não dera mesmo certo, mas não se podia ganhar todas.

O importante agora era pensar no final de semana na chácara dos pais de Edgar.

Notou quando um homem aproximou-se dela, beijando-lhe rapidamente os lábios - como ele queria ter feito aquilo.

Nisso, Edgar olhou para o mesmo lado que Dinho e também notou a presença do casal.

- Legal, meus pais chegaram, venha, vamos falar com eles.

- Hã? Como assim? AQUELA É A SUA MÃE?

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Contos Twitteranos [12]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

221) Tiros na favela (140 toques)
Tiros do lado de fora. Ela, com medo, fincou-se na sala vendo TV. Madrugada adentro, mais tiros e ela acordou assustada. Agora era só na TV.

222) Frustrado (140 toques)
No apartamento, sozinho, gritou: CHEGA DESSA VIDA! Abriu uma janela e, sem pensar, saltou para o suicídio. Só esqueceu que morava no térreo.

223) Incêndio (140 toques)
Sirenes e gritos na madrugada. Ele acordou com sono. Só queria dormir. Abriu a janela para reclamar. Viu que era o próprio prédio em chamas.

224) Neve (140 toques)
Mudou-se para o Canadá. Queria conhecer e viver na neve. Inverno. A primeira neve, LINDA! Brincou muito. Mais 3 dias, xingava preso em casa.

225) Turismo (140 toques)
Passear de trem pela Europa. Comprou uma cabine e armou a cama perto da janela. Queria ver as paisagens. Dormiu toda a viagem. Não viu nada!

226) Fim de namoro (140 toques)
Fim do namoro. Pediu a ela que lhe devolvesse o chaveirinho de boneca. – Tá bem, disse ela. E você me devolve o cartão de crédito e o carro.

227) Na pele do lobo (140 toques)
Radicalizava. Quis conhecer as drogas, drogou-se. Pobreza? Mendigou. Asa Delta? Voou. Tudo acabou quando quis conhecer o outro lado da vida.

228) Carros (140 toques)
A dúvida era cruel. Não sabia se comprava a Mercedes Mc Laren ou a Ferrari California. Na dúvida, esqueceu os dois e comprou um fusca mesmo.

229) Sol ou chuva? (140 toques)
Sol? Chuva? Oh dúvida! Resolveu sair sem o guarda-chuva, o otimismo havia prevalecido e o sexto sentido lhe dizia estar certo. Choveu muito!

230) Sentinela (140 toques)
De prontidão, vigiava o acampamento. Cochilou, acordou, olhou ao redor, dormiu. Acordou com o pior dos sargentos, fitando-o. Adeus descanso!

231) Campeão (140 toques)
Queria muito ir ver o jogo decisivo. Foi. O time seria campeão. Vitória garantida. Voltou triste. Alguém não combinou com o time adversário.

232) Lei de Murphy: o pum! (140 toques)
Sábado, final da tarde, saindo do escritório. Prédio vazio. Viu-se só e soltou no elevador. Nem ele aguentava. A porta abriu, elas entraram.

233) A fila anda (140 toques)
Onze da noite, deixou a namorada em casa, pois tinha de estudar. Em casa, trocou-se e foi para a balada. Encontrou a namorada divertindo-se.

234) Voz fina (140 toques)
Ele tinha voz fina, afeminada. Nunca ligara para isso e curtia, brincando. Brincou até o dia em que o Anderson Silva perguntou-lhe as horas.

235) Casamento difícil (140 toques)
Iam casar-se. No dia, morreu o pai da noiva. Adiaram. Aí vem a morte do pai do noivo. Adiaram. Então foi a vez da mãe do noivo. Juntaram-se.

236) Fora na balada (140 toques)
Na balada vê a mulata dos sonhos. Ficam. Ficam mesmo. Leva-a para casa. Ela vai ao banheiro e, escondido, ele a espia fazendo o xixi. Em pé?

237) A última bolacha do pacote (140 toques)
Escondeu o pacote com a última das bolachas importadas. Ainda não comera nenhuma. Quando o pegou, a sobrinha aparece do nada e: tio, dá uma?

238) Filme de terror (140 toques)
Foi com a namorada ao cinema ver um filme de terror. Ela tremia e ele ria. À noite, hora de dormir, lá foi o machão: mãe, posso dormir aqui?

239) Cadela folgada (140 toques)
Hora de dormir. Foi pra cama. Calor e ar ligado. Ia deitar-se naquela cama fresquinha. Deparou-se com a cachorrinha aninhada no travesseiro.

240) O voo da águia (140 toques)
Com coragem, abriu as asas para alçar o primeiro voo. Estufou o peito e pulou. Caiu como um saco de batata. Só penugens, faltavam-lhe penas.