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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A separação

A Separação

Beto e Helena eram bem casados, encabeçavam uma família linda que englobava duas filhas e o filhão que, apesar de ser o caçula, tomava conta das meninas.

A vida, como casal, havia iniciado em maio de 1985 quando começaram algumas ficadas, um namorico e tudo se ajeitou no dia 15 de junho quando efetivamente começaram a namorar de forma séria.

Ambos jovens, tinham uma vida inteira pela frente e, desde cedo, iam contabilizando planos para a vida em conjunto.

Sabiam que teriam de abrir mão disso ou daquilo em prol do outro. Tinham certeza de que tudo estaria muito bem harmonizado e que a vida seria uma maravilha, mesmo com os revéses que haveriam de acontecer.

Revéses? Ora, seriam os temperos para quebrar a rotina e provocar uma boa reconciliação do casal... nada como uma boa reconciliação.

E a vida foi passando. Três anos de namoro, veio o noivado no aniversário de Helena. Ela contava 19 anos de idade e ele, 21.

Alianças trocadas e tudo ficou ainda mais sério.

Outros planos começaram a surgir, em especial um que animava ambos: casamento.

Depois de 18 meses de noivado, casados.

Cartório, igreja, recepção e a Lua de Mel em Campos do Jordão.

Queriam ter filhos como qualquer casal, mas somente uns dois anos depois de casados. Iriam curtir a vida a dois primeiro.

Os planos foram concretizados. A primeira filha, Beatriz, nascida aos 18 de julho de 1992 viera mudar o panomara. Agora eram uma família de fato.

Mais dois anos e a família aumentou, nasceu Gabriela.

Tudo eram flores na vida daquela família, mas as duas pediam mais um filho, filho sim, queriam um irmãozinho.

Orlando nasceu quatro anos depois de Gabi. Família completa.

Os anos foram passando, os filhos cresceram, casaram-se. Viviam em suas próprias casas.

O casal mantinha sua vidinha, mas, agora, nem tudo eram flores.

A aparência era mantida, mas entre as quatro paredes daquele velho apartamento algo acontecia.

Beto tentava de tudo, mas Helena mostrava-se cansada daquela vida de esposa fiel. Muito secretamente nutria um sentimento que lhe causava certa ânsia por uma aventura.

Frequentemente recebia flores do marido, mas não eram mais vistas como antes.

-- Ele ainda está apaixonado por mim - pensava uma desiludida Helena - tenho pena dele, mas quero cuidar da minha vida.

Ela nutria uma vontade adquirida pelas más companhias que arranjara na academia. Suas amigas invariavelmente eram mulheres decepcionadas com o casamento e que traíam seus maridos abertamente.

Não, ela não seria assim. Embora não amasse mais o Beto, devia-lhe respeito.

Contudo, aconteceu.

Em um final de tarde, saindo da academia, ela deu carona a Rodolfo, o professor de pilates. Homem feito, uns 40 anos e corpo muito bem definido.

Conversa vai, conversa vem, pararam em uma lanchonete de produtos naturais para um suco e uma tijela de açaí.

Dali para um motel foi um pulo.

Ela chegou em casa ainda ofegante, preocupada se Beto já havia chegado. Não, Beto não estava.

Tomou um banho, recuperou as forças e preparou um bom jantar para o marido.

Beto chegou com um belo buquê de rosas champanhe - as preferidas dela.

Ela as recebeu. Cheirou-as imaginando que haviam sido enviadas pelo Rodolfo.

Naquela noite ela praticamente não dormiu. Apenas ficara devaneando sobre a tarde nos braços viris daquele modelo de homem.

No dia seguinte repetiram a dose e assim foi durante algum tempo.

Rodolfo, apaixonado, insistia para que ela deixasse o marido. Ele não tinha grandes posses, mas havia o suficiente para os dois viverem tranquilos e amando-se cada vez mais.

A questão “grandes posses” não era problema, afinal a vida com Beto eram bem assim mesmo. Não tinham quase nada e, volta e meia, faziam contas no final do mês.

Talvez fossem exatamente essas contas no final do mês que estavam minando seu casamento. Ela não queria aquilo. Queria mais e Rodolfo proporcionaria esse algo mais.

Definitivamente estava cansada de Beto.

Dois meses se passaram com aquela angústia apertando-lhe o peito. Precisava dar um basta naquela situação.

Conversou com Rodolfo e, então, tomaram a decisão de morarem juntos.

Com Rodolfo havia o fator predominante do adeus às continhas no final do mês.

Naquele final de tarde, Beto, sem suspeitar de coisa alguma, entra em casa esbaforido. Aos gritos sequer nota a presença de Rodolfo e que ela, de mãos dadas com o namorado, o esperava com as malas prontas:

- Querida, ganhei na mega-sena! SOZINHO!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Traição não!

Traição não provisórioCasado há mais de 20 anos, Gerson jamais traíra a mulher. Para ele o casamento era sagrado. Formavam um par perfeito; não poderia ser melhor.

Os amigos sempre o perturbavam querendo levá-lo para as grandes noitadas que promoviam e, invariavelmente, acabavam em um quarto de hotel ou motel com garotas, várias garotas.

Ele se mantinha firme em seu propósito de completa fidelidade. Dorinha não merecia ser traída e o casamento dele não poderia ser comprometido com uma mancha dessas.

Aqueles que não o conheciam duvidavam de sua fidelidade. Achavam que era um engodo ou piada. Simplesmente não acreditavam ser possível, nos tempos hodiernos, alguém ser fiel.

Gerson não queria saber. Não se importava com o que pensavam, pois era assim que encontrava a felicidade.

Se olhava para belas mulheres que passavam? Claro que sim, afinal apreciar o belo é um direito de todos, mas o fazia sem cobiça.

Seus sonhos, sua libido e tudo o mais eram todos direcionados à Dorinha. Era ela quem importava. Se ela estava feliz, ele estava feliz.

Sentia orgulho de si mesmo quando chegava a casa e olhava a esposa, bem fundo nos olhos, sem qualquer constrangimento ou arrependimento por qualquer ato que pudesse ter praticado contra o seu santo matrimônio, contra a pessoa que mais amava neste mundão de Deus.

Mas, tão duro quanto a vontade ferrenha de Gerson era o empenho dos amigos para que ele cedesse. Rolavam até apostas se conseguiriam ou não.

Até então haviam tentado de tudo e o Gersão continuava insuscetível. “Bravo herói de um tipo de homem em extinção”, brincavam os amigos.

Certo dia, para comemorar o aniversário do Chefe, marcaram de comer um churrasco e tomar umas cervejas. Iam na Churrascaria Leitão, em Praia Grande.

Gerson topou ir, afinal eram só umas cervejas na churrascaria e jogar conversa fora.

Ligou, como sempre, para Dorinha avisando-a do que ia acontecer e o por quê de chegar em casa só após as onze da noite.

Foram em dois carros e Gerson, de carona, não teve chance de dizer não, mesmo quando se tocou de qual era o destino.

Os carros entraram pelo portão de uma grande casa perto do Forte, na qual algumas meninas devidamente contratadas estavam à espera do grupo.

Arrastaram o pobre do Gerson e a mais bela das garotas, já avisada e muito bem instruída, jogou-se toda fogosa pra cima dele.

Gerson foi, de cara, praticamente arrastado para um dos quartos, sem fala e sem saber o que fazer, ele ficou sem ação, apenas como observador de tudo aquilo que ia acontecendo.

Quando deu por si, estava de cueca e a moça nua na cama, chamando-o.

- Pare! Isso não pode acontecer. Eu amo minha mulher e não vou estragar meu casamento!

Dito isso, Gerson vestiu-se e saiu rápido, chamou um táxi e foi para casa.

Sentado no banco de trás, ele foi tentando recuperar-se e uma dúvida insistia em perturbá-lo: contaria ou não, aquela passagem, à esposa?

Decidiu-se por não contar. Apagaria aquilo da memória - nada acontecera.

Pediu ao motorista que parasse em frente a uma floricultura e comprou umas flores.

Chegou em silêncio, ia fazer uma boa surpresa à amada Dorinha.

Procurou-a e, ouvindo o barulho do chuveiro, subiu a escada e foi em direção à suíte do casal.

Abriu a porta gritando: - SURPRESA!!!

Entrou no box com as flores, de roupa e tudo e trocaram um beijo ardente, cheio de paixão e, no caso dele, com um certo sentimento de culpa por quase tê-la traído.

O beijo foi tão ardente e cheio de paixão que ele nem notou, Nestor, o limpador de piscinas, que deu uma olhada rápida no casal, da porta, recolheu sua roupa e saiu de fininho...

domingo, 26 de maio de 2013

A grande jornada

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Ilustração feita pelo Luiz Rafael da Caricômicos,

um parceiro indicado por este Blog.

Henrique tinha apenas 13 anos de idade, mas um espírito aventureiro comparável aos dos grandes navegadores e exploradores da história, como os portugueses Bartolomeu Dias que primeiro dobrou o Cabo da Boa Esperança ou o conhecido Vasco da Gama que muito navegou da Europa para a Índia no início dos anos 1500.

Era fã também do italiano Marco Polo e suas expedições à China entre o final de 1200 e início de 1300, uma época em que viajar não era nada fácil. Robert Peary e Frederick Cook que brigam entre si pela primazia de primeiro ter chego ao Polo Norte, também estavam no seu rol de ídolos.

Mas havia um em especial. Um que ele tivera a oportunidade de conhecer e ter os livros autografados: Amyr Klink. Sim ele possuía todos os livros deste aventureiro brasileiro – e autografados com direito à dedicatória.

Um tesouro do qual não abria mão.

Fica fácil imaginar o sonho desse adolescente: velejar mundo afora, conhecer lugares.

Via-se aportando na Cidade do Cabo, ponto de encontro de navegadores de todo o mundo.

Via-se cruzando com os grandes navios na imensidão dos mares. Algo que, com certeza, teria de ter bastante cuidado, pois ser atropelado por um deles era algo inimaginável.

Ouvira histórias de navios chegando aos portos com pedaços rasgados de velas presos à âncora. O que teria acontecido não se sabia, mas era certo de que alguém havia sofrido um sério acidente por não estar atento.

Os livros de Klink foram consumidos ao extremo. Sabia-os de cor e salteado. E foi além.

Adquirira mapas de navegação, livros sobre marés, ondas, correntes marítimas, clima, nuvens e tudo o mais que precisaria conhecer para arriscar-se em sua primeira grande aventura.

Jovem, tinha tempo de sobra e durante as férias não fazia outra coisa a não ser estudar rotas, o povo de cada lugar em que pudesse ter o veleiro atracado, leis e costumes locais.

Preparava-se com afinco. Quando chegasse a hora, ninguém o deteria.

Play Station, Wii e afins, por mais difícil que se possa imaginar, não passavam nem perto do sentido de diversão para aquele garoto de 13 anos. Bem diferente de toda a turma.

No Ipad que levava sempre consigo não havia jogos. Havia e-books sobre expedições e navegações, mapas e rotas. Ele vivia conectado como qualquer garoto de sua idade, só que com um outro mundo.

Chegou um momento, nas férias do final do ano que ele creu estar preparado. Tinha na cabeça todo o trajeto da primeira aventura, tempo de navegação, o que levar, horário para descansos – nenhum detalhe havia lhe escapado.

Ia sozinho, como o Amyr Klink quando atravessou o Oceano Atlântico a bordo do IAT, um barco a remo ou na invernagem com o Paratii , sempre sozinho.

Tinha para si as palavras do ídolo: “Para não viver em portos, e navegar. Para fazer passar por suas janelas o mundo, e, um dia, voltar". Este era o maior dos sonhos.

Mas, Henrique tinha um grande problema: sendo menor de idade tinha de pedir tudo à mãe, Dona Eliza, e ela não gostava dessa história de ver o filho na água, sozinho.

Como quem tem espírito aventureiro sabe que o sangue está contaminado de forma crônica e esse espírito sempre fala mais alto, Henrique deu um jeito.

O grande galpão do avô foi o lugar perfeito para que tudo fosse preparado.

Não tinha os recursos e nem a chance de obter patrocínios como Amyr, mas tinha a mesma garra.

Sozinho, às vezes tendo a ajuda do avô, seu cúmplice na façanha, ia aprontando tudo. Aos poucos o barco foi recebendo alguma comida, água potável, GPS, bússola e todo tipo de equipamento, inclusive para reparos de emergência.

Finalmente chegou o grande dia. Henrique saiu escondido da mãe e com a ajuda de seu único cúmplice, o avô, lançou-se às águas, em direção à aventura.

Com o veleiro desatracado do píer, levantou vela e partiu. Poucos metros de navegação, por um descuido, a mochila com o GPS, a bússola e outros equipamentos de orientação, caiu na água. Perdidos!

Voltar? Desistir? Nem pensar.

Se voltasse no primeiro revés, jamais sairia de novo.

E lá foi ele. Coragem tinha de sobra. Apenas estava corroborando, mas só um pouco, com a fala de alguns amigos: faltava-lhe um pouco de bom senso.

O espírito aventureiro falou mesmo mais alto e ele sabia que, uma vez lançado às águas, velejaria ao sabor do vento, rumo ao desconhecido. Talvez uma aventura que nem mesmo o mestre Klink ousaria viver.

Navegando, afastava-se cada vez mais da terra. Pena que não iria muito longe naquele pequeno lago na chácara do avô.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Eriberto, o aventureiro

CavernaDepois de um cursinho intensivo de espeleologia, para aprender a conquistar cavernas de maneira segura e compra dos equipamentos corretos, como a super lanterna de led adquirida numa loja virtual, Eriberto julgava-se pronto para a maior aventura de sua vida.

O preparo físico também fora essencial para aquele grande empreendimento. O audacioso jovem contratou personal trainers específicos para cada área e se envolveu como nunca em exercícios de musculação, aeróbica, natação, corrida, yoga e tudo o mais.

Tinha de estar preparado e com mente e corpo em perfeito estado.

Estudou tudo nos mínimos detalhes com os expertos em cavernas, grutas e afins. Até com especialistas em segurança e guerrilhas, apelando para as Forças Armadas o jovem aventureiro se meteu.

E era preciso, haja vista que o terreno em que pisaria era por demais perigoso e o voo, a aterrissagem e o entrar na caverna só poderiam ocorrer na calada a noite, quando todos estivessem dormindo; assim ele teria mais chances de não ser surpreendido.

Se fosse surpreendido, a possibilidade de sair ileso era mínima e, assim todo cuidado era pouco.

Tudo arrumado, despediu-se da noiva, dos pais e levantou voo rumo à uma aventura incerta que, para ele, tinha um significado enorme: provar a todos que aquilo não era uma utopia e sim um sonho perfeitamente realizável se quem se dispusesse a conquistá-lo estivesse plenamente preparado. Eriberto estava.

Sobrevoou planando o território inimigo e conseguiu descer bem em frente àquela caverna sem que fosse notado. Até ali, tudo bem.

Tateou no escuro, afinal só poderia acender a lanterna já dentro da caverna, para não chamar a atenção. Apertou os olhos, visualizou a entrada da gruta e partiu sem medo, resoluto a conquistar seu sonho de desbravador.

Território nunca antes pisado. Uma vegetação totalmente estranha pendia de todos os lados da caverna - se é que aquilo podia ser chamado de vegetação. Algumas pedras pelo caminho, estranhas como a vegetação, pois pareciam pedras mas não eram tão duras assim.

Tudo aquilo não importava. Eriberto seguia em frente no firme propósito de atingir seu destino.

De repente um buraco enorme desenhava-se à sua frente. Totalmente preparado que estava, aquilo era algo já esperado e lá foi o jovem, descendo com cuidado até que estancou temeroso.

Tudo começou a tremer e a caverna parecia ter caído de lado. Muito estranho aquilo mas, quando parou, Eriberto estufou o peito e continuou sua estranha aventura.

Chegou a uma galeria enorme, de piso macio. Saindo daquele buraco - que continuava seguindo abaixo - entrou naquela galeria que era o seu destino maior.

Havia conquistado!

Fincou a bandeira e... e.... "Onde está minha máquina fotográfica"? Gritou desesperado como se alguém pudesse ouvi-lo. Esquecera-se da máquina.

Impasse. Como Eriberto iria provar, contrariando o velho ditado, que havia sido, via fossa nasal, a primeira mosca a entrar em uma boca fechada!?