terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Contos Twitteranos [15]

Contos TwitteranosContos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

Mico [3] (140 toques)
- Cara, ontem fui azarado por uma tremenda baranga. Descreveu a menina em detalhes e onde e como foi. – Era a minha irmã, disse-lhe o amigo.

282) Mico [4] (140 toques)
Aguardava o amigo e, de repente chega uma coroa bonitona. Ele a seca até deixá-la sem graça. Eis que chega o amigo e: - Oi mãe, Chegou cedo.

283) Férias (140 toques)
Chovia, e daí? Porta malas repleto de malas e bolsas - tudo para as férias. Azar! Pneu furado na estrada e o estepe embaixo de tudo aquilo.

284) Brincadeira errada (140 toques)
Ele quis brincar com a plateia: -Errar é humano, persistir é feminino. Só não se lembrou onde estava. Apanhou muito no clube das feministas.

285) Paquera errada (140 toques)
Ela o viu e deu em cima dele. Ele desviava. Ela tentou de novo, nada. – Você é gay? Atacou sem dar chances. – Não, sou padre, respondeu ele.

286) Sol na praça (140 toques)
Era a estátua mais bonita da praça. Vieram os homens da prefeitura e lavaram tudo. Ficou linda. O dia de sol ia ser radiante. Maldita pomba.

287) O sogro (140 toques)
Sempre deu preferência aos homens mais velhos. Foi conhecer o sogro, que enviuvara recentemente. Foi, conheceu, gostou e trocou de namorado.

288) Mega sena(140 toques)
Toda semana jogava na mega sena, sempre os mesmos números; há muitos anos. Cansou. Na hora de fazer o jogo, mudou os números. Deu! Que azar!

289) Estava apertado (140 toques)
-Pai, tô apertado! -Já vai filho, estou conversando. -Pai! -Calma filhão, é só mais um pouco. -Pai! -Pronto filho, vamos. -Não precisa mais.

290) Sadomasoquismo (140 toques)
Ela, masoquista, gostava de apanhar. Ele, sádico, gostava de judiar. Casaram-se e ela nunca mais apanhou. Assim ele a judiava. Puro sadismo.

291) Pescaria... (140 toques)
Domingo estava chegando. Tinha tudo planejado para um dia legal de pescaria. Chegou o domingo e, com ele, a sogra, o cunhado e os sobrinhos.

292) Bullying (140 toques)
Sofria muito bullying na escola. Até que resolveu recorrer ao pai: - Pai? - Fala idiota cabeçudo, quer o quê? - Hã? Não é nada não, esqueci.

293) O pintinho amarelinho (140 toques)
Foi com a filha a uma feira. Ganharam um pintinho lindo. Levaram pra casa e criaram com carinho e, 3 meses depois, às 4 da manhã: CÓCÓRICÓÓ!

294) Voando baixo (140 toques)
Aquele gavião só voava baixo, dava rasantes de causar inveja aos outros gaviões. Era coragem? Que nada, não sabiam que tinha medo de altura.

294) Touro? (140 toques)
Ao nascer imaginou-se o touro mais bonito e forte do pasto. Teria uma vida de glória. O sonho virou pesadelo quando o transformaram num boi.

295) Carro novo (140 toques)
Ao fazer 16 anos ganhou um carro do pai. Ficou louco por ele e já saiu para curtir. Brincou até as baterias do controle e do carro acabarem.

296) Cochilo (140 toques)
De repente acordou com a gritaria. Fez uma manobra brusca e evitou a colisão. Enquanto isso os passageiros exigiam que ele parasse o ônibus.

297) Final de semana prolongado (140 toques)
Rumo à praia. Mais de nove horas de estrada e chegaram com chuva. - Amanhã será diferente, disse o pai. Nada mudou nos três dias do feriado.

298) Passarinho? (140 toques)
-Mãe! Mãe! Gritavam as crianças - Prendemos um passarinho na cozinha. Vem pegar ele! A mãe viu e foi pedir ajuda ao vizinho. Era um morcego.

299) PS Municipal (140 toques)
Chegou ao Pronto Socorro com dor no pé torcido. Queria ser atendido logo, mas notou o problema: as 200 pessoas daquela fila queriam o mesmo.

300) Corno (140 toques)
Só cantava músicas sofridas, de corno. Fazia sucesso como cantor sertanejo e todos adoravam. Mas só ele sabia: era autoditada neste assunto.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Gravidez

Ilustração: Equipe Caricômicos Gravidez JAN2013

Olavo era um homem de manias, daqueles que têm necessidade de ter tudo arranjado da melhor forma possível para evitar surpresas ou contratempos.

Surpresa era algo que ele abominava. Eram insuportáveis, pois não davam tempo para se preparar e, invariavelmente, Olavo terminava com cara de bobo. Odiava isso.

Sempre metódico, levava uma vida sossegada e era sereno, tranquilo.

Mas essa calma durou só até o meio-dia daquela quarta-feira. Uma chamada telefônica da mulher dele, no escritório, foi a surpresa das surpresas.

- Querido, vamos ser avós! Ela está grávida!

Olavo caiu sentado, quase sem sentidos.

Não ouviu mais nada. Desligou o telefone sem entender como a mulher podia estar tão radiante com uma notícia daquelas.

Natália, a filha única do casal, estava cursando o oitavo ano do ensino fundamental, contava com somente 13 anos e positivamente não tinha idade para ser mãe.

Como conciliar os estudos, para a filha ser alguém neste mundo, com a gravidez, a maternidade e todas as responsabilidades que viriam? Era impossível, impraticável!

Saiu para a rua, andando a esmo. Perdido em um mundo de confusões, de pensamentos aleatórios que não faziam sentido, mas que fervilhavam em sua mente.

Queria concatenar as ideias, entender aquela situação, a reação da esposa. Nada fazia sentido.

Para ele, a filha sequer estava namorando. Bem, isso era algo que ele podia entender: com certeza estava de namoro escondido e com algum pilantra irresponsável que a abandonaria à própria sorte sem querer saber da criança ou, pior, iria propor um aborto - além de tudo, mataria seu neto e poria a vida da filhinha em risco. Nem pensar!

-- Ah se eu pego esse filho da mãe, esse aproveitador! Pensava, pensava não, gritava alto consigo mesmo, tentando arrumar algum culpado por aquela situação já que, evidentemente, a culpa não seria da filhinha querida. -- Certeza de que ela foi enganada.

Sem rumo, parou em frente a uma loja de artigos para bebês e começou a olhar as vitrines, imaginando se seria menina ou menino.

Caiu em si. Como não poderia fugir a esse destino, por pior que fosse, daria todo o apoio à filha. Não dava para ser diferente.

Entrou na loja e comprou um macacãozinho verde-água, uma cor que serviria para qualquer sexo, uma manta para envolver o beber e mais um par de sapatinhos. Tudo para o momento da grande saída da Maternidade, particular, claro. Não dava para imaginar a filha sendo atendida pelo SUS.

Depois foi a uma farmácia e comprou uma grande quantidade de fraldas descartáveis para recém-nascidos.

Chegaria a casa em grande estilo, mostrando para a filha que ela poderia confiar nele e que ela teria uma gravidez tranquila.

Guardou o carro na garagem, pegou todos os pacotes e entrou em casa com um grande sorriso nos lábios chamando:

- Cadê aquela menina linda que vai nos dar um netinho ou netinha para fazer brilhar ainda mais esta casa???? Cadêêê?????

Em resposta vê a mulher chegando toda contente, com a cadelinha Shi-tzu no colo:

- Olha Hanninha, o papai chegou todo contente também. Só porque a nossa garotinha vai ter filhotinhos.

E o coitado não se conteve:

- COMO?
- Quem está grávida é a cachorra?????????????

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Parassurfe

ParassurfeAo ler, no site Surf in Santos, uma matéria sobre trabalhos que possibilitam o surfe tornar-se um esporte olímpico, logo pensei nas paraolimpíadas (sim, sou avesso ao termo paralimpíada).

Respeito demais os atletas paraolímpicos, especialmente os aqui do Brasil que não possuem tanto patrocínio e realmente precisam vencer barreiras até intransponíveis para chegar às medalhas que conquistam.

Diga-se de passagem que a atuação de nossos paraolímpicos é sempre bem e melhor que a dos atletas olímpicos, para os quais é bem mais fácil a obtenção de patrocínio.

Mas, é hora de deixar as divagações de lado e voltar ao assunto.

O surfe, outrora marginalizado, é hoje um esporte praticado por toda classe de pessoas e ganhou um respeito que antes não tinha.

Há muito deixou de ser algo ligado às drogas e à vagabundagem para ser um esporte que prima pela saúde e pelo bem estar do corpo.

O estereótipo mudou e hoje o surfe é aceito como um esporte sério e já passou da hora de ele estar nas olimpíadas e, por isso, meu aplausos aos que trabalham em prol desta conquista.

Contudo, não só a Olimpíada pode adotar o surfe. A Paraolimpíada também pode. E deve.

Como disse no início deste texto, aqui mesmo no Brasil temos exemplos.

Estes exemplos estão em Santos também. Há o Val (Valdemir Pereira), o primeiro surfista deficiente visual, além de trabalhos com altistas, com portadores da síndrome de Down e outros. Esta constatação pode ser vista no documentário Santos Surf City.

Há também outros projetos como o surfe adaptado no Rio de Janeiro que nos mostra o potencial que nossos parassurfistas poderiam ter em uma paraolimpíada, pelo vídeo abaixo:

Então, por que não haver uma briga para que o parassurfe também faça parte desta festa?

Estou certo que não nos desapontariam.