quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Ano Novo

clip_image002Formavam uma família feliz. Fred, Carol e a pequena Bia, de quatro anos.

Passavam os dias, os meses, os anos e aquela família cada vez mais feliz. Tudo apontava para um futuro promissor.

Os 15 anos de Bia foram comemorados em grande estilo, em um dos melhores buffets da cidade.

Mais alguns anos se passam e Fred perde o emprego. A empresa falira, deixando todos os funcionários sem nada.

A família sofre uma inversão jamais imaginada. Antes tudo eram flores e, de repente, tudo vem abaixo.

Contas, cartões, dívidas, tudo acumulando e Fred entrando em desespero. Como garantiria a sobrevivência de sua amada família?

Certo dia, andando a esmo pela cidade, depara-se com um estranho que lhe oferece uma saída mágica para os problemas dele.

- Tome esta pedrinha, você parece estar precisando. Pegue, é de graça!

O bom sujeito ensinou-lhe a fazer uso daquilo e, minutos depois, Fred estava viajando, sentindo-se muito leve.

Saiu andando sem saber para onde ir. Com sede, parou em um bar para tomar água. Acabou querendo algo mais forte e optou por uma cachaça.

Voltou para casa tarde da noite, meio bêbado. Sem graça, prometeu à Carol que aquilo não mais se repetiria. Que fora apenas um momento de fraqueza.

Adormeceu cansado e com uma dor no peito, envergonhado.

No dia seguinte iria sair em busca de emprego. Saiu de casa resoluto, embora com a certeza de que a tarefa não seria nada fácil.

Infelizmente a premissa tornara-se verdadeira. Nada!

Nova pedra, outra e outra. Novas doses de cachaça ou conhaque e Fred não era mais o mesmo.

Muito mais tarde da noite, caiu em si. Mais do que envergonhado, decidiu que não poderia voltar a casa e encarar a esposa e a filha.

Mesmo nos piores momentos não poderia sequer imaginar ser um fardo que as duas fossem obrigadas a carregar.

Ele ficou por ali, sobrevivendo a cada dia.

Carol e Bia desesperavam-se sem notícias. Onde poderia estar?

Hospitais, IML, polícia, Prontos Socorros... tudo em vão. Não havia qualquer pista dele.

Mesmo com o passar dos anos, a dor do sumiço não amainava. Viver sem saber o que havia acontecido era terrível.

Com muito custo, por causa da burocracia, Carol conseguiu vender a casa, comprou um apartamento menor e pôs as contas em dia com o que sobrara.

Passaram a viver mais comodamente. Apenas a dor da perda persistia.

As duas trabalhavam, Bia fazia faculdade à noite e, nos tempos livres, sempre deixavam espaço para a procura por Fred, um ótimo marido e pai. Aquele amigo inquestionável e precioso fazia muita falta.

- Se tivesse morrido, ao menos saberíamos dele, mas, sumido? Reclamava uma Bia chorosa.

Ignoravam que ele, uns 30 quilos mais magro, virara um zumbi na cracolândia.

Álcool e todo tipo de droga minaram-lhe a existência e acabaram com suas forças.

Uma noite, algumas freiras, ligadas a São Francisco de Assis, aproximaram-se do grupo em que Fred estava.

Enquanto a maioria distribuía sopa e pão, uma outra começou a contar uma história.

Fred identificou-se com o protagonista da história contada e viu ali uma saída para aquela vida miserável - se é que alguém pudesse chamar aquilo de vida.

Levantou-se, dirigiu-se até a freira e disse que queria mudar de vida; que precisava de ajuda.

Os meses seguintes foram determinantes. Internado em uma clínica, comeu o pão que o diabo amassou até desintoxicar-se.

De volta ao convento, passou a cuidar do jardim e da horta e, à noite, saía com as freiras para ajudar os necessitados.

Havia ali um novo Fred. Envelhecido, magricela e acabado, mas um novo ser, alguém que já começava a ver um futuro mais risonho pela frente.

Só não procurava a esposa e a filha pelo temor que tinha de ser rejeitado, afinal abandonara-as quando mais precisaram. Fora fraco e tinha vergonha disso.

Logo após o Natal, uma jovem entra no convento com o marido e a pequena filha no colo.

Haviam ido comprar alguns artesanatos para presentear uns amigos que iam encontrar antes do Ano Novo.

Fred viu a cena e uma lágrima escorreu de seus olhos - via ali a si próprio com a Carol e a pequena Bia.

A moça, ao olhar para aquele velho franzino, todo cheio de marcas que um tempo ruim havia deixado, entregou a criança ao marido e foi em direção a ele.

Parados, sem se falar, ela o abraça forte. Bem forte.

Apenas uma palavra sai de seus lábios, com muito esforço e depois de uns dez minutos abraçando aquele senhor:

- Pai!

Aquele seria um réveillon diferente. Bem diferente.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Contos Twitteranos [25]

Contos TwitteranosContos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

481) Bichinho de estimação (140 toques)
Exigente, queria um cãozinho que não sujasse, banho só às vezes e veterinário nunca! Que não precisasse sair ou latisse. Comprou de pelúcia.

482) Jovem enxadrista (140 toques)
-Agora sei jogar xadrez! Alardeou desafiando o primo, que recusou. Perturbou. Desafio aceito! Um pastorzinho e a festa terminou em 4 lances.

483) Bola da Copa 1 (140 toques)
Reuniram o que tinham e mais um pouco. Brazuca comprada, estreia no campinho. No primeiro chutão ela cai na caçamba do caminhão que passava.

484) Bola da Copa 2 (140 toques)
Vaquinha feita, compram a Brazuca. Ela no centro do campinho. A garotada olha orgulhosa. Linda, novinha e cara. Guardam e jogam com a velha.

485) Briga na escola (140 toques)
Hematomas. O pai pergunta: - Como ficou o outro cara? - Vixi pai, dei várias queixadas no punho dele. Deve estar com a mão doendo até agora.

486) Bilheteiro folgado (140 toques)
Atrás da mulher ele vai gritando: - Olha a vaca! O marido vê a cena e pede o bilhete. – Tenho não moço, foi a resposta. Nunca apanhou tanto.

487) Indulto de Natal (140 toques)
Saiu rindo do sistema. Roubou e divertiu-se com as caras das vítimas. Queimou tudo no crack. Voltou inocente. Ia aguardar o próximo indulto.

488) Bolsa família (140 toques)
Da rede ouviu a mulher reclamando que ele não fora buscar o dinheiro. – Ô mulher, a culpa é do Governo que nos obriga a pegar fila no banco!

489) O reclamão (140 toques)
Já acordava reclamando. Tudo era motivo para broncas. Certa noite, após um sonho, acordou de bom humor, sorrindo. O dia foi ótimo. Aprendeu.

490) O caçador (140 toques)
Saiu do acampamento para caçar. Viu uma anta, com filhotes. Um macaco, com filhotes. Um porco do mato, filhotes. Voltou carregado de frutas.

491) O garanhão (140 toques)
Profissional da paquera, escolhia as palavras e só dizia aquilo que elas queriam ouvir. Um dia apaixonou-se. Calou-se sem saber o que dizer.

492) Namoro terminado (140 toques)
Ela pegou o Betão aos amassos. Algo inadimissível. Chorando, correu para se desabafar com a melhor amiga. - Flagrei o Betão com o meu irmão!

493) Assaltos (140 toques)
Os assaltos corriam soltos. Vários acontecendo, o povo gritava e a polícia nada fazia. Só pararam quando terminou o Festival de Boxe Amador.

494) Árvore frutífera (140 toques)
Não conhecia plantas, mas plantou as sementes de laranjeira que ganhara. A semente brotou e cresceu. Só estranhou ao ver os frutos: goiabas.

495) Ovelha negra (140 toques)
Ovelha negra da família. Feio, pobre e azarado, ninguém queria saber dele. Todos o ignoravam. Tudo mudou quando ganhou na mega-sena sozinho.

496) Lua de mel (140 toques)
Maria guardara-se para a Lua de Mel. Após o casamento, rápida recepção na casa da tia. Partiram, Lua de Mel. Porcaria de maionese estragada.

497) Fim do mundo (140 toques)
O boato corria forte. Ele acreditou que o mundo ia mesmo acabar. Preocupado, pensou em matar-se para não sofrer. Mais uma vez, era só boato.

498) Os caranguejos (140 toques)
Parou na estrada pra comprar caranguejos. Estavam mortos. O caiçara disse serem frescos. Abatera pra não sofrerem. Comprou. Partiu diarréia.

499) O cassino (140 toques)
Foi ao cassino com um mil reais. Duas horas depois estava com 15 mil. A mulher pediu para saírem. –Tá louca? Mais 30 minutos, estava a zero.

500) No bingo (140 toques)
Pela primeira vez não acreditava no que via. Estava ganhando como nunca. Ao levantar-se pra sair, batida. A polícia entra e a festa termina.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O presente de Natal

clip_image002Conto baseado em uma antiga parábola

Beto sempre foi muito amado pelos pais e, até por isso, mimado.

Os pais, posseiros, trabalhavam duro em uma gleba com cerca de um hectare - ou 10 mil metros quadrados, para quem não conhece as medidas do campo.

Dali tiravam o sustento da família composta pelos pais, o Beto e mais três irmãos mais jovens.

Plantavam de acordo com a temporada, sempre fazendo um rodízio para não cansar o solo e garantir uma maior produtividade. Sol a sol, sem descanso.

No terreno havia a casinha da família, um galinheiro, um chiqueiro e um celeiro não muito grande, mas suficiente para o pai guardar ali todas as ferramentas que possuíam.

Os pais haviam feito uma promessa a si próprios e a São José, padroeiro dos agricultores: os filhos estudariam e não teriam aquela vida sofrida que os fazia envelhecer precocemente. Os filhos seriam “doutores”.

Claro que, desde cedo, as crianças ajudavam nos tratos da roça, até porque não poderiam ficar sozinhas em casa sem quem delas cuidasse.

A vida era dura. Acordavam às 4 horas da manhã, tomavam um rápido café preto com pão e partiam para a lida. A mãe ainda ficava um pouco na casa para cuidar do almoço que era levado até eles com a ajuda dos pequenos. Afonso e os filhos mais velhos, Beto e Alaor, desde cedo cuidavam do cultivo. Os filhos só paravam para irem à escola.

Os mais jovens, enquanto a mãe preparava o almoço, iam dando milho às galinhas, completavam a água dos porcos e jogavam, nos comedouros do chiqueiro, tudo que era resto de comida e o que mais fosse comível.

Durante a tarde, invariavelmente, o filho do vizinho passava com a charrete e lá iam, Beto ou Alaor, acompanhando-o até a cidade para buscarem restos de comida para dar aos porcos das duas propriedades. Assim complementavam a alimentação dos bichos.

Mimado, Beto era meio rebelde no trato com os pais, mas isso, para os pais, era compensado pelos estudos. Ele não queria aquela vida para si e assim estudava sempre que podia e tirava ótimas notas.

Garantiria seu futuro.

Ao completar 19 anos, Beto, já formado nos ensino médio, partiu em busca de um futuro melhor. Conseguiu uma bolsa na faculdade e foi morar na cidade grande.

Trabalho de dia e estudos à noite. Não tinha descanso, mas sabia que era a melhor aposta para garantir um bom futuro.

No final do ano, férias, voltou para a casa dos pais duas semanas antes do Natal.

E chegou reclamando da vida, afinal todos os amigos iam de carro para a faculdade e ele, de bicicleta. Era vexatório.

Os pais pediam-lhe calma, pois tudo aquilo, um dia, se ajustaria.

- Como? Bradava ele. - Vocês vivem esta vidinha aqui, sem qualquer perspectiva de futuro. Parem de sonhar. – Eu queria é ter um pai rico que gostasse mesmo de mim e me desse um carro no Natal. Isso sim é sonho!

O pai, cabisbaixo e sem ter o que falar, retirou-se para o quarto.

A mãe foi chorar na cozinha, desabafando no fogão à lenha.

Os irmãos olhavam para Beto com muita raiva. Logo ele, o mais privilegiado de todos reclamava daquele jeito, sem reconhecer tudo o que os pais fizeram e faziam por ele e por todos.

Noite de 25 de dezembro, reunidos em torno da árvore de Natal, os pais entregam os presentes aos filhos.

Ao Beto coube a chave do celeiro com um pequeno cartão de natal que dizia:

-- Amado Beto, a você entregamos nosso celeiro e é seu tudo o que há dentro dele. Esperamos que você possa aproveitar muito. Amamos você. Afonso, Marlene e seus irmãos. FELIZ NATAL!

Beto foi tomado por um acesso de raiva. Não acreditava que os pais estavam fazendo aquilo - dar-lhe o celeiro e todas as ferramentas? Para quê se tudo o que ele queria era estar longe daquela vida?

Dia seguinte, ainda com raiva, partiu logo cedo de volta para a cidade. Queria esquecer aquele Natal em família. Família? Pois sim.

Definitivamente o Natal de 1993 seria apagado da mente dele.

Transcorridos 10 anos, Beto, já formado e trabalhando como um dos melhores advogados daquele escritório de advocacia, recebe uma ligação inesperada.

Era Alaor informando que Afonso estava nas últimas e pedia para ver o filho mais velho que, desde aquele Natal, não vira mais.

Toda aquela lembrança veio à mente de Beto e sentiu um certo remorso pelo que havia feito - na época não entendera o gesto dos pais e tudo, de repente, caiu como um balde de água gelada.

Como pudera fazer aquilo? Tinha de reconhecer e respeitar os limites dos pais, afinal eles não tinham estudo e sacrificaram-se pelos filhos.

Beto voltou ao sítio dos pais com um aperto no coração.

Não chegou a tempo de ver o pai vivo. Afonso, antes de morrer e prevendo que não iria ver Beto, deixou-lhe um bilhete.

-- Meu filho, o celeiro ainda é seu. Faça ao menos um favor ao seu velho, entre nele, veja o que há por lá, se alguma coisa ainda lhe servir, use. Se não, dê aos seus irmãos – só você poder fazer isso, pois tudo lá é seu.

Com o coração apertado, Beto entrou no celeiro e viu, ainda com os laços azuis, um gol prata, ano 1993, 0km. Junto um carnê de consórcio com 60 prestações pagas, a maioria com atraso.

Beto chorou ao entender o por quê de os pais nunca terem dinheiro.

Sentiu que era tarde demais.Como poderia agradecer por aquilo?

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Bonecamania

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Aos 12 anos, a mania por bonecas ainda estava arraigada.

Toda hora de folga era um tal de vestir e tirar roupinhas, montar cenários com as casinhas de boneca, comidinhas... tudo era motivo da maior diversão.

As amiguinhas também curtiam. As reuniões eram diárias e as brincadeiras rolavam até tarde.

Quando uma boneca nova era lançada, a febre era intensa. Boneca nova era sonho de consumo e status no grupo.

Depois da compra, sempre havia o batizado, a festinha com madrinhas e padrinhos muito bem vestidos para a ocasião.

Na mochila da escola, a boneca era uma presença constante, especialmente a Barbie preferida, uma espanhola chamada Cristina.

Cristina, companheira inseparável, ia todos os dias para a escola e, claro, tomava o tempo da turminha no intervalo

Era o “Clube da Boneca”, clube fechado que se isolava de todos os alunos.

Claro que também aconteciam outras brincadeiras como pular corda; passa anel; gato mia; amarelinha, mas a preferida era a brincadeira com as bonecas, as quais sempre falavam mais alto.

Em uma tarde qualquer, assistindo à TV, aconteceu.

De repente, o anúncio de uma boneca que não só falava, mas respondia às perguntas. Como aquilo era possível?

De imediato, com um olhar de súplica, voltou-se para a mãe e, antes que pudesse falar algo, a mãe, percebendo as intenções, soltou:

- Eu não posso decidir. Isso já foi combinado e, se quer mesmo essa boneca, vai ter de falar com seu pai.

Foi um balde de água gelada. Não só teria de aguentar até o início da noite, quando o pai chegasse a casa, como também havia um receio a ser vencido. O pai, certamente iria dar uma bronca por querer outra boneca.

Saiu de casa na esperança de encontrar uma das amiguinhas, para desabafar. Ninguém!

Sentou-se em um banco qualquer na pracinha e lá ficou com um ar de incerteza e ansiedade.

Um senhor, vendo aquela cena, aproximou-se, sentou-se e puxou conversa.

Muito amável, demais até, mostrou-se preocupado com aquela carinha triste.

- Que houve? Nenhuma criança pode ficar com uma carinha triste asssim.

- É por causa da Sissi. Respondeu.

- Hã? Quem é Sissi?

- Uma boneca nova que conversa com a gente. Eu quero muito, mas minha mãe disse que seu quiser, terei de pedir pro meu pai.

O senhor, muito interessado, disse que poderiam ir juntos até a loja para ver a Sissi de perto.

- Vamos lá? Talvez eu possa comprá-la para você. Meu carro está aqui perto.

Uma mistura de ingenuidade e vontade de ter a boneca fez com que acompanhasse aquele senhor simpático.

Ao aproximarem-se do carro, avistou Bia que vinha saindo da farmácia com a mãe.

Chamou-a e, ao contar a novidade e o que estava acontecendo, notou que o semblante de dona Marlene, mãe de Bia, mudara bastante.

Para ela havia ficado clara qual a intenção daquele senhor tão “simpático”.

O homem, ao notar a situação, entrou no carro e desapareceu.

A mãe de Bia tratou de esclarecer o fato. O homem, na verdade, era um pedófilo e não dava para saber quais suas reais intenções. Mas, com certeza, nada boas.

Salvação vinda aos 48 do segundo tempo.

A volta para casa foi pesada. Havia uma confusão naquela cabecinha.

Mas, foi só o pai chegar para tudo melhorar.

Bem, quase tudo. Havia ainda a questão do medo em falar sobre a boneca nova com o pai.

Mas a vontade era maior que o medo.

Depois de todos os acontecimentos narrados e o porquê explicado, o pai lhe diz:

- Venha. Sente-se aqui ao meu lado.

E, depois de uma pausa, que pareceu uma eternidade para a pobre criança, um pai ressabiado, um tanto desgostoso e lamentando muito aquela fixação por bonecas que parecia ter um destino certo que ele não queria admitir, termina:

- Você quer mesmo essa boneca? Pense bem, não prefere um carrinho ou uma bola, meu filho?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Tributo a Nelson Mandela

Nelson MandelaCom base na música MULHERES DE ATENAS, de Chico Buarque, minha homenagem a um grande homem - alguém que os políticos brasileiros podiam muito bem imitar.
Que belo país seria esse se isso acontecesse!

Cantem junto:
http://www.youtube.com/watch?v=MabbVn0Rlv4

O HOMEM DA ÁFRICA

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu para os seus queridos
Orgulho das raças, africanas

Suas ações amadas, continuam
Se banham na dignidade, se arrumam
Não são pra molengas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas; cadeias

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu para os seus queridos
Poder e forças africanas

Quando ele levantou os punhos, cerrados
Eles mostraram a força dos coitados
Mil apartheids
Enquanto eles segregam, eles sedentos
Querem acabar com os sofrimentos
Convívios plenos, não obscenos

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu para os seus queridos
Deu a vida às raças, africanas

Enquanto eles veem o povo como povinho
E costumam roubar o cofrinho
Até das crianças
E no fim dos mandatos, como ricaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, fraudulentas

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu com exemplos queridos
Liderando as raças, africanas

Ele não tinha gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade;
Tinha medo apenas
Que os políticos só vissem seus próprios umbigos
O homem mau, interesseiro, rouba
Corrompe em quadrilhas, poderes

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Daria vergonha aos políticos
Se vergonha na cara tivessem

E ele viveu com as pessoas marcadas
Gritou pelas abandonadas
Pobres sofridas
Travestiu-se de herói, sem medo
Nada quis pra si, era pro povo
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, distinto
No Brasil podia servir de exemplo
Envergonhando os eleitos

sábado, 30 de novembro de 2013

Contos Twitteranos [24]

Contos TwitteranosContos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

461) Sonho realizado (140 toques)
Sonhava com ela. Via-se em passeios, finais de semana inteiros e sempre com ela. Tudo virou realidade quando ganhou a tão sonhada bicicleta.

462) A reclamona (140 toques)
Ela vivia reclamando de tudo. Nada nunca estava bom. Era só choro. Não conseguia ver o lado bom da vida. Triste. Assim, jamais seria feliz.

463) O risonho (140 toques)
Ser feliz era fácil pra ele. Procurava só ver o lado bom de tudo. Não permitia a atuação do negativo. Se não podia rir com a vida, ria dela.

464) Ex-hippie (140 toques)
Considerava-se hippie. Cabeludo, barbudo, maltrapilho, paz e amor. Cansado, cortou os cabelos e a barba. Descoberto, virou um modelo famoso.

465) Na praia (140 toques)
A lua cheia iluminava os dois corpos ardentes, prateando as areias brancas da praia deserta. Beijos, abraços e na hora H: -Ai! Maldito siri!

466) No mar (140 toques)
Quando viu as garotas entrando no mar, furou para as ondas. Fez de tudo, exibindo-se. Mergulhou, nadou... só não viu as águas-vivas boiando.

467) No senado (140 toques)
Em Brasília, foi ao senado. Queria ver os representantes do povo trabalhando. Chegou às 14h daquela quinta-feira. Viu a faxineira faxinando.

468) Praia de nudismo (140 toques)
O dia prometia. Sol, praia, mulheres nuas. Sim, “partiu praia de nudismo”. Queria experimentar, ver como se saia. Horrível. Só havia homens.

469) Carga pesada (140 toques)
Parou, olhou pra cima e viu aquela montanha enorme. Ajeitou a carga pesada às costas e subiu. Sem cansar, alcançou a entrada do formigueiro.

470) Blecaute (140 toques)
Blecaute, nada de luz acesa. Nuvens pesadas escureciam a cidade. Ele, com a moto de farol quebrado, cortava rápido as ruas. Bom que era dia.

471) Político (140 toques)
Elegeu-se querendo “consertar a cidade”. Tomou posse com um belo discurso. Na primeira sessão aprendeu: tinha de “dançar conforme a música”.

472) O pastor (140 toques)
A igreja era uma portinha com boa intenção em ajudar. Um ano, duas portas e intenção em ajudar. Três anos, várias portas e franquias. Ajuda?

473) Mundo animal (140 toques)
Ele, galinha e fama de garanhão. Ela, galinha e fama de piranha. Viviam em um estranho mundo animal no qual os iguais eram muito diferentes.

474) Maconhado (140 toques)
O pai chama o filho e diz: - O Rex me disse que você está fumando maconha. – Pai, você conversa o nosso cachorro e sou eu quem está fumando?

475) Só? (140 toques)
As visitas foram embora do escritório. Enfim só, corre ao banheiro sem tempo de fechar a porta, senta-se... e ouve: - Oiêê, esqueci a bolsa.

476) Papo de doido (140 toques)
-Ei! -Hã? -Ó o auê aí! -Como? -É! -O quê? -Tá o maior auê! -Onde? -Aí! -Aí? -Aqui não, aí! -Ah sei. -Sabe? -O quê? O auê. -Ah tá, então fui!

477) O esportista (140 toques)
Determinado, iria percorrer 20km. Só uma dúvida: iria a pé ou de bicicleta? Pensou bem e tomou a decisão num piscar de olhos e foi de carro.

478) Gordo eu? (140 toques)
Pelas fotos viu que estava gordão. Não podia ser. Trabalhou muito para emagrecer. Conseguiu um ótimo resultado depois de horas no photoshop.

479) Cooper (140 toques)
Para descansar da correria em casa, levou Cooper, o Border Collie, à praia. Lá ele brincaria solto. O bicho fugiu. Meia hora correndo atrás.

480) O ladrão (140 toques)
Ao pular o muro, apareceu o cachorro latindo muito. “Cão que ladra não morde” – pensou. Aprendeu que cão que ladra não morde enquanto ladra.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A Lei de Murphy

Lei de Murphy

1) Edward A. Murphy
2) “Lady Murphy” - imagem cedida por Bruno Omena

Reza a Lei de Murphy que quando não é para dar certo, não dá mesmo, não importa o que se faça ou o quanto se prepare.

Bem, o azarado do Laerte é um legítimo representante dessa afamada lei. Com o coitado, nada dava certo e isso desde quando nasceu.

Começou sendo gerado meio sem querer, depois de uma festa e uma tremenda bebedeira.

Nasceu de qualquer jeito, auxiliado por uma parteira que não sabia se segurava o charuto ou a criança que estava chegando.

Aos trancos e barrancos o tempo foi passando e Laerte foi crescendo, virou criança, pré-aborrecente, digo, adolescente e entrou na fase adulta.

Tinha planos de estudar, queria ser alguém na vida e, com 18 anos... partiu vestibular.

Doce esperança que se esvaiu rapidinho. Na real, partiu mesmo foi para o exército.

Embora quisesse muito ser dispensado para poder dedicar-se aos estudos, a Lei de Murphy falou mais alto. Foi convocado e, para piorar, transferido para servir na Amazônia.

Amazônia, calor de mais de 45 graus, mata densa, larvas de bichos no almoço, chuva, malária e tudo o mais que somente um azarado como ele poderia ter.

Laerte não tinha sossego.

Além de tudo o que tinha de passar, ainda era zoado pelos colegas de farda.

Quando montava guarda, o pessoal fazia fila para perturbá-lo com piadas de mau gosto, sustos, bichos e outras mazelas. Tudo para ele não ter paz.

Por ter sido preso algumas vezes, normal já que nada dava certo mesmo, passaram uns dois anos até dar baixa.

Voltou para casa todo satisfeito. Iria encontrar a Rosinha e, enfim, reatar o namoro, já imaginando-se casado com aquela doce menina, namoradinha de outrora para quem tantas cartas escrevera.

Entrou em seu quarto, jogou-se na cama para matar saudade da velha amiga. A amiga não aguentou: quebrou o estrado. Tudo bem, ficou por ali mesmo - estava em casa!

Antes que a preguiça falasse mais alto, levantou-se de um salto, pegou a toalha, trancou-se no banheiro para tomar um belo banho. Iria todo perfumado ver a razão de seus sonhos, a futura mãe de seus filhos.

Animado, despiu-se, entrou no box, abriu o chuveiro e.... água fria. Resistência queimada.

- Mãe! Gritou ele. – O chuveiro queimou. Há outra resistência por aqui?

- Hiii filho... não tem não e hoje é domingo e o “seu” Humberto já fechou. Só vamos poder comprar outra amanhã.

Não teve jeito. Banho gelado. A Rosinha merecia.

Tomou banho o mais rápido que pôde. O resto compensaria com desodorante e perfume.

Enxugou-se pegou o desodorante e deu uma boa esborrifada na axila direita. Depois o mesmo para a esquerda... só que não. Acabou o desodorante.

Pegou um outro, da mãe, com perfume nada a ver e usou na esquerda. Ficou meio esquisita aquela mistura de cheiros mas... tudo bem.

Vestiu-se e foi ter com a Rosinha.

Quando a viu, o coração bateu rápido. Rápido? Nada disso, super rápido.

Ela caminhava pela praça na companhia de um rapaz, decerto algum primo, pensou ele.

Quando chegou perto, Rosinha abriu um sorrisão de quem tinha alegria de ver alguém do passado, sorriso tipo matando a saudade.

Ele estampou um sorriso maior ainda e quando foi beijá-la, ela rapidamente apresentou o “primo”.

- Oi Laerte, quanto tempo! Este é Rogério, meu marido.

E o mundo desabou.

Não era possível. Aquilo jamais poderia acontecer.

O casamento de Rosinha fez passar pela cabeça do pobre coitado todas as mazelas que vivera em sua vida.

Bombas na escola, aniversário frustrados, calças rasgadas em más horas e outras tantas.

Aquilo não era vida, chegara a hora de dar um basta. Não aguentava mais.

Sem muita coragem, mas superando qualquer sentimento contrário à decisão tomada de pôr um fim naquilo, tomou uma boa dose de conhaque abriu a janela da sala de seu apartamento e, sem ver mais nada, foi em frente com aquela decisão que Lei de Murphy alguma jamais poderia atrapalhar.

Era a hora do basta: iria vencer a maldita lei que sempre o impedira de fazer o que queria, de ser feliz.

Não considerava o suicídio uma covardia. Era, antes, fuga de uma vida perturbada por planos nunca concretizados, sonhos irrealizados e amores platônicos.

- CHEGA! Gritou a plenos pulmões enquanto se atirava através da janela para estatelar-se no chão.

Ouviu-se um barulho seco e, na sequência, um grito misto de dor e lamento, seguido de brados de reclamações.

Laerte, com dor no braço, amaldiçoava o fato de morar no andar térreo.

sábado, 26 de outubro de 2013

Recuperando um pen drive

Antes de arrancar os cabelos, chutar o balde e jogar o pen drive pela janela, só porque ele parou de funcionar, assista ao vídeo abaixo.

Visite meu canal no YouTube. Participe dele:


http://www.youtube.com/user/Cahefreire

sábado, 19 de outubro de 2013

Contos Twitteranos [23]

Contos TwitteranosContos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques
.

441) Ator... sqn (140 toques)
O sonho era ser um ator famoso. Trabalhar com sucesso em frente das câmeras. Sem jeito, limitou-se a papagaio de pirata em noticiário local.

442) Esposa cansada (140 toques)
A mesma coisa toda noite: esposa estava cansada querendo dormir. Não tinha jeito. Um dia ele chega cedo e a pega cansando-se com o Ricardão.

4430 Bonecas (140 toques)
Curtia brincar com bonecas. Roupinhas, casinha, comidinha... tudo era festa. O pai, cansado, reclamou: - não prefere um carrinho, meu filho?

444) Bate papo (140 toques)
Conectado, o casalzinho abusava do Whatsapp. Durante um passeio juntos, a bateria dele pifou. Calaram-se até comprarem uma nova no shopping.

445) A sova (140 toques)
Bateu! Bateu mais uma vez. Surrou o quanto pôde. Foi uma sova daquelas. – Basta! - gritou a mulher - a massa já está boa. Vamos assar o pão.

446) Gol do campeonato (140 toques)
Na véspera da decisão ele sonhou com o gol do título. Último lance do jogo, 0x0 no placar e a bola vai na cabeça dele. GOL! Pena que contra.

447) Cadê ele? (140 toques)
Cama feita com carinho. Lençol de seda cobrindo o colchão macio. Calorzinho bom, camisola curtinha. Só falta ele. Onde estará o travesseiro?

448) Nômade (140 toques)
Vida nômade não é fácil. Vivia pulando em busca do melhor, com comida farta. O pior era a hora do banho: como pulga era horrível no petshop.

449) Vida (140 toques)
Saiu para comprar cigarros. Foi pensando na vida e na filha por nascer. Viu-se apreciando o bonito dia. Recusou os cigarros e comprou balas.

450) O nerd (140 toques)
Zoavam com ele por ser nerd. Não lhe davam folga. Formados, foram buscar uma colocação no mercado de trabalho. Viram o nerd “sendo buscado”.

451) Dentes (140 toques)
A mãe brigava e ele fugia. Nunca escovaria os dentes. Os anos de foram e os dentes também. Então percebeu: não valia a pena escovar o dente.

452) Domingo de ramos (140 toques)
Fim da balada. Manhã de um domingo de ramos. Apertado, foi até uma árvore. Aliviava-se quando um grupo de carolas católicas virou a esquina.

453) Núpcias (140 toques)
Correria na véspera do casório. No dia não pararam: cartório, igreja, festa até altas horas. Enfim a sós no hotel. Não dormiram. Desmaiaram.

454) Salto alto (140 toques)
Toda elegante, em cima do salto agulha, ela passa desfilando pelo grupo de rapazes e moças. Esnobando, não nota o salto preso no buraquinho.

455) Gatos (140 toques)
A vizinhança do barraco sempre cheia de gatos barulhentos. Acordou naquele sábado estranhando o silêncio. Nenhum gato. Era dia de churrasco.

456) O playboy (140 toques)
O pai, grande empresário. O filho, grande playboy que sabia gastar como ninguém. Um dia o pai morreu e ele ficou à frente da empresa. Faliu.

457) O presente (140 toques)
Dia das crianças. Ele ganha um presente do padrinho. Abre afoito o pacote e se depara com um patinete. Seria legal se ele não fosse um saci.

458) Bilhete de amor (140 toques)
Ela achou um bilhete à porta. Juras de amor do Pedrão. Foi procurá-lo toda alegre, cheia de si. Deu-se mal. O bilhete era para o irmão dela.

459) Garoto esnobe (140 toques)
Ele chegou no grupo de amigos dizendo que o pai tinha isso e aquilo. Era rico e tinha de tudo. O mais humilde pergunta: você tem amigos? Hã?

460) Sonho de carreteiro (140 toques)
Sonhava em cortar o Brasil dentro de sua carreta. Conhecer cidades, pessoas, novos lugares. Acabou com um pau-velho fazendo o vira no porto.

domingo, 13 de outubro de 2013

Eu queria ser...

C&REu queria ser as asas que a fazem voar...
O oxigênio que a deixa respirar...
A força motriz que faz seu coração bater...
A felicidade que faz sua lágrima escorrer...

Eu queria ser o amigo procurado...
O amor compartilhado...
O ombro amigo para você se apoiar...
O ouvido sincero para seu desabafar...

Eu queria ser a mais linda paisagem que seus olhos avistem...
A canção mais bonita que seus ouvidos escutem...
O mais doce sabor para acariciar seu paladar...
A mais macia das relvas para seu corpo se deitar...

Eu queria ser importante para você...
Seu namorado enquanto viver...
Seu amor sem nunca esmorecer...
Seu marido apaixonado para com você conviver...

Mas, o que eu queria ser não importa
Importa é o que sou e o que tenho
Sou seu marido namorado
E tenho você ao meu lado.

domingo, 6 de outubro de 2013

Triste fim do Homem-Aranha

clip_image002Guilherme, de apenas quatro anos, havia incutido na sua cabeça que era o Homem-Aranha, personagem favorito de todos os heróis que conhecia. Incutido era pouco. Para sua mãe era algo doentio e isso a preocupava.

Para tentar tirar a mania da cabeça do Gui, a mãe sempre brincava de super-herói e ela, invariavelmente, escolhia ser o Homem-Aranha, obrigando o menino a escolher um outro herói.

Sabendo que se não fizesse isso, a brincadeira com a mãe não rolaria, ele, claro que não sem antes reclamar e muito, abria mão e escolhia um super-herói qualquer.

Na escolha não importava muito qual seria. Poderia ser o Super-Homem, o Thor, o Aquaman, o Hulk... qualquer um, pois não faria diferença. O importante era brincar com a mãe.

Wanessa, a mãe do Gui, sempre preocupada com as manias do garoto, levou-o a uma psicóloga para que ela analisasse o caso.

“Tia Ally” como ela carinhosamente apresentou-se ao Gui, logo ganhou a confiança do menino e, de cara, tornaram-se grandes amigos. Ela soubera conquistá-lo e, com isso, fazer o jovenzinho abrir-se para ela.

Diagnóstico: aquilo era apenas uma fase, algo que passaria com o tempo, com a chegada da escola na vida do menino e com as novas experiências que vivenciaria. O tempo seria determinante, o remédio ideal.

Mas a mãe queria acabar logo com aquilo, já que era um verdadeiro incômodo. Não podia vestir qualquer outra roupa para saírem – tinha de ser a do Homem-Aranha.

Com isso o guarda-roupa de Gui estava abarrotado de roupas do personagem favorito.

Festa? Fosse qual fosse, lá ia o Gui de Homem-Aranha. Para a mãe, algo chato já que as amigas comentavam que ela não tinha poder sobre o filho, que o filho mandava nela etc etc etc.

Ela sabia que eram fofocas de quem não tinha mais o que fazer, mas, mesmo assim, tomou uma resolução definitiva.

Ignorando os conselhos da psicóloga, ela começou a agir, por conta própria, para que o menino perdesse aquela mania.

Tanto fez que em uma tarde chuvosa, presos em casa, ela lançou a ideia ao garoto: - Vamos brincar de super-herói? Quem você quer ser?

Mais que depressa e sem pestanejar, veio a resposta: Homem-Aranha, hoje eu que vou ser o Homem-Aranha.

Wanessa, já esperando por aquela resposta, começou a falar maravilhas sobre o Wolverini. Tirou do armário uma fantasia que havia feito especialmente para a ocasião e mostrou-a ao menino.

- Puxa mãe, ficou muito legal a roupa do Wolverine mas... - Mãe. Desta vez. Só desta vez, posso escolher o herói que eu quiser?

- Por que filho?

- É que hoje pode ser minha despedida do Homem-Aranha.

Aquilo mudou tudo. Pensando que a mania de Homem-Aranha do filho estivesse acabando, ela permite, seria um bom teste para comprovar.

- Legal mamãe. Então eu vou ser o Homem-Aranha!

- Como, Gui? Pensei que você tivesse esquecido disso - tentou uma última vez.

- Mas, mamãe, assim você pode vencê-lo. Ele morre no final da brincadeira e eu nunca mais vou ser o Homem-Aranha.

- Ah bom. Falou uma mãe compreensiva e meio derrotada. - Se é assim, está bem.

- Até já sei como ele morre. Continuou Guilherme. - Ele, envergonhado pela derrota, se enforca e tudo acaba.

E assim transcorreu a brincadeira. A mãe, assumindo ser a Mulher-Maravilha, levou a brincadeira por quase duas horas.

Precisando ir cuidar do jantar, simularam uma briga no final, em que a super-heroína imobilizara o Homem-Aranha com seu laço invisível e o derrotou.

Acabou a brincadeira, a mãe foi à cozinha fazer o jantar e Gui dirigiu-se ao quarto dizendo que seu ex-personagem favorito ia se matar.

Alguns minutos de barulhos normais vindos lá do quarto, ouvidos da cozinha, e, de repente algo chamou a atenção.

Um barulho estranho, um grito cortado por uma tosse engasgada e... silêncio.

A mãe parou. Estática, tentou ouvir alguma coisa... Nada!

Correu para o quarto e lá se deparou com aquele pedaço de fio elétrico pendendo do trinco da janela, amarrado ao pescoço... O filho quieto, inerte.

Ela não conseguia acreditar naquela cena que os próprios olhos testemunhavam. O coração apertou e doeu pra valer.

Gui, com a fantasia de seu personagem preferido jogada ao chão, parado no meio do quarto e em completo silêncio, apenas observava o boneco do Homem-Aranha pendurado e “enforcado” com o fio do abajur ali na janela.

Era o fim do Homem-Aranha.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Filmes 3 - Comédias e Comédias Românticas

Filmes

Nesta 3a edição são títulos de

COMÉDIAS e COMÉDIAS ROMÂNTICAS

DIZEM POR AÍ que eu não sou o cara mais legal do mundo, que eu não sei COMO CONQUISTAR UMA MULHER, sejam elas feias ou LINDAS DE MORRER.

Tenho até uma certa fama de que A ARTE DE AMAR passou longe de mim, que não sei nada sobre DO QUE AS MULHERES GOSTAM.

E SE FOSSE VERDADE? Como eu viveria sem saber O QUE É O AMOR?

Não! Minha vida não está DE PERNAS PRO AR. Isso é uma nada DOCE MENTIRA!

Tá certo que A CASA CAIU durante AS FÉRIAS DA MINHA VIDA, mas foram apenas LOUCURAS NO PARAÍSO quando curtimos uma AMIZADE COLORIDA que apareceu durante aquele ENCONTRO DE CASAIS que, por sinal, foi SIMPLESMENTE COMPLICADO. Mas, não se pode considerar, pois naqueles dias eu estava PERDIDO PRA CACHORRO.

VIVENDO NO LIMITE, eu estava atrás das SURPRESAS DO AMOR, pondo o AMOR EM JOGO.

Mas, absolutamente não ficamos JUNTOS PELO ACASO. Foram as COINCIDÊNCIAS DO AMOR que nos uniram, até que ela apareceu VESTIDA PARA CASAR.

Casar? OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS! Sai pra lá, Eros.

NÃO SEI COMO ELA CONSEGUE ter tanta cara de pau para pressionar assim. Dizem que na GUERRA DOS SEXOS, não se dá moleza. GUERRA É GUERRA! É como CÃES E GATOS.

Forçar assim, entendo que só geraria um CASAMENTO GREGO, tal qual o presente, e ainda com uma ESPOSA DE MENTIRINHA.

Ora, nem sendo O MELHOR AMIGO DA NOIVA. Ela que ficasse com as COLEGAS dela.

A PROPOSTA veio em forma de um AMOR POR CONTRATO. Para que ficasse TUDO EM FAMÍLIA, mas era uma RELAÇÃO EXPLOSIVA.

Melhor seria sermos SOLTEIROS COM FILHOS. Sem casar seríamos FELIZES PARA SEMPRE.

Eu precisava fugir da rotina, ter uma MUDANÇA DE HÁBITO. Sim, OS NORMAIS gostam dessa coisa de mudar.

Forçar a barra é ter um AMOR IMPOSSÍVEL, e aí já viu, né? TRAIR E COÇAR, É SÓ COMEÇAR.

Pronto, já era! TRAIR É UMA ARTE, pois não somos TOTALMENTE INOCENTES.

Ela me mandou MENSAGENS DE AMOR, mas tudo estava ESCRITO NAS ESTRELAS, não existiam de verdade.

- COMO GANHAR SEU CORAÇÃO? Perguntava-me ela.

Insistia ainda: TENHA FÉ, afinal AS IDADES DO AMOR não são contadas em anos e você é UM BOM PARTIDO. Vamos tentar, VAI QUE DÁ CERTO.

Ela dizia que o nosso não foi um AMOR POR ACIDENTE e sim uma ATIVIDADE SUPERNATURAL.

Sem escutar a voz da consciência que dizia SE BEBER NÃO CASE, deixei TODO MUNDO PÂNICO quando disse que iria aceitar.

Eu havia visto O CASAMENTO DO MEU MELHOR AMIGO e ele havia sido feliz... por duas semanas.

Nós éramos AMIGOS INSEPARÁVEIS e na volta da lua de mel perguntei-lhe: E AÍ, COMEU?

Triste sina. Ele me confidenciou que não. Na volta foram a um psiquiatra dividir UM DIVÃ PARA DOIS.

Claro que me tirou a coragem, mas O QUE ESPERAR QUANDO VOCÊ ESTÁ ESPERANDO que ela desista e ela não desiste?

Em matéria de coração, ela é UMA LADRA SEM LIMITES, deu um GOLPE PERFEITO

Então, que venham o casório, OS PENETRAS na festa, que fiquemos juntos ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE...

E QUE DEUS NOS AJUDE!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Família Unida

clip_image002Formavam uma família tranquila, bem unida e com os filhos criados sob uma batuta tradicional e bastante conservadora.

O pai, severo, mas bem ciente do quanto amava os filhos, mantinha atitudes sempre bem pensadas e com isso conquistara o respeito de toda a família.

A mãe, dona de casa superconsciente, possuía sua parcela de autoridade mas, mãe é mãe. Era com ela que os pequenos se abriam ou procuravam um abrigo seguro quando aprontavam demais.

Moravam no subúrbio e a vida da família era tocada na mais perfeita ordem, com todos convivendo harmoniosamente inclusive com os vizinhos. Só havia um problema a ser solucionado: o namoro da filha do meio, sabido pela mãe e escondido do pai.

Todos os dias elas conversavam a respeito, pois aquele namoro escondido não poderia continuar daquela maneira. O pai precisava saber.

Tinham de falar com ele o quanto antes. Quanto mais o tempo passava, pior ia ficando.

Numa noite de verão, chovia muito lá fora e as duas, junto com a caçula, acharam que chegara a hora daquela conversa há muito adiada.

O pai chegou a casa todo molhado e lá foram elas para recebê-lo com a maior cara de solidariedade pelo estado do coitado. Mas, algo as preocupou. Havia qualquer coisa errada ali.

O semblante do pai estava taciturno, sombrio, com um ar de quem estava muito preocupado.

Elas se calaram, com certeza não seria a hora de tocarem no assunto namoro. Esperaram alguns minutos, um silêncio que parecia perdurar para sempre, até que o pai falou:

- Vamos ter de nos mudar!

- Como?! Gritaram em uníssono.

- É, os donos da casa vão demoli-la e nós temos de sair o quanto antes.

- Assim? Do nada? Inquiriu a mãe, aflita.

- Sim querida. Amanhã mesmo vou procurar um outro lugar para nós.

A tristeza tomou conta do ambiente. Ali viveram seus primeiros dias, as crianças nasceram, foram criadas e fizeram amigos.

Ali a filha do meio começara a namorar... oops, melhor deixar o namorado de lado e não tocar mais neste assunto.

Foi uma noite terrível para todos.

Logo que amanheceu, o pai saiu em busca do novo lar, tentando fixar e acreditar nas palavras que havia dito à esposa: nosso lar é onde estivermos, não importa o lugar.

Um dia todo de buscas e nada. Voltou para casa cansado e meio que desolado.

A esposa procurou incentivá-lo da melhor maneira possível. O mundo era um lugar muito ruim com o amado abatido daquele jeito.

A casa ia ser demolida e eles já deveriam estar fora de lá.

- Maldito tempo que passa rápido demais. Reclamava o pai.

Naquele dia, tomou a decisão de pegar a primeira casa que encontrasse disponível. Não poderia esperar mais.

Acabou por achar uma não muito longe de onde moravam. Positivamente não era do agrado mas, o que fazer?

Voltou para casa tentando fazer uma cara de quem estava contente e comunicou a mudança iminente. Iminente? Não, imediata.

Por respeito, avisou que não era o ideal, que teriam de superar certos problemas, mas que poderiam ser felizes mesmo naquelas condições. Foram todos juntos conhecer o novo lar.

Ao chegarem, a esposa não se conteve:

- Que nojo!

Os filhos fizeram coro:

- Que coisa nojenta!

- Nojo é pouco!

- Argh... vou vomitar!

A primeira impressão marcou pra valer, mas não tinham opção. A mudança era inexorável.

- Querido, nós mudamos, mas, agora que temos tempo, vamos procurar algo melhor. Não dá para viver ou criar nossos filhos neste antro nojento.

- Eu sei querida, nós vamos achar algo bem melhor que isso. Algo em condições habitáveis e que dê até para receber nossos amigos – aqui é impossível.

- Eu morreria de vergonha se alguma amiga minha visse isso.

- Pois é, querida. O que podemos fazer para melhorar as coisas por aqui?

- Não sei nem por onde começar. Veja esta sala, não há um mínimo grão de poeira. A cozinha com o piso brilhando de tão limpo, nada acumulado na pia... isso é insuportável.

- É querida, você tem razão. Viu a despensa? Tudo arrumado em potes, limpo até nos cantos. É demais!

- Bem, amanhã, enquanto você procura outro lugar para nós, para acalmar as crianças, vou levá-las até o lixão. Não há como uma barata, de bom gosto como eu, criar seus filhos aqui.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Contos Twitteranos [22]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

421) O churrasco (140 toques)
Sonhou que estava em uma churrascada tomando umas. Acordou assustado com o cheiro de queimado. A carne? Não, era a vela queimando o barraco.

422) O Barão (140 toques)
Descobrira-se descendente de nobres. Sangue azul, com certeza, e possuía até um título de nobreza. Ele era um Barão. Um barão sem um tostão.

423) O abandono (140 toques)
Sem ela o mundo seria muito sem graça. Fora obrigado a abandoná-la sem entender o porquê. Aos 30 anos não via motivos para largar a chupeta.

424) Rotina (140 toques)
Todo dia a mesma coisa. Acordava às 6h00, tomava banho e café da manhã. Cansado da rotina maçante, radicalizou. Tomou o café antes do banho.

425) Casa da sogra (140 toques)
Morar com a sogra não era fácil, mas tinha de aguentar a velha chata e ranzinza. Não se imaginava longe dela e tendo de trabalhar pra viver.

426) Vídeo Game (140 toques)
O vídeo game sonhado não era Wii ou PS. Tinha como ideal um que o forçasse a brincar na rua. Pião, pipa, pega-pega... preferia um vida game.

427) Machão (140 toques)
Garanhão, o sonho dele era ser eunuco. Viveria no harém traçando todas as mulheres, corneando o Sultão. Sonhou até saber como era um eunuco.

428) Morte (140 toques)
Um grito de pavor, seguido de um completo silêncio. Ele corre para a sala e vê a vizinha que acabara de matar Bia, a lagartixa de estimação.

429) Cumplicidade? (140 toques)
A luz do luar dourava a areia da praia selvagem. Amor no ar. Ondas e estrelas, como testemunhas, poderiam ser cúmplices. Pena que estava só.

430) Chuva na praia (140 toques)
Um trovão foi ouvido ao longe, e ele na praia. Outro trovão, mais perto. Ele na praia. Mais um bem próximo. Ele na praia, torrado pelo raio.

431) Skinheads (140 toques)
O folgado, ao passar por um bando de skinheads, grita chamando-os de bichas. Mais 10 metros e um estouro. Era o pneu que deixara de existir.

432) Cão que ladra... (140 toques)
A bola caiu do outro lado do muro. O cão latia muito. Ignorando, ele pulou o muro para pegar a bola. Quem disse que cão que ladra não morde?

433) Felicidade (140 toques)
Não tinha nada de concreto. O abstrato o fazia feliz. Amor, amizade, sentimentos puros... Mas bem que podia ser feliz em Paris ou em Veneza.

434) Polícia? (140 toques)
Criado no morro, ele não ligava conviver com bandidos. Sabia que eram bandidos. Tinha medo era da polícia: não sabia quais eram os bandidos.

435) Rock in Rio? (140 toques)
Nordestino cabra da peste, não ligava para o Rock in Rio. Rock não era música. Montou a própria caravana de romeiros e foi ao Xaxado in Icó.

436) A primeira vez (140 toques)
Depois de meses namorando, naquela noite ela se fez mulher. A primeira vez com o amado fora mágica. Feliz e apaixonada, era uma nova pessoa.

437) Paisagem (140 toques)
Da varanda, observava a paisagem. Altas montanhas com os picos cobertos por neve. De repente, tudo mudou. O contra-regra retirara o cenário.

438) O atraso (140 toques)
800 km de volta pra casa. Rápido, chegaria a tempo do aniversário da filha. Foi carregar o caminhão no porto. Tudo parado e 6 horas de fila.

439) Falta de atenção (140 toques)
FANTASIA! Estava no convite e fixo na memória dele. Foi à festa vestido de pirata, um autêntico Jack Sparrow. Fantasia era o nome do Buffet.

440) Cangaceiro (140 toques)
Tinha fama de cangaceiro durão. Temido por ser mal, queria muito, mas nunca matara. Um dia matou, sem querer, e a polícia deu como suicídio.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Felicidade não tem preço

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Felicidade para ele era ter de tudo. Desistiu da vida para trabalhar, enriquecer e poder comprar tudo o que precisasse ou, melhor ainda, quisesse.

Automóveis, só os de luxo, e do ano. Apartamento? Cobertura à beira da praia e no melhor bairro da cidade.

Amigos? Bastava estalar os dedos que choviam de todos os lados. Nunca estava sozinho. Assim também não lhe faltavam belas mulheres.

Então, sofreu um acidente tarde da noite. Bateu o carro em um poste e não conseguia ligá-lo para sair daquele bairro suspeito. Bairro pobre, longe do centro, longe de tudo.

Queria era sair logo dali. Ligou para vários amigos, mas, por motivos diversos, nenhum deles poderia ir ajudá-lo. Também, quem iria até aquele fim de mundo? Pensou com seus botões.

Viu-se só... e com uma ponta de medo.

Passou um ônibus e notou que alguém gritou para o motorista para que parasse. Um pouco longe, viu um vulto descendo e indo em direção a ele. Preocupou-se.

Pronto, o cara viu minha situação e agora, tenho certeza, “dancei”. Pensou preocupadíssimo. A ponta de medo agora era medo mesmo.

Quando o indivíduo chegou perto, notou que era o Pedrinho, um rapaz lá do escritório que sempre ouvia as brincadeiras dele. Ele sempre curtia, menosprezando o Pedrinho, dizendo que pegar ônibus era coisa para pobre etc e tal.

E agora? O que ia acontecer? Continuava pensando com seus botões.

- Olá, seu Márcio. Quando o vi aqui nesta situação, desci e vim ver se precisa de ajuda. Posso fazer algo pelo senhor?

Aquilo foi um tremendo balde de água gelada. Gelada? Congelada!

Por razões que o próprio destino desconhece, o socorro demoraria a chegar até aquele lugar longe de tudo e perdido neste mundão de Deus.

O Pedrinho então o convida para irem à sua casa. Lá poderiam jantar e esperar o socorro pois, de fato, ali não era um bom lugar para permanecerem.

E assim foram.

Apesar da hora e da surpresa de um convidado para o jantar, Júlia o recebeu com um sorriso nos lábios.

- Entre seu Márcio, a casa é de pobre, mas é aconchegante.

Ela pôs a mesa usando seu melhor jogo de jantar, chamou os filhos mandando-os lavarem as mãos e indicou o assento ao lado do marido para que Márcio o usasse.

Fizeram uma oração antes de iniciar o jantar na qual agradeceram a presença de Márcio pedindo que Deus o protegesse e o iluminasse e, para espanto dele, agradeceram também pelo acidente. Um acidente que ele tanto maldizia.

Agradeceu a oração, mas ficou sem entender. Como agradecer por uma desgraça?

Aquela família, unida em torno da mesa, dividiu o que tinha com ele. Naquela noite, isso ele percebera, todos comeram menos que o normal. Havia um convidado à mesa, uma inesperada boca a mais, mas muito bem-vinda.

Quantas vezes ele havia criticado amigos por aparecerem na hora da refeição? Essa conta ele perdera havia muito tempo. Fora tantas outras reclamações que fazia no dia a dia. Era só não estar do agrado dele e lá vinha a chiadeira.

Aquele era um outro mundo, um mundo cuja existência era sabida, mas desconhecido.

Só quando estava sozinho em casa e sentindo, pela primeira vez, uma solidão esquisita é que entendeu o por quê daquele agradecimento. Deu um belo sorriso ao notar que aprendera que o mal acontece para nos recolocarmos - o mal era um bem necessário.

Entendendo isso, também agradeceu pelo acidente que possibilitou aprender uma das maiores lições de sua vida. Devia ao Pedrinho muito mais do que ele e sua família imaginavam.

Quando precisou, a ajuda veio de quem menos esperava. E os “amigos”? Onde estavam?

É, tinha mesmo de rever seus conceitos. Agora ele seria feliz de verdade.