terça-feira, 25 de dezembro de 2012

É Natal

Poesia Menino Jesus1

Acordou naquela manhã
Assim fazia todos os dias
Foi à cozinha, passando pela sala
Nem notou a árvore de Natal

Saiu da cozinha, passou pela sala
De novo uma árvore não percebida
Chegou ao quarto e lembrou-se
Era Natal, um dia diferente

Correu até a árvore na sala
Parou e Desta vez a notou
Viu todo o seu esplendor
E vários presentes em volta

Correu até ela e se ajoelhou
Ignorando os presentes
O Menino Jesus pegou
Delicadamente, na manjedoura, o deitou

Olhou para a Sagrada Família
Agora ela toda reunida
Nascera o Menino Jesus
E, com ele, nossa alegria
Ainda sem ver os presentes

Fez o que achava mais certo
Junto ao Menino Jesus
Rezou pelo bem de todos

Sabia ele que presentes havia
Não faltaria tempo para abri-los
Mas a humanidade tinha pressa
E o mundo ansiava por paz e amor

Fossem, então, todos os homens
Verdadeiramente felizes
Em um mundo sem dor
Feito apenas pelo amor

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Contos Twitteranos [14]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

261) A entrevista (140 toques)
Era o emprego dos sonhos. Acordou cedo para a grande entrevista final. Oportunidade única. Greve dos ônibus, atraso total. Perdeu o emprego

262) Silêncio (140 toques).
O bate-estaca era ensurdecedor. Finalmente a obra acabou. Silêncio. Que nada, a área de lazer e o parquinho eram logo do outro lado do muro.

263) Cachorro X Ap pequeno(140 toques)
Apartamento pequeno. A filha queria um cachorrinho. Sem conhecer, optaram por um filhote com que se encantaram. Cresceu, era um dinamarquês.

264) Vômito (140 toques)
Ele chegou a casa todo vomitado. Camisa, calça e sapatos imundos, fediam. A irmã gritou: - QUE NOJO! Ele: - Pior! Não é meu, é de um bêbado!

265) O mundo gira (140 toques)
Não ia ao carrossel porque ficava tonto com tudo o que girasse. Chegou tonto da escola. O professor havia ensinado sobre a rotação da Terra.

266) Pastel (140 toques)
Queria comer pastel. Indicaram o Caracu. Saiu do centro e lá foi com um amigo. Pediram e tentaram comer. Voltaram para o centro: ao Carioca!

267) Príncipe encantado (140 toques)
Beijou todos os sapos querendo pegar um príncipe. Nenhum sapo daquele brejo escapou de seus selinhos. Nada! O que pegou foi sapinho na boca.

268) Aniversário (140 toques)
Discussão acirrada, mas ele ganhou a disputa. Nem todos faziam aniversário exatamente no dia em que nasceram. Sim, há o dia 29 de fevereiro.

269) Carioca de araque (140 toques)
Vangloriava-se dizendo-se carioca e flamenguista. Chorou muito ao descobrirem que nascera em Resende. Na real era flamenguista e fluminense.

270) Aprendendo a ser feliz (140 toques)
Vivia triste. Não conseguia rir com a vida que levava. Tudo mudou quando notou que viver infeliz não fazia sentido e aprendeu a rir da vida.

271) Surpresa! (140 toques)
Sempre chegava a casa na mesma hora. Um dia, de surpresa, chegou duas horas mais cedo e estranhou. Quem era aquele sujeito pulando a janela?

272) Campeão do mundo (140 toques)
Como capitão e campeão, iria levantar a Taça do Mundo para bem alto. Parecia um sonho. Alguém o chamou à razão e viu que era mesmo um sonho.

273) Coloração capilar (140 toques)
Flagrou o marido traindo e, de revólver, gritou: Vou matar todos. Apontou pra própria cabeça. Viu o marido rindo: Não ria, você é o próximo!

274) Horizontes abertos (140 toques)
De repente seus horizontes se abriram. Foram ampliados de uma forma tal que ele nunca vira sozinho. Aí reparou: bastou ficar em pé no berço.

275) Amor [1] (140 toques)
Paizão, quero lhe apresentar o Eduardo. Este bonitão é o meu namorado. O pai, estupefato, caiu sentado na cadeira: - como é que é meu filho?

276) Amor [2] (140 toques)
Paizão, quero lhe apresentar a Beth. Esta bonitona é minha namorada. O pai, estupefato, caiu sentado na cadeira: - como é que é minha filha?

277) O chiclete (140 toques)
Viciado em chicletes, fazia tempos que não mascava. Ganhou um e o levou à boca sem pensar. Danou-se. Não podia mascar por causa do aparelho.

278) Bola nova (140 toques)
Todos pediram bola de futebol no Natal. Ganharam e já marcaram o jogo e, claro, todos foram. Mas, faltou a bola. Ninguém queria sujar a sua.

279) Mico [1] (140 toques)
Ele era só orgulho. Reunira coragem e convidara a garota mais bonita do colégio para velejar. Uma calmaria total. O barco não saía do lugar.

280) Mico [2] (140 toques)
Oi! Gritaram do outro lado da rua. Ele se virou, viu um cara vindo. Não se lembrou dele, mas foi ao encontro. Faltou ver a menina ali atrás.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Mal súbito

Mal Súbito blogDe repente um mal súbito e ele se foi. Esvaiu-se a vida.

Infarto fulminante, disse o médico.

Ele, sem entender nada, ouvia tudo, mas não conseguia mexer um músculo sequer. Não conseguia se mexer, abrir os olhos, nada. Todo desforço era em vão.

Lembrou-se do filme Awake - a vida por um fio em que o protagonista recebe a anestesia para um transplante de coração e algo estranho acontece: ele sente e ouve tudo, mas o corpo permanece como se estivesse anestesiado, dormindo. Sem saber disso, os médicos vão operando-o e ele sentindo todas as dores.

Também sempre ouvira histórias extraordinárias sobre a passagem para o mundo espiritual, em que alguns, por serem muito apegados à vida, ficavam perambulando no limbo - seria o caso dele? Afinal estava morto ou não? Que sentimento era aquele?

Não! Com toda a certeza aquele não era o caso dele, ele não estava morto. Apenas precisava encontrar uma saída para fugir daquilo e voltar à sua vida normal.

Contudo, o tempo ia passando e ele cada vez mais se conscientizando do que acontecera de fato.

-- O infarto fora violento, muita dor no peito. Só posso ter morrido mesmo, mas, e agora? O que acontece? O que faço? Pensava sofrendo.

Notou a esposa e as filhas chorando. Queria pode falar que estava vivo, que as ouvia, mas todas as tentativas eram em vão. O desespero foi tomando conta dele.

Ficou sabendo sobre os preparativos, de como e onde seria o velório, a escolha do caixão, quem avisariam... e ele ali, ciente de tudo e cada vez mais desesperado.

Nada daquilo poderia estar acontecendo, pois ele estava vivo. Chamem outro médico, gritava, porém era um grito mudo, inaudível - não conseguia fazer-se ouvir.

E lá estava ele, deitado em um caixão, todo coberto de flores, uns dois mosquitinhos mais que chatos presos dentro do tule que cobria seu corpo e que insistiam em pousar em seu nariz. Não conseguia dar, nem ao menos, uma coçadinha, por mais que quisesse.

Um por um, parentes, amigos e até alguns desconhecidos baixavam-se e falavam com ele, desejando-lhe muita Luz, que Deus o abençoasse, que os antepassados o recebessem no plano espiritual, que isso e aquilo.

Só não gostou quando ouviu dois amigos cochichando sobre a “bonitona da viúva” e que queriam muito consolá-la. Como assim? Que tipo de amigo é esse?

Ah se pudesse levantar-se dali. Eles iam ver quem é que ia ficar viúva.

E o tempo foi passando, e ele ali, imóvel, querendo sair daquela situação.

Era meio ateu, mas rezou todas as rezas que conhecia, inventou outras, fez promessas. Valia acreditar em tudo para tentar sair daquele caixão antes que fosse tarde demais.

Depois da cerimônia, quando chegaram os homens da funerária, viu que o tempo dele estava acabando, dali a poucos instantes seria tarde demais para qualquer outra tentativa.

E sequer a tal da luz branca que fazia parte das histórias extraordinárias que ouvira não aparecia para buscá-lo. Bem poderia haver um “Manual da Passagem Para Leigos”, pensava, assim saberia o que fazer.

Quando vieram com a tampa para fechar o caixão, ele sabia que seria a sua última chance. Num total desespero, reuniu todas as forças que tinha e, no instante derradeiro, conseguiu.

Esticou as mãos para cima, impedindo que baixassem a tampa e, ao mesmo tempo, soltou um grito horrível que saiu lá do fundo de sua alma. Um grito sepulcral.

A esposa deu um salto com o grande susto que levara e, recuperando-se da surpresa, falou com ele:

Querido! Acorde! Você está tendo outro pesadelo!