Primeiro vemos, de repente, aquele peixão ao nosso lado, passamos por ele e novamente passamos, só que desta feita não passamos por ele como da primeira vez, mas sim passamos a vê-lo, pelo retrovisor, cada vez mais distante, cada vez menor... até sumir.
Sabemos que estamos, a caminho do planalto, deixando a cidade de Santos.
Santos não é uma cidade qualquer, ela foi eleita - e não por acaso - a melhor das grandes cidades brasileiras para se viver.
Com suas manias próprias, na qual se ouve um “tu vai” sem o menor constrangimento - é o tu sendo falado sem a preocupação em se conjugar o verbo - ; com pessoas morando neste ou naquele canal; que quando alguém vai ao centro da cidade diz apenas “vou à cidade”, como se nela não estivesse, assim como quem mora no bairro do Gonzaga “vai para o Gonzaga”; onde não há trilhos e sim linhas do trem; cidade em que se compra médias na padaria e não pão francês... além de várias outras coisas que só os santistas entendem.
Uma cidade que tem um jardim enorme na praia - sim, em Santos não é orla, é praia - tão grande que está no Guiness Book como o maior jardim de orla do mundo - até nosso cemitério está no livro dos recordes.
Santos do Santos, o time de futebol no qual surgiu o Rei Pelé, o atleta do século.
É esta a cidade que está sendo deixada para trás quando vemos, pelo retrovisor, o peixe ficando cada vez menor.
Na volta...
Ah... mas tem a volta.
A volta é quando descemos a Serra do Mar em direção à Baixada Santista e, já aqui embaixo, deixamos Cubatão para trás e nas proximidades do Jardim São Manoel começamos a ver o peixe, primeiro lá longe, pequenininho.
Ele vem num crescendo à nossa frente, dando a impressão de ficar cada vez maior à medida que nos aproximamos - ou seria ele quem se aproxima, trazendo-nos a cidade, aparentando uma ansiedade para que cheguemos logo em casa que nem mesmo ele consegue segurar?
O fato é que, avistar o peixe, indica que estamos chegando.
Passos semelhantes à ida ocorrem.
Primeiro vemos aquele peixão, depois passamos por ele... e as coincidências param por aí.
Ao passarmos por ele, a mágica acontece.
Se o víssemos pelo retrovisor, também o veríamos cada vez menor, mas, sabiamente, ele some rápido. Ele sabe que não é o protagonista nesta história.
Assim, ele sai de cena deixando apenas a cidade de Santos à nossa frente.
Viajar é legal, mas estar em casa não tem preço.
Querem saber? Santos vale a pena... e muito!