segunda-feira, 24 de junho de 2013

Traição não!

Traição não provisórioCasado há mais de 20 anos, Gerson jamais traíra a mulher. Para ele o casamento era sagrado. Formavam um par perfeito; não poderia ser melhor.

Os amigos sempre o perturbavam querendo levá-lo para as grandes noitadas que promoviam e, invariavelmente, acabavam em um quarto de hotel ou motel com garotas, várias garotas.

Ele se mantinha firme em seu propósito de completa fidelidade. Dorinha não merecia ser traída e o casamento dele não poderia ser comprometido com uma mancha dessas.

Aqueles que não o conheciam duvidavam de sua fidelidade. Achavam que era um engodo ou piada. Simplesmente não acreditavam ser possível, nos tempos hodiernos, alguém ser fiel.

Gerson não queria saber. Não se importava com o que pensavam, pois era assim que encontrava a felicidade.

Se olhava para belas mulheres que passavam? Claro que sim, afinal apreciar o belo é um direito de todos, mas o fazia sem cobiça.

Seus sonhos, sua libido e tudo o mais eram todos direcionados à Dorinha. Era ela quem importava. Se ela estava feliz, ele estava feliz.

Sentia orgulho de si mesmo quando chegava a casa e olhava a esposa, bem fundo nos olhos, sem qualquer constrangimento ou arrependimento por qualquer ato que pudesse ter praticado contra o seu santo matrimônio, contra a pessoa que mais amava neste mundão de Deus.

Mas, tão duro quanto a vontade ferrenha de Gerson era o empenho dos amigos para que ele cedesse. Rolavam até apostas se conseguiriam ou não.

Até então haviam tentado de tudo e o Gersão continuava insuscetível. “Bravo herói de um tipo de homem em extinção”, brincavam os amigos.

Certo dia, para comemorar o aniversário do Chefe, marcaram de comer um churrasco e tomar umas cervejas. Iam na Churrascaria Leitão, em Praia Grande.

Gerson topou ir, afinal eram só umas cervejas na churrascaria e jogar conversa fora.

Ligou, como sempre, para Dorinha avisando-a do que ia acontecer e o por quê de chegar em casa só após as onze da noite.

Foram em dois carros e Gerson, de carona, não teve chance de dizer não, mesmo quando se tocou de qual era o destino.

Os carros entraram pelo portão de uma grande casa perto do Forte, na qual algumas meninas devidamente contratadas estavam à espera do grupo.

Arrastaram o pobre do Gerson e a mais bela das garotas, já avisada e muito bem instruída, jogou-se toda fogosa pra cima dele.

Gerson foi, de cara, praticamente arrastado para um dos quartos, sem fala e sem saber o que fazer, ele ficou sem ação, apenas como observador de tudo aquilo que ia acontecendo.

Quando deu por si, estava de cueca e a moça nua na cama, chamando-o.

- Pare! Isso não pode acontecer. Eu amo minha mulher e não vou estragar meu casamento!

Dito isso, Gerson vestiu-se e saiu rápido, chamou um táxi e foi para casa.

Sentado no banco de trás, ele foi tentando recuperar-se e uma dúvida insistia em perturbá-lo: contaria ou não, aquela passagem, à esposa?

Decidiu-se por não contar. Apagaria aquilo da memória - nada acontecera.

Pediu ao motorista que parasse em frente a uma floricultura e comprou umas flores.

Chegou em silêncio, ia fazer uma boa surpresa à amada Dorinha.

Procurou-a e, ouvindo o barulho do chuveiro, subiu a escada e foi em direção à suíte do casal.

Abriu a porta gritando: - SURPRESA!!!

Entrou no box com as flores, de roupa e tudo e trocaram um beijo ardente, cheio de paixão e, no caso dele, com um certo sentimento de culpa por quase tê-la traído.

O beijo foi tão ardente e cheio de paixão que ele nem notou, Nestor, o limpador de piscinas, que deu uma olhada rápida no casal, da porta, recolheu sua roupa e saiu de fininho...

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