quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Ano Novo

clip_image002Formavam uma família feliz. Fred, Carol e a pequena Bia, de quatro anos.

Passavam os dias, os meses, os anos e aquela família cada vez mais feliz. Tudo apontava para um futuro promissor.

Os 15 anos de Bia foram comemorados em grande estilo, em um dos melhores buffets da cidade.

Mais alguns anos se passam e Fred perde o emprego. A empresa falira, deixando todos os funcionários sem nada.

A família sofre uma inversão jamais imaginada. Antes tudo eram flores e, de repente, tudo vem abaixo.

Contas, cartões, dívidas, tudo acumulando e Fred entrando em desespero. Como garantiria a sobrevivência de sua amada família?

Certo dia, andando a esmo pela cidade, depara-se com um estranho que lhe oferece uma saída mágica para os problemas dele.

- Tome esta pedrinha, você parece estar precisando. Pegue, é de graça!

O bom sujeito ensinou-lhe a fazer uso daquilo e, minutos depois, Fred estava viajando, sentindo-se muito leve.

Saiu andando sem saber para onde ir. Com sede, parou em um bar para tomar água. Acabou querendo algo mais forte e optou por uma cachaça.

Voltou para casa tarde da noite, meio bêbado. Sem graça, prometeu à Carol que aquilo não mais se repetiria. Que fora apenas um momento de fraqueza.

Adormeceu cansado e com uma dor no peito, envergonhado.

No dia seguinte iria sair em busca de emprego. Saiu de casa resoluto, embora com a certeza de que a tarefa não seria nada fácil.

Infelizmente a premissa tornara-se verdadeira. Nada!

Nova pedra, outra e outra. Novas doses de cachaça ou conhaque e Fred não era mais o mesmo.

Muito mais tarde da noite, caiu em si. Mais do que envergonhado, decidiu que não poderia voltar a casa e encarar a esposa e a filha.

Mesmo nos piores momentos não poderia sequer imaginar ser um fardo que as duas fossem obrigadas a carregar.

Ele ficou por ali, sobrevivendo a cada dia.

Carol e Bia desesperavam-se sem notícias. Onde poderia estar?

Hospitais, IML, polícia, Prontos Socorros... tudo em vão. Não havia qualquer pista dele.

Mesmo com o passar dos anos, a dor do sumiço não amainava. Viver sem saber o que havia acontecido era terrível.

Com muito custo, por causa da burocracia, Carol conseguiu vender a casa, comprou um apartamento menor e pôs as contas em dia com o que sobrara.

Passaram a viver mais comodamente. Apenas a dor da perda persistia.

As duas trabalhavam, Bia fazia faculdade à noite e, nos tempos livres, sempre deixavam espaço para a procura por Fred, um ótimo marido e pai. Aquele amigo inquestionável e precioso fazia muita falta.

- Se tivesse morrido, ao menos saberíamos dele, mas, sumido? Reclamava uma Bia chorosa.

Ignoravam que ele, uns 30 quilos mais magro, virara um zumbi na cracolândia.

Álcool e todo tipo de droga minaram-lhe a existência e acabaram com suas forças.

Uma noite, algumas freiras, ligadas a São Francisco de Assis, aproximaram-se do grupo em que Fred estava.

Enquanto a maioria distribuía sopa e pão, uma outra começou a contar uma história.

Fred identificou-se com o protagonista da história contada e viu ali uma saída para aquela vida miserável - se é que alguém pudesse chamar aquilo de vida.

Levantou-se, dirigiu-se até a freira e disse que queria mudar de vida; que precisava de ajuda.

Os meses seguintes foram determinantes. Internado em uma clínica, comeu o pão que o diabo amassou até desintoxicar-se.

De volta ao convento, passou a cuidar do jardim e da horta e, à noite, saía com as freiras para ajudar os necessitados.

Havia ali um novo Fred. Envelhecido, magricela e acabado, mas um novo ser, alguém que já começava a ver um futuro mais risonho pela frente.

Só não procurava a esposa e a filha pelo temor que tinha de ser rejeitado, afinal abandonara-as quando mais precisaram. Fora fraco e tinha vergonha disso.

Logo após o Natal, uma jovem entra no convento com o marido e a pequena filha no colo.

Haviam ido comprar alguns artesanatos para presentear uns amigos que iam encontrar antes do Ano Novo.

Fred viu a cena e uma lágrima escorreu de seus olhos - via ali a si próprio com a Carol e a pequena Bia.

A moça, ao olhar para aquele velho franzino, todo cheio de marcas que um tempo ruim havia deixado, entregou a criança ao marido e foi em direção a ele.

Parados, sem se falar, ela o abraça forte. Bem forte.

Apenas uma palavra sai de seus lábios, com muito esforço e depois de uns dez minutos abraçando aquele senhor:

- Pai!

Aquele seria um réveillon diferente. Bem diferente.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Contos Twitteranos [25]

Contos TwitteranosContos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

481) Bichinho de estimação (140 toques)
Exigente, queria um cãozinho que não sujasse, banho só às vezes e veterinário nunca! Que não precisasse sair ou latisse. Comprou de pelúcia.

482) Jovem enxadrista (140 toques)
-Agora sei jogar xadrez! Alardeou desafiando o primo, que recusou. Perturbou. Desafio aceito! Um pastorzinho e a festa terminou em 4 lances.

483) Bola da Copa 1 (140 toques)
Reuniram o que tinham e mais um pouco. Brazuca comprada, estreia no campinho. No primeiro chutão ela cai na caçamba do caminhão que passava.

484) Bola da Copa 2 (140 toques)
Vaquinha feita, compram a Brazuca. Ela no centro do campinho. A garotada olha orgulhosa. Linda, novinha e cara. Guardam e jogam com a velha.

485) Briga na escola (140 toques)
Hematomas. O pai pergunta: - Como ficou o outro cara? - Vixi pai, dei várias queixadas no punho dele. Deve estar com a mão doendo até agora.

486) Bilheteiro folgado (140 toques)
Atrás da mulher ele vai gritando: - Olha a vaca! O marido vê a cena e pede o bilhete. – Tenho não moço, foi a resposta. Nunca apanhou tanto.

487) Indulto de Natal (140 toques)
Saiu rindo do sistema. Roubou e divertiu-se com as caras das vítimas. Queimou tudo no crack. Voltou inocente. Ia aguardar o próximo indulto.

488) Bolsa família (140 toques)
Da rede ouviu a mulher reclamando que ele não fora buscar o dinheiro. – Ô mulher, a culpa é do Governo que nos obriga a pegar fila no banco!

489) O reclamão (140 toques)
Já acordava reclamando. Tudo era motivo para broncas. Certa noite, após um sonho, acordou de bom humor, sorrindo. O dia foi ótimo. Aprendeu.

490) O caçador (140 toques)
Saiu do acampamento para caçar. Viu uma anta, com filhotes. Um macaco, com filhotes. Um porco do mato, filhotes. Voltou carregado de frutas.

491) O garanhão (140 toques)
Profissional da paquera, escolhia as palavras e só dizia aquilo que elas queriam ouvir. Um dia apaixonou-se. Calou-se sem saber o que dizer.

492) Namoro terminado (140 toques)
Ela pegou o Betão aos amassos. Algo inadimissível. Chorando, correu para se desabafar com a melhor amiga. - Flagrei o Betão com o meu irmão!

493) Assaltos (140 toques)
Os assaltos corriam soltos. Vários acontecendo, o povo gritava e a polícia nada fazia. Só pararam quando terminou o Festival de Boxe Amador.

494) Árvore frutífera (140 toques)
Não conhecia plantas, mas plantou as sementes de laranjeira que ganhara. A semente brotou e cresceu. Só estranhou ao ver os frutos: goiabas.

495) Ovelha negra (140 toques)
Ovelha negra da família. Feio, pobre e azarado, ninguém queria saber dele. Todos o ignoravam. Tudo mudou quando ganhou na mega-sena sozinho.

496) Lua de mel (140 toques)
Maria guardara-se para a Lua de Mel. Após o casamento, rápida recepção na casa da tia. Partiram, Lua de Mel. Porcaria de maionese estragada.

497) Fim do mundo (140 toques)
O boato corria forte. Ele acreditou que o mundo ia mesmo acabar. Preocupado, pensou em matar-se para não sofrer. Mais uma vez, era só boato.

498) Os caranguejos (140 toques)
Parou na estrada pra comprar caranguejos. Estavam mortos. O caiçara disse serem frescos. Abatera pra não sofrerem. Comprou. Partiu diarréia.

499) O cassino (140 toques)
Foi ao cassino com um mil reais. Duas horas depois estava com 15 mil. A mulher pediu para saírem. –Tá louca? Mais 30 minutos, estava a zero.

500) No bingo (140 toques)
Pela primeira vez não acreditava no que via. Estava ganhando como nunca. Ao levantar-se pra sair, batida. A polícia entra e a festa termina.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O presente de Natal

clip_image002Conto baseado em uma antiga parábola

Beto sempre foi muito amado pelos pais e, até por isso, mimado.

Os pais, posseiros, trabalhavam duro em uma gleba com cerca de um hectare - ou 10 mil metros quadrados, para quem não conhece as medidas do campo.

Dali tiravam o sustento da família composta pelos pais, o Beto e mais três irmãos mais jovens.

Plantavam de acordo com a temporada, sempre fazendo um rodízio para não cansar o solo e garantir uma maior produtividade. Sol a sol, sem descanso.

No terreno havia a casinha da família, um galinheiro, um chiqueiro e um celeiro não muito grande, mas suficiente para o pai guardar ali todas as ferramentas que possuíam.

Os pais haviam feito uma promessa a si próprios e a São José, padroeiro dos agricultores: os filhos estudariam e não teriam aquela vida sofrida que os fazia envelhecer precocemente. Os filhos seriam “doutores”.

Claro que, desde cedo, as crianças ajudavam nos tratos da roça, até porque não poderiam ficar sozinhas em casa sem quem delas cuidasse.

A vida era dura. Acordavam às 4 horas da manhã, tomavam um rápido café preto com pão e partiam para a lida. A mãe ainda ficava um pouco na casa para cuidar do almoço que era levado até eles com a ajuda dos pequenos. Afonso e os filhos mais velhos, Beto e Alaor, desde cedo cuidavam do cultivo. Os filhos só paravam para irem à escola.

Os mais jovens, enquanto a mãe preparava o almoço, iam dando milho às galinhas, completavam a água dos porcos e jogavam, nos comedouros do chiqueiro, tudo que era resto de comida e o que mais fosse comível.

Durante a tarde, invariavelmente, o filho do vizinho passava com a charrete e lá iam, Beto ou Alaor, acompanhando-o até a cidade para buscarem restos de comida para dar aos porcos das duas propriedades. Assim complementavam a alimentação dos bichos.

Mimado, Beto era meio rebelde no trato com os pais, mas isso, para os pais, era compensado pelos estudos. Ele não queria aquela vida para si e assim estudava sempre que podia e tirava ótimas notas.

Garantiria seu futuro.

Ao completar 19 anos, Beto, já formado nos ensino médio, partiu em busca de um futuro melhor. Conseguiu uma bolsa na faculdade e foi morar na cidade grande.

Trabalho de dia e estudos à noite. Não tinha descanso, mas sabia que era a melhor aposta para garantir um bom futuro.

No final do ano, férias, voltou para a casa dos pais duas semanas antes do Natal.

E chegou reclamando da vida, afinal todos os amigos iam de carro para a faculdade e ele, de bicicleta. Era vexatório.

Os pais pediam-lhe calma, pois tudo aquilo, um dia, se ajustaria.

- Como? Bradava ele. - Vocês vivem esta vidinha aqui, sem qualquer perspectiva de futuro. Parem de sonhar. – Eu queria é ter um pai rico que gostasse mesmo de mim e me desse um carro no Natal. Isso sim é sonho!

O pai, cabisbaixo e sem ter o que falar, retirou-se para o quarto.

A mãe foi chorar na cozinha, desabafando no fogão à lenha.

Os irmãos olhavam para Beto com muita raiva. Logo ele, o mais privilegiado de todos reclamava daquele jeito, sem reconhecer tudo o que os pais fizeram e faziam por ele e por todos.

Noite de 25 de dezembro, reunidos em torno da árvore de Natal, os pais entregam os presentes aos filhos.

Ao Beto coube a chave do celeiro com um pequeno cartão de natal que dizia:

-- Amado Beto, a você entregamos nosso celeiro e é seu tudo o que há dentro dele. Esperamos que você possa aproveitar muito. Amamos você. Afonso, Marlene e seus irmãos. FELIZ NATAL!

Beto foi tomado por um acesso de raiva. Não acreditava que os pais estavam fazendo aquilo - dar-lhe o celeiro e todas as ferramentas? Para quê se tudo o que ele queria era estar longe daquela vida?

Dia seguinte, ainda com raiva, partiu logo cedo de volta para a cidade. Queria esquecer aquele Natal em família. Família? Pois sim.

Definitivamente o Natal de 1993 seria apagado da mente dele.

Transcorridos 10 anos, Beto, já formado e trabalhando como um dos melhores advogados daquele escritório de advocacia, recebe uma ligação inesperada.

Era Alaor informando que Afonso estava nas últimas e pedia para ver o filho mais velho que, desde aquele Natal, não vira mais.

Toda aquela lembrança veio à mente de Beto e sentiu um certo remorso pelo que havia feito - na época não entendera o gesto dos pais e tudo, de repente, caiu como um balde de água gelada.

Como pudera fazer aquilo? Tinha de reconhecer e respeitar os limites dos pais, afinal eles não tinham estudo e sacrificaram-se pelos filhos.

Beto voltou ao sítio dos pais com um aperto no coração.

Não chegou a tempo de ver o pai vivo. Afonso, antes de morrer e prevendo que não iria ver Beto, deixou-lhe um bilhete.

-- Meu filho, o celeiro ainda é seu. Faça ao menos um favor ao seu velho, entre nele, veja o que há por lá, se alguma coisa ainda lhe servir, use. Se não, dê aos seus irmãos – só você poder fazer isso, pois tudo lá é seu.

Com o coração apertado, Beto entrou no celeiro e viu, ainda com os laços azuis, um gol prata, ano 1993, 0km. Junto um carnê de consórcio com 60 prestações pagas, a maioria com atraso.

Beto chorou ao entender o por quê de os pais nunca terem dinheiro.

Sentiu que era tarde demais.Como poderia agradecer por aquilo?

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Bonecamania

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Aos 12 anos, a mania por bonecas ainda estava arraigada.

Toda hora de folga era um tal de vestir e tirar roupinhas, montar cenários com as casinhas de boneca, comidinhas... tudo era motivo da maior diversão.

As amiguinhas também curtiam. As reuniões eram diárias e as brincadeiras rolavam até tarde.

Quando uma boneca nova era lançada, a febre era intensa. Boneca nova era sonho de consumo e status no grupo.

Depois da compra, sempre havia o batizado, a festinha com madrinhas e padrinhos muito bem vestidos para a ocasião.

Na mochila da escola, a boneca era uma presença constante, especialmente a Barbie preferida, uma espanhola chamada Cristina.

Cristina, companheira inseparável, ia todos os dias para a escola e, claro, tomava o tempo da turminha no intervalo

Era o “Clube da Boneca”, clube fechado que se isolava de todos os alunos.

Claro que também aconteciam outras brincadeiras como pular corda; passa anel; gato mia; amarelinha, mas a preferida era a brincadeira com as bonecas, as quais sempre falavam mais alto.

Em uma tarde qualquer, assistindo à TV, aconteceu.

De repente, o anúncio de uma boneca que não só falava, mas respondia às perguntas. Como aquilo era possível?

De imediato, com um olhar de súplica, voltou-se para a mãe e, antes que pudesse falar algo, a mãe, percebendo as intenções, soltou:

- Eu não posso decidir. Isso já foi combinado e, se quer mesmo essa boneca, vai ter de falar com seu pai.

Foi um balde de água gelada. Não só teria de aguentar até o início da noite, quando o pai chegasse a casa, como também havia um receio a ser vencido. O pai, certamente iria dar uma bronca por querer outra boneca.

Saiu de casa na esperança de encontrar uma das amiguinhas, para desabafar. Ninguém!

Sentou-se em um banco qualquer na pracinha e lá ficou com um ar de incerteza e ansiedade.

Um senhor, vendo aquela cena, aproximou-se, sentou-se e puxou conversa.

Muito amável, demais até, mostrou-se preocupado com aquela carinha triste.

- Que houve? Nenhuma criança pode ficar com uma carinha triste asssim.

- É por causa da Sissi. Respondeu.

- Hã? Quem é Sissi?

- Uma boneca nova que conversa com a gente. Eu quero muito, mas minha mãe disse que seu quiser, terei de pedir pro meu pai.

O senhor, muito interessado, disse que poderiam ir juntos até a loja para ver a Sissi de perto.

- Vamos lá? Talvez eu possa comprá-la para você. Meu carro está aqui perto.

Uma mistura de ingenuidade e vontade de ter a boneca fez com que acompanhasse aquele senhor simpático.

Ao aproximarem-se do carro, avistou Bia que vinha saindo da farmácia com a mãe.

Chamou-a e, ao contar a novidade e o que estava acontecendo, notou que o semblante de dona Marlene, mãe de Bia, mudara bastante.

Para ela havia ficado clara qual a intenção daquele senhor tão “simpático”.

O homem, ao notar a situação, entrou no carro e desapareceu.

A mãe de Bia tratou de esclarecer o fato. O homem, na verdade, era um pedófilo e não dava para saber quais suas reais intenções. Mas, com certeza, nada boas.

Salvação vinda aos 48 do segundo tempo.

A volta para casa foi pesada. Havia uma confusão naquela cabecinha.

Mas, foi só o pai chegar para tudo melhorar.

Bem, quase tudo. Havia ainda a questão do medo em falar sobre a boneca nova com o pai.

Mas a vontade era maior que o medo.

Depois de todos os acontecimentos narrados e o porquê explicado, o pai lhe diz:

- Venha. Sente-se aqui ao meu lado.

E, depois de uma pausa, que pareceu uma eternidade para a pobre criança, um pai ressabiado, um tanto desgostoso e lamentando muito aquela fixação por bonecas que parecia ter um destino certo que ele não queria admitir, termina:

- Você quer mesmo essa boneca? Pense bem, não prefere um carrinho ou uma bola, meu filho?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Tributo a Nelson Mandela

Nelson MandelaCom base na música MULHERES DE ATENAS, de Chico Buarque, minha homenagem a um grande homem - alguém que os políticos brasileiros podiam muito bem imitar.
Que belo país seria esse se isso acontecesse!

Cantem junto:
http://www.youtube.com/watch?v=MabbVn0Rlv4

O HOMEM DA ÁFRICA

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu para os seus queridos
Orgulho das raças, africanas

Suas ações amadas, continuam
Se banham na dignidade, se arrumam
Não são pra molengas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas; cadeias

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu para os seus queridos
Poder e forças africanas

Quando ele levantou os punhos, cerrados
Eles mostraram a força dos coitados
Mil apartheids
Enquanto eles segregam, eles sedentos
Querem acabar com os sofrimentos
Convívios plenos, não obscenos

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu para os seus queridos
Deu a vida às raças, africanas

Enquanto eles veem o povo como povinho
E costumam roubar o cofrinho
Até das crianças
E no fim dos mandatos, como ricaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, fraudulentas

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Viveu com exemplos queridos
Liderando as raças, africanas

Ele não tinha gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade;
Tinha medo apenas
Que os políticos só vissem seus próprios umbigos
O homem mau, interesseiro, rouba
Corrompe em quadrilhas, poderes

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, apenas
Daria vergonha aos políticos
Se vergonha na cara tivessem

E ele viveu com as pessoas marcadas
Gritou pelas abandonadas
Pobres sofridas
Travestiu-se de herói, sem medo
Nada quis pra si, era pro povo
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquele ser humano, distinto
No Brasil podia servir de exemplo
Envergonhando os eleitos