domingo, 22 de novembro de 2015

O Resgate



Acidente na Avenida Bandeirantes (SP 148 - a antiga Caminho do Mar) ocorrido em 20 e novembro de 2015, por volta das 14 horas.

Mais triste ainda é saber que o motorista que bateu com um jacaré no muro do outro lado da avenida, atingindo outro poste,  NESTA SEMANA, é o mesmo que dirigia este caminhão.

Informaram que ele "apagou " na direção - havia chegado de viagem e foi puxar contêiner... que será que ele tomou?

Motoristas... você não são super-heróis imbatíveis.

domingo, 9 de agosto de 2015

Sou pai e tenho orgulho disso.

Sou pai 2Um momento feliz na Vila  Belmiro,
vendo Palmeiras meter um 3X1 no Santos

Posso dizer que sou pai, no sentido em que a palavra é entendida, desde nove meses antes do dia 11 de maio de 1988, quando li, naquele exame, a palavra “reagente”. Sim, estávamos grávidos novamente e, desta vez, haveria de dar certo.

Perdêramos o primeiro, a quem demos o nome de Juraci, um nome tupiniquim pois foi espontaneamente abortado aos três meses de gravidez; impossível saber se era menino ou menina - Juraci servia para os dois e assim é cultuado para receber Luz no Plano Espiritual.

Aquele aborto foi uma barra pesadíssima.

Por mais que o Dr. Natal (Natal Marques da Silva, obstetra) tenha parado todas as consultas e gasto um tempo enorme naquela sala no andar térreo da clínica explicando-nos o que acontecera e o porquê daquilo, foi um momento de muita dor.

Já tínhamos mais de oito anos de casados e era hora de aumentarmos a família. A ansiedade era grande e aquilo deitou por terra nossos sonhos.

A barra aumentou, pois todos pensavam na minha mulher, na Rita e pelo que ela passara e mandavam que eu segurasse a barra dela etc e tal, o que era natural. Mas... e eu?

Sofri tanto quanto ela e com um agravante: as pessoas não se aperceberam disso e eu fui guardando, minando aquele sentimento, remoendo-o dentro de mim.

O tempo passou, as marcas cicatrizaram e novamente defronto-me com a mesma palavra: reagente. A notícia da segunda gravidez veio exatamente no dia 30 de setembro de 1987, meu aniversário.

O tempo foi passando e havia um grande bloqueio entre mim e aquele serzinho dentro de uma barriga cada vez maior.

Na primeira vez, eu brincava, conversava, trocava confidências com nosso bebezinho ainda em formação, sem o menor problema ou constrangimento. Curtia cada momento.

Contudo, como diz o velho ditado, gato escaldado tem medo de água fria e agora existia o receio de repetição do fato.

Só aos cinco meses de gravidez, numa noite de janeiro, conversei a este respeito com a Rita e me abri.

Expliquei-lhe o que havia acontecido quando do aborto e o bloqueio advindo com aquela tristeza toda e só a partir daí comecei a me soltar, a confiar que tudo daria certo.

E deu!

Lá estávamos nós, na sala de cirurgia, para o parto. Sim, nós, afinal não haveria quem me fizesse ficar em uma sala de espera exatamente quando nossa família estava efetivamente formando-se. Ela na cama e eu a postos com a máquina fotográfica na mão.

Cinco minutos antes das nove da noite veio à luz aquele serzinho. Na hora nem identifiquei se era menino ou menina.

- É uma linda menina! Disse-nos o Dr. Natal.

Não ser um menino foi um pensamento que passou mais veloz que um raio pela minha mente. Ali mesmo comecei a curtir aquela bonequinha de 51 cm e 3,660 kg que Deus nos dera para amar e cuidar.

Um ano e nove meses depois do nascimento da Camila, nossa família era completada com outro presente de Deus.

Sempre disse a todos que gostaria de ter um casal. Primeiro um menino e depois uma menina, algo mudado com a experiência de ser pai de uma menina.

Alguns dias antes daquele 15 de fevereiro, eu havia comentado com a Rita:

- Bem poderia ser outra menininha, né? Muito legal!

Bingo! Uma e quinze da manhã - tinha de ser na madrugada... rrssss - e quase nascida durante o banho no quarto da maternidade, vinha a Natália com seus 49 cm e 3,420 kg

Foi tudo tão rápido que coloquei a roupa para entrar na sala de parto muito às pressas e o único chinelo que havia era um tamanho 33. Fui com ele mesmo no meu “pezinho” 43.

Agora era ser pai em sua plenitude.

De setembro de 1979 a maio de 1988 éramos só eu e a Rita, curtimos tudo o que havia para curtir. Agora era a hora e a vez das meninas.

A vida mudou totalmente.

Para mim, filho não é um troféu a ser exibido nas horas fáceis (só não dei peito por não ter leite, mas fraldas e tudo o mais era comigo mesmo).

Filho é para ter pai e mãe. É para ser educado, criado com amor para que se torne um ser humano de primeira linha.

Tenho orgulho, e creio nisso, de ter sido um pai amigo e educador.

Ciente de que aqueles primeiros anos seriam bastante importantes para a formação delas, aproveitei ao máximo todo o tempo. Sem bater, sem gritar, mas educando com respeito e sem dó - quem tem dó, não educa.

Se fosse preciso ser rígido, era. Mas sempre consciente, sem perder a razão para saber exatamente como agir. Medo de mim nunca tiveram ou precisaram ter.

Eu não as levava para passear, ir à praia ou sei lá onde. Eram elas que me levavam. Os passeios eram delas e sabiam que ali estava um pai pronto para topar qualquer brincadeira e jamais as deixaria na mão.

Pequenos detalhes me dão orgulho até hoje.

Pré-adolescentes, certa vez uma das amigas disse-lhes algo do tipo:

- Vocês são as únicas do grupo que quando começarem a namorar vão falar primeiro para o pai e não para a mãe.

A Camila, então, deu-me um presente inusitado - o melhor que ganhei em todos os tempos: convidou-me a fazer faculdade com ela. Fomos colegas de classe no curso de Jornalismo.

Eu sabia que um dia elas cresceriam, como cresceram - a mais velha já está casada com um homem que ama e a ama -, e parariam de me ouvir como ouviam antes, não por não me acreditarem, mas sim por terem suas opiniões formadas e serem donas de suas ideias e ideais.

Por isso, repito, aproveitei ao máximo toda aquela época em que me ouviam. Ensinei-lhes o máximo que pude e tenho orgulho de, por exemplo, poder sentar-me à mesa com elas, em qualquer restaurante, sem passar vergonha ao vê-las no simples uso dos talheres. Sabem se portar em qualquer ambiente.

Seguras de si, são educadas e respeitosas e, cá entre nós, é fácil gostar delas - sem corujice. rrsss

Continuo sendo um pai orgulhoso e continuo a fazer coisas por elas que elas sequer imaginam que faço e elas podem ter a certeza de sempre contar com este pai que as ama muito.

Se cometi erros? Claro. Não sou perfeito e nem o melhor pai do mundo, mas fiz o que sabia com a melhor das intenções e acredito que consegui incutir nelas o melhor, ajudando na formação do caráter de ambas para serem dignas como o são hoje.

Obrigado filhas por terem me ensinado muito, assim como sua mãe o faz.

Vale a pena ser pai de vocês, a quem amo vocês incondicionalmente e sempre amarei.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Um peixe na nossa vida

Um PeixeNa ida...

Primeiro vemos, de repente, aquele peixão ao nosso lado, passamos por ele e novamente passamos, só que desta feita não passamos por ele como da primeira vez, mas sim passamos a vê-lo, pelo retrovisor, cada vez mais distante, cada vez menor... até sumir.

Sabemos que estamos, a caminho do planalto, deixando a cidade de Santos.

Santos não é uma cidade qualquer, ela foi eleita - e não por acaso - a melhor das grandes cidades brasileiras para se viver.

Com suas manias próprias, na qual se ouve um “tu vai” sem o menor constrangimento - é o tu sendo falado sem a preocupação em se conjugar o verbo - ; com pessoas morando neste ou naquele canal; que quando alguém vai ao centro da cidade diz apenas “vou à cidade”, como se nela não estivesse, assim como quem mora no bairro do Gonzaga “vai para o Gonzaga”; onde não há trilhos e sim linhas do trem; cidade em que se compra médias na padaria e não pão francês... além de várias outras coisas que só os santistas entendem.

Uma cidade que tem um jardim enorme na praia - sim, em Santos não é orla, é praia - tão grande que está no Guiness Book como o maior jardim de orla do mundo - até nosso cemitério está no livro dos recordes.

Santos do Santos, o time de futebol no qual surgiu o Rei Pelé, o atleta do século.

É esta a cidade que está sendo deixada para trás quando vemos, pelo retrovisor, o peixe ficando cada vez menor.

Na volta...

Ah... mas tem a volta.

A volta é quando descemos a Serra do Mar em direção à Baixada Santista e, já aqui embaixo, deixamos Cubatão para trás e nas proximidades do Jardim São Manoel começamos a ver o peixe, primeiro lá longe, pequenininho.

Ele vem num crescendo à nossa frente, dando a impressão de ficar cada vez maior à medida que nos aproximamos - ou seria ele quem se aproxima, trazendo-nos a cidade, aparentando uma ansiedade para que cheguemos logo em casa que nem mesmo ele consegue segurar?

O fato é que, avistar o peixe, indica que estamos chegando.

Passos semelhantes à ida ocorrem.

Primeiro vemos aquele peixão, depois passamos por ele... e as coincidências param por aí.

Ao passarmos por ele, a mágica acontece.

Se o víssemos pelo retrovisor, também o veríamos cada vez menor, mas, sabiamente, ele some rápido. Ele sabe que não é o protagonista nesta história.

Assim, ele sai de cena deixando apenas a cidade de Santos à nossa frente.

Viajar é legal, mas estar em casa não tem preço.

Querem saber? Santos vale a pena... e muito!

Santos praia

sábado, 27 de junho de 2015

Vidas secretas

Vidas secretas

Eram amigos de infância. Sempre foram vizinhos e estudaram na mesma escola, mas o tempo tratou de mudar aquele sentimento de simples amizade.

   Em uma tarde, quando ela voltava da aula particular de piano, bastou uma troca de olhares para que algo fluísse... e aconteceu. Aqueles coraçõezinhos começaram a bater mais forte.

   Ambos adolescentes, nenhum deles havia visto o outro ter ficado, namorado ou qualquer coisa do gênero. Era a primeira vez em tudo.

   Passados alguns dias daquele acelerar de corações, os dois ficavam cada vez mais retraídos quando próximos, era uma timidez que ainda não haviam experimentado. Sempre se relacionaram muito bem, trocando confidências e tudo o mais.

   Algo havia mudado naquele relacionamento de menino e menina. Não sabiam direito o que era aquilo. Será que não?

   Vencendo toda a timidez que a presença dela lhe causava, imbuído de muita coragem, um temeroso Alberto tocou nas mãos de Ana Maria que, ruborizada, não mexeu um músculo, deixando que se encostassem.

   Risinhos daqui e dali, a conversa foi tomando o rumo desejado pelos dois e começaram um namorico ali mesmo.

   Os dias foram passando... as semanas... os meses... e o namoro ficando cada vez mais sério; o amor cada vez mais forte.

   Passaram-se os anos, a maioridade chegara e eles continuavam naquela namoro de adolescentes, sem... sem... sem... sem que chegassem às vias de fato. É, vamos falar assim.

   Claro que o desejo sexual era latente, mas também era ardente, presente, permanente e persistente.

   Com pais ultraconservadores, pensar em sexo antes do casamento era surreal.. Simplesmente não poderia acontecer.

   Que fazer com todo aquele desejo?

   Estavam decididos. Apesar de os pais serem controladores, aquele desejo não poderia continua reprimido. Ambos compartilhavam da mesma opinião: tinha de acontecer

   Mas, tinha de ser especial. Muito especial - iam perder a virgindade juntos

   Alberto soube de um motel que havia sido inaugurado há pouco tempo em uma cidade vizinha e foi lá para conhecer o local. Saber se era digno e se estava à altura do grande momento com a amada.

   Voltou todo confiante a alegre com o que vira. Era ideal e ia fazer uma grande surpresa para a Ama, forma carinhosa como chamava Ana Maria - uma mistura de Ana Maria com amor.

   No sábado, saíram para passear como sempre faziam. Iam passar a tarde fora, indo ao cinema, parque etc. Iam a pé mesmo.

   Assim pensavam os pais.

   Tudo calculado, Alberto pegara um carro alugado, para não usar o do pai e partiram para a cidade vizinha.

   No quarto, ele não aguentando mais segurar aquela vontade de fazer amor com a amada, teve de esperar um pouco mais. Ela queria ir ao banheiro, aprontar-se para ele, pôr uma linda lingerie que havia comprado para a ocasião.

   Não houve jeito, mas ele adorou a ideia de vê-la de lingerie... aquilo seria demais.

   Deitado na cama, esperando por ela, pegou o celular para se distrair um pouco e assim afastar da cabeça aqueles pensamentos todos e acalmar as ideias.

   Quando foi buscar a senha do wi-fi estranhou - ela entrara direto, mostrando já estar cadastrada no aparelho.

   Como assim? Foi aí que notou que, por engano, havia pego o celular dela e não o dele...

- Amor...?

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A praia

A Praia

O luar fez a água do mar brilhar
As ondas deram uma trégua
Uma brisa suave surgiu do nada...
Trazendo um perfume gostoso no ar


Meu coração bateu forte, avisando
Só podia ser meu amor chegando
Era verdade. Lá vinha ela
Descalça, toda de branco, um doce


Chegou pertinho de mim e senti
Senti seu cheiro adocicado, sua respiração
Seu olhar dizia tudo, mas...
O que saiu de seus lábios


Isso sim fez toda a diferença
Olhando-me fundo, disse:
- Que faz na praia à esta hora?
- Já pra casa!

sábado, 21 de março de 2015

Contos Twitteranos [26]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

501) Ranzinza (140 toques)
Sempre ranzinza, naquela manhã acordara feliz. Saiu sorrindo. Sorriu cumprimentando conhecidos e desconhecidos. Naquela noite, dormiu feliz.

502) Bruxas (140 toques)
A bruxinha pede: -Mamãe, posso dar uma volta? -Pode filhinha, mas cuidado pois parece que vai chover. Melhor não ir de vassoura; vá de rodo.

503) Luz (140 toques)
G
emidos e respiração ofegante. Mais gemidos. Muitos esforços, cansaço e mais gemidos. De repente um grito, outro. Choro, choro alto. Nasceu!

504) Praia (140 toques)
Passou protetor 50. Foi à praia protegido. Futebol, frescobol, mar, muito sol. Mas, nenhum protetor aguenta mais de 10 horas de sol. Torrou!

505) Cães amigos (140 toques)
Depois de um dia horroroso, pneu furado ao chegar em casa. Abre a porta cheio de raiva. Rex com o rabinho abanando o desmonta. Fim da raiva.

506) Saidinha de banco (140 toques)
Foi aplicar uma saidinha de banco. Escolheu a vítima e a seguiu. Parou o homem e o roubou. Só não vira os seguranças. Deu-se mal, muito mal.

507) Liberdade demais (140 toques)
Ela adorava a liberdade sem responsabilidade. Aprontava todas e saía com todos. Grávida aos 17. Vida nova. Acabou a liberdade irresponsável.

508) Boa vida (140 toques)
Ele aprendeu cedo que a vida era mole para quem era duro e dura para quem era mole. Achou um meio termo, nem mole nem duro, e foi ser feliz.

509) Felicidade (140 toques)
A meta era ter muito dinheiro. Casaria com uma velha bem rica. Apaixonou-se por uma jovem pobre. Casou-se. Ele nunca fora tão feliz na vida.

510) Quase o recorde (140 toques)
Abatera várias naves inimigas. Mais de duas horas e estava no início do último nível. Prestes a bater os recordes. Queda de energia. Apagão!

511) O anjo (140 toques)
Ela dizia morar com um anjo de verdade, mas que ele ficava ali por não ter asas. Boato espalhado, foram ver. -Cadê? -Partiu. Ganhou as asas!

512) Acabou em pizza (140 toques)
Ela queria um sanduba. Ele, a fim de um pastel. Assunto discutido e não chegaram a um acordo. Tudo acabou em pizza: meia muçarela meia atum.

513) Briga de paladares (140 toques)
-Temaki é o melhor! Alguém gritou. -Prefiro churrasco! Disse outro. -Comida chinesa! Rebateram. Como decidir a briga? Foram comer uma pizza.

514) Enamorado (140 toques)
Não queria pisar na bola. Faria uma surpresa para a menina, mas não sabia onde jantariam. Qual o gosto dela? Na dúvida, foi no certo: pizza!

515) Dia do fico (140 toques)
Férias na Ucrânia. Iria? Fã da história brasileira, disse à mãe: Se é pro bem de todos e felicidade geral dos pais, diga à família que fico!

516) Dançarino (140 toques)
Primeira aula de dança. Todos o olhavam espantados. Cinco aulas depois todos queriam dançar com ele. A cadeira de rodas em nada atrapalhava.

517) Qualidade de vida (140 toques)
Basta! Chega de ser gordo! Mudou radicalmente. Boca controlada, exercícios e xô preguiça. Emagreceu, algumas dores sumiram. Era outro homem!

518) O auê (140 toques)
-Ei! -Hã? -Ó o auê! -Auê? -É! -Por quê? -Por que o quê? -O quê? -Tá o maió auê! -Onde? -Aí! -Aí? -Aqui não, aí! -Ah sei. -Sabe? -O quê? -Hã?

519) Mundo melhor (140 toques)
Todos achavam que o mundo era melhor sem ele. Passado um tempo, viram-se totalmente enganados. Que fariam sem ele? Daria para ressuscitá-lo?

520) Corrupção (140 toques)
Uma grande multa de trânsito para pagar, estava sem dinheiro. O policial ofereceu um jeitinho para se livrar da multa. Optou pela dignidade.

terça-feira, 10 de março de 2015

Rua Voluntário Gabriel Soares, Jacareí/SP

RuinhaRua Voluntário Gabriel Soares? Que nada!

A rua estreita, como muitas da Jacareí antiga, era conhecida como ruinha por aquele bando de meninos que a usavam como um centro de encontro a fim prepararem-se para as aventuras do dia, combinarem do que iriam brincar.

Sempre havia as brincadeiras de praxe, de épocas certas, como papagaios (que aprendi a chamar de pipa, morando em Santos), pião, bolinhas de gude ou espeto.

As de sempre também fazia parte do dia a dia, como polícia-ladrão, pega-pega, mãe da rua, pula sela, taco e o sempre presente futebol, o qual acontecia no quintal da casa do Paulo Arnaldo, no areião ou mesmo em qualquer espaço livre da rua ou em um campinho de supervárzea, muitas vezes jogado com bolas feitas com meias velhas.

Sobre carrinhos de rolimã tenho uma passagem inesquecível, com marcas para provar.

Vinha pela calçada da Antônio Afonso, pertinho de casa, dando impulso com o pé e segurando o eixo frontal para direcionar o bólido. Eis que o tal do eixo se solta, vira e eu freio o carrinho prensando as mãos entre a calçada e o eixo, dou uma pirueta com a parada brusca e bato o rosto na roda de um carro parado.

Pronto. Sangue para todo lado.

Levanto, recolho as peças, corro para o quintal de casa em busca das ferramentas de meu pai, conserto o carrinho e volto para a rua - não  cheguei.

Com o carrinho consertado, quando vou abrir o portão, ouço minha irmã gritando com aquele sotaque típico caipira:

- Mãe! O Carrrlos se machucou!

Pronto. A brincadeira deu lugar ao sofrimento.

Naquela época, em casa, os machucados eram tratados à base de salmoura e...

Em resumo, ali estava uma “coitadinha de uma criancinha” com a face esquerda tomada por aquela mistura de sal e água, assim como as costas das mãos. Se chorei? Ah ah ah que pergunta.

Era assim mesmo, se não fosse pego em flagrante, teria continuado a andar no carrinho de rolimã - não dávamos IBOPE para os machucados afinal era muito mais gostoso brincar que chorar.

Quantas vezes nossos tampões dos dedões dos pés eram abertos em uma raiz ou pedra quando errávamos o chute?

Comíamos frutas direto das árvores que fervilhavam pelos arredores, especialmente as jabuticabas no quintal da “Casa do Padre” (a casa paroquial onde viviam os padres e tínhamos aulas de catequese - para não confundir com catecismo que, para nós, era outra coisa. rrsss)

Havia, se bem me lembro, umas seis jabuticabeiras e subíamos o mais alto possível. Não só para pegar as melhores frutas, mas principalmente para não sermos vistos pelos padres.

Fazíamos “guerrinha” com nêsperas - sabem quanto custa uma caixinha com poucas dessas frutas hoje em dia?

Nossas guerrinhas também eram travadas com estilingues, usando mamonas como munição. Era um cacho na mão, cada um por si e Deus por todos.

E as antenas de televisão? Em Jacareí muitas casas tinham torres bem altas para captar as imagens. Em um dia de muita chuva e vento, a torre da casa do médico Dr. Carlinhos Carderelli dobrou-se e a antena ficou caída justamente na ruinha. Que festa fizemos!

Por quê? Ora, os tubos que formam as antenas eram excelentes zarabatanas para nossos dardos feitos com tiras de papel arrancadas de nossos cadernos.

Certa feita, eu e meu irmão estávamos em casa e tivemos a ideia maluca de alvejar um grande quadro que havia pendurado na parede da sala, quadro que meus pais ganharam no casamento.

Pusemos alfinetes nas pontas dos “dardos” e começamos os disparos. Quando o quadro estava cheio deles, ouvimos meus pais chegando. Em tempo recorde retiramos todos e nos salvamos de uma boa.

Põe boa nisso - naquele tempo não era bronquinha. Não mesmo.

Se tivéssemos sido pegos, com certeza o premio seria umas boas cintadas, fora o castigo.

Claro que há muito mais a ser contado, mas o importante é saber que eu não trocaria minha infância de pé no chão, tomando água de qualquer mangueira, com brigas de manhã que à tarde já haviam sido esquecidas, por esta infância de hoje em dia, com as crianças trancadas entre quatro paredes com um monitor à frente.

Naquele tempo não tínhamos vídeo games.

Tínhamos vida games, o que é muito mais legal.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Utopialândia

UtopialândiaAlexandre adorava o país em que vivia. Não o trocava por nenhum outro, fosse qual fosse.

O ensino era de primeiro mundo, com alunos respeitando professores e querendo aprender cada vez mais; todos com fome de ensino e aprendizagem.

Os livros das bibliotecas não tinham tempo de pegar poeira, pois não paravam quietos. Sempre havia alguém retirando este ou aquele livro e devorando suas páginas como um chocólatra devora um ovo de Páscoa.

Às aulas, todos compareciam e prestavam a maior atenção a qualquer vírgula. Tudo era considerado importante.

Em casa, as famílias sempre faziam as refeições com seus componentes sentados à mesa e mantendo conversas agradáveis para não atrapalhar o momento.

Os amigos eram Amigos e não simples conhecidos.

Que dizer dos políticos?

Os poderes executivos do país, nas três esferas, eram governados por homens ou mulheres cientes de suas responsabilidades para com a pátria.

Qualquer cargo nas empresas públicas, principalmente os de gerência para cima, eram dados a pessoas capacitadas e não a esta ou àquela pessoa ligada a determinado partido, como se fosse uma moeda de troca.

Os que haviam sido eleitos para os cargos no legislativo compareciam em massa, sempre lotando as assembleias e discutiam leis que, de fato, faziam sentido e sempre em prol do país.

Sim, havia os a favor e os contra o governo, afinal oposição era considerada altamente saudável.

O diferencial naquele país era que, se o governo apresentasse um projeto bom, a oposição votava a favor sem pedir nada em troca. Não era preciso nomear um diretor de uma estatal para que determinado partido votasse a favor - não se negociava cargos; tudo era pensando no país e no bem estar da população.

Óbvio que nem tudo eram flores. Havia aqueles que viviam à margem da sociedade e praticavam furtos, roubos e toda espécie de crime.

Contudo, a polícia era eficiente e a justiça séria e dura.

Idade de 15 anos apenas e roubou algo de alguém? Se tinha idade para roubar, tinha idade para responder pelo crime. Era julgado e, se condenado, preso normalmente e não apreendido para ser solto dali a pouquíssimo tempo

Ninguém estava acima da Lei. Até os policiais usavam cintos de segurança nos carros e os de moto usavam o capacete com a viseira abaixada - todos sabiam de suas responsabilidades e de que tinham de dar o exemplo.

As cadeias eram como hotéis e cada “hóspede” pagava por sua estada. Os presos tinham que trabalhar para seu sustento, cujas despesas não saíam dos cofres públicos.

Auxílio reclusão? Não! De forma alguma.

O auxílio que existia naquele país era o Auxílio Vítima.

Se por acaso alguém viesse a matar um arrimo de família, a família do criminoso passava a pagar uma pensão vitalícia à família da vítima para ajudar em seu sustento.

Com tal sistema, era preciso pensar muito se realmente o crime compensava. As cadeias eram cheias sim, mas de celas vazias.

Alexandre vivia feliz. Estava noivo de Mônica e iam casar-se dali a poucos dias.

Apartamento comprado por um sistema de financiamento que não sufocava os compradores, sem valor residual ao final do contrato e taxa excelente, fruto de um programa do Governo Federal que dava chances a qualquer um ter sua casa própria onde quisesse e não pseudo-casas, ditas populares, em bairros afastados como ele próprio já vira.

A estabilidade do país em termos econômicos permitia que se fizessem planos a perder de vista, haja vista que a inflação era praticamente zero e não havia risco de uma deflação.

Possuir um automóvel novo também não era problema. Com impostos baixos e excelentes vias, era fácil.

Abastecer o veiculo também era tranquilo, visto que o país era autossuficiente em petróleo e o preço da gasolina era baixo - só perdendo para o preço do álcool; as plantações de cana e usinas espalhavam-se e o preço do etanol era mais que justo, já que não vinha inflacionado pela ganância, fosse dos produtores ou do governo.

Vida excelente.

Ruas limpas, lixos recicláveis sendo separados pela própria população e levados pelas prefeituras para usinas de tratamento. Lixos orgânicos transformados em combustíveis que alimentavam os prédios públicos. Os famigerados lixões não existiam.

Todos os prédios contavam com sistema de coleta de água das chuvas, a qual era devidamente utilizada nas lavagens de áreas comuns, calçadas ou descargas dos banheiros. Tudo era aproveitado.

E o grande dia chega. Casório!

Alexandre acorda depois de uma linda, tranquila e revigorante noite de sono. Sai da cama todo feliz e, como sempre, põe o pó de café e a água na cafeteira, liga o aparelho e se senta à mesa para esperar pelo café fresquinho.

Enquanto espera, abre o jornal e...

Não acredita no que vê.

A manchete do jornal tira toda sua tranquilidade.

Ele cai na real! Adeus Mônica, adeus casamento!

E, grita desapontado:

- Era tudo sonho! Por que fui acordar?

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Descida das Escadas de Santos 2015 Classificação

Capa

Sábado, 21 de fevereiro de 2015 - 16h - Classificação

Prova - 22 de fevereiro de 201, domingo.

Imagens da etapa classificatória para o domingo.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Por um mundo não comunista

Muro de Berlim

Queda do Muro de Berlim - Novembro de 1989

Foto: Gavin Stewart

Dia desses li uma frase que me chamou a atenção.

Era algo assim:

              “Comunista é aquele que leu Marx.
               Anticomunista é aquele que entendeu Marx.”

Esperem, vou pôr um parêntese aqui:

Não estou comentando sobre partidos políticos, quaisquer que sejam, vamos deixar isso bem claro aos antipetistas e aos petistas. Não quero abrir discussões sobre isso aqui.

Bem, voltemos ao texto.

A ideia do comunismo não é algo recente, e nem é tão fruto assim da imaginação de Karl Marx e seu amigo Engels. Platão (427-347 a.C.) já pensara isso lá atrás... bem lá atrás, afinal foi antes de Cristo.

O filósofo grego queria extinguir as propriedades privadas e as famílias; os filhos seriam criados pelo Estado, tudo em prol da comunidade, cujos interesses sobrepujariam quaisquer interesses individuais.

E todo mundo “viveria igual, feliz e quietinho”, como vaquinhas em um presépio.

Na Idade Média, os feudos e o exagerado enriquecimento da Igreja também deram origem a movimentos com o intuito de abolir as desigualdades. Alguns religiosos, eu diria: os mais espertos, defendiam que a nobreza fosse extinguida e apoiavam a revolta dos camponeses como base para uma nova justiça social.

O Britânico Thomas Morus, no século XVI, também questionava os valores da época em favor de uma sociedade ideal. Ele escreveu “Utopia”, obra que apontava bases para que o comunismo subordinasse a individualidade em favor do coletivo.

No século XVII, com a Revolução Inglesa, os trabalhadores reivindicaram o fim das propriedades privadas e que as riquezas fossem igualadas coletivamente.

Como se pode ver, comunismo é algo que vem sendo tentado há mais de 2400 anos, sem sucesso.

Marx, de quem muito se fala hoje em dia, não fugiu às regras das tentativas anteriores.

Resumindo, bastante, a ideologia de Karl Marx:

Acabam as desigualdades; as classes subordinadas tomam o controle do Estado.

Desta forma, ao novo Estado, agora gerido pelas classes subordinadas, fica a missão de pôr em prática mudanças a favor do fim das desigualdades, não só sociais, mas também econômicas.

Um governo fixado nos interesses dos trabalhadores que ao longo do tempo reforçaria a ideia do comunismo, culminando com a extinção do Estado em favor da sociedade, uma sociedade em que as riquezas seriam distribuídas igualmente àqueles que contribuíssem com sua força de trabalho. Nem pobres, nem ricos.

É isso que Karl Marx tratou na obra O Capital. Em seu livro, ele defende a tomada do poder pelos empregados das fábricas e a adoção de uma economia planejada que poria fim às desigualdades e supriria todas as necessidades dos indivíduos.

De todas essas tentativas infrutíferas de fazer valer um Estado proletário, tiro uma conclusão bastante simples: o ser humano é dotado de sentimentos? Se a resposta for um sim, toda a teoria vem por água abaixo.

A meu ver, o comunismo somente daria certo em uma comunidade robótica, em que ninguém tivesse vontade ou qualquer outro sentimento. Contudo, uma lobotomia geral não faz sentido algum.

Insisto que se pensam nisso desde Platão, há mais de 2400 anos e, nesse tempo todo, não deu certo, por que daria agora? Não deu, não daria e nunca dará - o ser humano continuará sendo um ser pensante, com vontade própria.

O muro caiu na Alemanha comunista, terra de Marx, e ela se juntou à Alemanha Ocidental porque viu que não dava mesmo certo. Fim do comunismo no país, ou melhor, fim do país.

A outrora forte União das Repúblicas Socialistas Soviéticas desmembrou-se e hoje temos eleições presidenciais na Rússia.

Dois bons exemplos de países com pessoas inteligentes que souberam ver a impossibilidade da aplicação do comunismo, haja vista que, na época, o povo vivia à míngua e os poucos no poder cada vez mais fortes e ricos. Quede a distribuição igualitária que nunca houve?

Outros dois exemplos marcantes: Cuba e Coreia do Norte - dois países notadamente comunistas em que o povo nada tem e os donos do poder vivem uma vida nababesca.

Onde foram parar as ideias da divisão, da igualdade? Fim do Estado? Só rindo para não chorar.

Acabo dando razão ao dono da frase acima e, vou além:

No mundo sempre valeu muito mais o ter que o ser. Por isso acho que o comunista, tendo ou não lido Marx, deixa de ser comunista:

a) No primeiro instante em que cessar a locupletação que o sustenta.

b) No primeiro instante em que for prejudicado de forma direta, principalmente se afetado em sua economia,  pelas ações do comunismo.

Os que entenderam, perceberam que as ideias são mais que utópicas, que o ser humano não é um dos personagens sagrados do livro A Cabana (Elousia, Emanuel e Sarayu), especialmente no trecho abaixo:

- “... não existe o conceito de hierarquia entre nós, apenas de unidade (...). 
Os humanos estão tão perdidos e estragados que para vocês é quase incompreensível que as pessoas possam trabalhar ou viver juntas sem que alguém esteja no comando.”

Esta é a minha opinião. Cada um tem a sua.

Sugestões de leitura:

1) Um experimento socialista

2) A Cabana. Não leu? Clique aqui e leia minha resenha postada em 22/09//2009.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

CMA CGM TIGRIS

Capa 3

O CMA CGM Tigris iniciou as operações nos portos brasileiros nessa sexta-feira, 06 de fevereiro de 2015, quando atracou no cais do terminal Libra-47, em Santos.

Este é o maior navio que opera nos nossos portos, possui 300 metros de comprimento (quase três campos do Pacaembu) e é mais largo que a Avenida Paulista.

Se você curte navios full containers, dê uma olhada no vídeo abaixo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O jardim das praias de Santos

Capa vídeo

Este jardim dispensa apresentações.

Quer relaxar... tirar o estresse? Dê uma volta por ele.

O vídeofoto abaixo prova isso.

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Quero ser livre!

Quero ser livreSe ele gostava da família? Claro!

A mulher e os três filhos eram companheiros, viviam sempre juntos nas dores e nas alegrias. Havia uma cumplicidade legal por ali e todos se ajudavam.

Entretanto, estranhamente algo faltava na vida de Pedro. Tudo era alegria, mas nem tudo eram flores.

Ele sentia uma necessidade premente de ser totalmente livre, ter a vida dele só para ele.

Não, não era egoísmo, era um sentimento diferente que o atordoava dia a dia.

Queria viajar, acordar a hora que bem entendesse, sem rotinas diárias, sem levar ninguém para a escola, sem as lições de casa... queria jogar o relógio fora.

A preocupação com a família não poderia ser deixada de lado; a obrigação do sustento era dele.

Lá ficava ele, o anjinho de um lado dizendo-lhe para ficar com a família e o diabinho do outro fazendo pressão para “se mandar”, viver a vida de uma forma gostosa, sem compromissos.

Pedro tinha um bom trabalho, era otimamente remunerado e mantinha um padrão de vida excelente. Talvez fosse isso.

Como podia fazer praticamente de tudo com o salário que recebia, ele tinha poucos prazeres, pois tudo era lugar comum.

Alguns amigos que também sentiam o mesmo e haviam partido para o consumo de drogas, trocas de casais ou outras estripulias às quais ele era totalmente contra. Impossível imaginar-se fazendo este tipo de coisa - drogas? Nunca! A mulher dele com outro? Jamais!

Com resolveria a questão?

Aquele tormento já estava gerando conflitos no viver dele, tanto no trabalho quanto no lar. Tinha que dar um jeito.

Sempre pensando no futuro da família, sem ele, há alguns anos fizera um bom seguro contratado com um amigo que era corretor, com um prêmio alto o bastante para que todos vivessem tranquilamente.

Caso algo de ruim acontecesse e ele faltasse, a mulher e os filhos ficariam muito bem.

Ao receber uma ligação desse amigo, para tratarem da renovação do seguro, foi que uma luz acendeu-se em sua cabeça. Uma ideia meio maluca. O seguro!

Marcou com o amigo, renovou o seguro dando um bom aumento no valor que caberia à família caso houvesse algum sinistro.

E continuo vivendo a vida, agora com uma nova perspectiva pela frente: dar tempo ao tempo para pôr o plano mirabolante em prática.

Dois meses depois, em uma noite, descendo a Serra do Mar pela Via Anchieta - gostava de ver as luzes da Baixada Santista lá do alto, vista que a Imigrantes não fornecia com seus túneis infindáveis - a vida lhe foi ceifada violentamente.

Pelo que se soube, um caminhão abrira demais a curva para ultrapassá-lo, de forma arriscada, e lançou o carro de Pedro abismo abaixo.

Um grande estrondo, uma grande explosão (parecia filme de Hollywood)... acabou.

Tudo o que a família chorosamente conseguiu recuperar de Pedro foi um monte de uma massa calcinada daquilo que um dia fora um ser humano.

O reconhecimento só foi possível pela arcada dentária - não sobrara nada.

A família continuou bem, com o mesmo padrão de vida, e muito agradecida ao marido e pai amado que havia se preocupado com seu bem estar e providenciara tudo. Um homem prevenido que amava mesmo a família.

Acabou...

Sim, Pedro não existia mais.

Ali morreu um chefe de família para sempre idolatrado e nascia uma nova pessoa.

Nascia o Henrique, um homem livre, leve e solto.

Um desconhecido para quem Pedro também fizera um ótimo seguro há dois meses, não com o amigo, mas com um corretor lá do Nordeste, durante uma viagem a trabalho.

A pior parte para Pedro foi ter comprado o corpo de um mendigo. Mexer com aquilo não era mesmo a praia dele.

Não menos difícil foi gastar uma boa grana com um dentista para que ele mapeasse a dentadura do cadáver e fizesse um prontuário odontológico como se aquela arcada fosse de Pedro.

Coincidentemente, quando do acidente, a ficha estava na casa dele, aos cuidados da esposa, que os levaria ao dentista dela dali a dois dias, já que haviam combinado que Pedro passaria a usar o dentista da esposa.

Assim, foi fácil identificar aquele corpo no carro como sendo de Pedro.

E o Henrique?

Bem, Henrique deixou seu relógio no carro, nunca mais comprou outro e foi viver em um sítio no interior de Goiás fazendo o que queria, quando queria e como queria.

Não é que o filho da mãe se deu bem?

Moral amoral da história:

o crime não compensa, mas,

quem não arrisca, não petisca.