quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Um jogo que ficou na minha história


Aquele longínquo 7 de maio marcou minha vida e faz parte de minhas lembranças do passado e uma cena não sai de minha visão: eu deitado no chão vazio, em frente ao radião, ainda de válvula, ligado à tomada, sozinho, ouvindo o segundo jogo das finais da Taça Libertadores da América daquele 1968. Só eu, o rádio e o amor pelo Palmeiras que não era Porco, era Periquito. Menino com 12 anos de idade, único palmeirense de uma família de sãopaulinos, estava sozinho naquela casa vazia - a família acabara de mudar-se para uma outra, na mesma rua, mas não pude acompanhar a mudança, não naquela hora. Impossível mexer-me de lá, afinal, não podia perder um segundo sequer daquele jogão de bola, esperança de ver meu amado time ser campeão das Américas. O Palmeiras não ganhara o primeiro jogo contra o Estudiantes, lá na Argentina, por 2 x 1 e tinha de ganhar o segundo... e estava ganhando. 2x0 para nós e estávamos já na metade do segundo tempo. Um terceiro gol aconteceu e eu vibrava ainda mais. Que show Dudu, Ademir e o Tupãzinho - que havia feito dois dos nossos três gols (o nosso segundo ficou por conta do Rinaldo) - deveriam estar dando em campo. Minha imaginação fervilhava. O rádio gritava junto com um Pacaembu onde 40 mil palmeirenses dançavam e comemoravam cada minuto que passava e eu lá, sozinho, imaginando e querendo estar no Pacaembu. Ai que vontade. Naquela época eu ouvia o Fiori Gigliotti com seu famoso "abrem-se as cortinas e começa o espetáculo" - e que espetáculo -. Ganhamos de 3X1 (maldito Verón) e o jogo foi para a terceira partida e íamos decidir em campo neutro: Montevidéu - melhor parar as lembranças por aqui, pois não é nada bom lembrar aquela partida em que perdemos de 2x0 e ficamos com o vice. Vice? No Brasil não vale nada, mas sim, o Palmeiras seria, pela segunda vez, vice-campeão da Libertadores. Mas realmente a cena ficou - eu, o rádio e a vitória do Palmeiras naquela casa vazia - puxa, como valeu a pena ter ficado lá e chegar na casa nova com um sorrisão de orelha a orelha, esnobando todos os sãopaulinos. Ah Ah Ah Ah Hoje, neste 26 de agosto de 2009, a Sociedade Esportiva Palmeiras completa 95 anos e continuo o mesmo apaixonado. Como é bom torcer para um time digno que me enche de orgulho. PARABÉNS VERDÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Dá-lhe Porco!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

domingo, 23 de agosto de 2009

Eu, eu e eu!

Desde que o homem passou a existir neste mundo, há milênios, ele sempre viveu em comunidades, nunca sozinho - salvo um ou outro eremita. E o que é comunidade, senão viver em comunhão, quando um tem de pensar no outro e o outro no um?

Deve, portanto, existir, em qualquer relacionamento, uma troca constante e espontânea, na qual todos dão e todos recebem. Pensar só em si mesmo, não se preocupando com os que estão à sua volta, é um ato falho, infelizmente muito praticado.

Normalmente tal ato é praticado por pessoas que, por agirem de forma tão natural, acabam acreditando que têm amigos e podem fazer com eles o que quiserem, desde que obtenham alguma vantagem, ignorando a reciprocidade que teoricamente deveria haver.

Tais pessoas fazem um favorzinho aqui e outro ali, apenas para compensar sua falta, e, quando precisam e não são correspondidas, agem como se o mundo acabasse. Ficam revoltadas, achando que ninguém faz nada por elas e que não seriam merecedoras de um tratamento injusto.

Difícil é fazê-las parar para pensar em como agem no seu dia a dia, fazer uma autocrítica analisando seu próprio modo de agir e se realmente teriam sido injustiçadas ou não.

Ter uma vida pró-ativa, querer subir, ter a ambição de conquistar seu espaço é bastante necessário, mas não se deve olhar somente para si, há muitas pessoas em volta de todos nós que, inclusive, podem nos ajudar nesta difícil tarefa de vencer na vida. Mas jamais devem ser usadas como degraus e sim como um forte alicerce que está ali para nos sustentar realmente.

Garantir que tenhamos esse alicerce embaixo de nós não é difícil, basta que também alicercemos o próximo, fazendo-o crescer junto conosco, pensando pró-ativamente, mas sempre dando a devida importância ao conjunto, afinal, sozinho, ninguém faz nada.

sábado, 8 de agosto de 2009

Resenha - Três vidas, três mundos e um amor dividido

Iniciando o mês de agosto com a resenha de um livro que achei muito bom:

Título do Livro: A Montanha e o Rio
Título original: Brothers
Autor: Da Chen
Tradução: Paulo Andrade Lemos
Romance
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007
493 páginas

O romance A Montanha e o Rio foi escrito por Da Chen, um imigrante nascido no sul da China em 1962 e que chegou aos Estados Unidos aos 23 anos de idade. Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de Columbia, atualmente reside na região do vale do rio Hudson, no estado de Nova York, com a esposa Sunny e os filhos Victoria e Michael.
Um romance que mistura realidade com ficção.

A história, que atravessa a Revolução Cultural chinesa dos tempos de Mao Tsé Tung e passa pelos acontecimentos na Praça da Paz Celestial, em 1989, quando inúmeros jovens foram mortos pelo exército vermelho, narra a saga dos irmãos Tan Long e Shento, que não se conheciam e também não sabiam da existência um do outro, e de Sumi Wo, paixão declarada dos dois. A história da briga pela vida em que cada um dos três foi obrigado a entrar fundo, com bastante rigor e força de vontade para sair vitorioso pode ser demonstrada pelo pensamento de Shento logo nos primeiros capítulos: “(...) tudo o que eu estava sentindo naquele momento era o frio cortante da realidade e a áspera necessidade de sobreviver”.

Enquanto Tan Long nasceu em berço de ouro, no seio de duas famílias tradicionais e poderosas, tanto no mercado econômico quanto no campo militar e teve a melhor educação, Shento já começou sua vida brigando contra as forças do destino - recém-nascido contou com a sorte para que não sucumbisse com sua mãe suicida e renascesse nos braços de um bom velho que o criou dentro dos padrões da ética e bondade: nobres sentimentos de um povo do pequeno vilarejo marcado pela pobreza.

Iguais em inteligência, os dois irmãos seguem caminhos diferentes, mas com os mesmos percalços - ambos caem em desgraça, lutam pela sobrevivência, vencem, caem novamente e mais uma vez vencem a luta contra os reveses que a vida lhes apresenta.

Não diferente é a história de Sumi Wo. Também bastante inteligente, tem uma vida sofrida com a desgraça batendo-lhe à porta e as conquistas conseguidas por meio de muita luta e coragem.

Salva por Shento de ser estuprada no orfanato em que ambos viviam, Sumi fica só já que o menino, para fugir dos algozes que o buscavam por ter matado os três que atacavam sua amada, desaparece na mata a caminho do mar.

Mesmo crendo que seu amado havia sido morto pelos tubarões, ela leva uma vida cheia de esperança, vivenciando seu amor na presença do filho que havia sido gerado, sem intenção e às pressas, em um gesto de despedida naquele dia fatídico.

O destino faz com que Sumi encontre Tan Long, meio-irmão de Shento. A similaridade entre os dois, tanto física quanto em seu interior, transforma uma amizade em amor, um amor perseguido pelas lembranças de Shento, tido como morto.

As reviravoltas desse mesmo destino geram uma rivalidade entre os dois irmãos, inimigos declarados mesmo antes de se saberem do mesmo sangue.

Tan Long, criado no meio do mercado de capitais é levado ao capitalismo, em que vale o dinheiro, não tanto a honestidade das pessoas, prevalecendo a vontade. Com o desenvolvimento dos fatos, torna-se líder dos revolucionários e dá uma outra guinada em sua vida, transformando-a totalmente. Sua história vai do luxo ao lixo e de volta ao luxo.

Shento, criado dentro do poder comunista e preparado para servir ao partido, age mais por uma ideologia em que vale seguir as regras e a fidelidade, mas também prevalecendo a vontade. Sua história vai do lixo ao luxo do poder, retornando aos valores intrínsecos em seu ser, valores de seu passado.

Sumi Wo, dividida entre dois amores, é a heroína que chama para si a responsabilidade de combater os comunistas, junto a Tan Long, e que acaba abandonando a ambos para salvá-los e salvar-se.

Uma trama movimentada, na qual o poder fala mais alto e cada um busca-o para si a fim de, além de alcançar seus objetivos e ter sucesso na vida, lutar e prejudicar seus inimigos. Uns em prol da vida outro em prol do poder.

Ao seu término, a narrativa chega a um final inesperado que fica a critério do leitor.