segunda-feira, 29 de outubro de 2012

As Mulheres mais velhas

Mulheres mais velhas

O Blog agora conta com as ilustrações feitas pelo Luiz Rafael da Caricômicos,

um novo parceiro que já fica indicado.

Dinho sempre gostou de mulheres mais velhas. Tara antiga.

Era normal ouvi-lo elogiar, dizendo que algumas delas deixavam qualquer garotinha “no chinelo”.

Rapaz bonito, boa pinta, ele conhecia bem seus dotes e não dava moleza. Quando via uma que valesse a pena, assediava até vencer.

Desistir? Jamais!

Certa tarde, lá estava ele na praça de alimentação de um shopping esperando por Edgar, um colega de escola, de pouco tempo, mas que estava se tornando um amigão.

Ao tomar o primeiro gole de coca, notou a presença solitária daquela deusa do Olimpo, alguém que causaria inveja a Afrodite.

-- A coroa dos sonhos - pensou Dinho - tomara que o Edgar se atrase um pouco...

Sem perder tempo, levantou-se e partiu para o ataque, Não poderia deixá-la fugir.

- Boa noite. Desculpe-me, mas é que eu tenho meio que um trauma de infância e não consigo comer sozinho. Incomodo muito se eu me sentar à sua mesa?

Com toda a educação mostrada, aliada à “cara-de-anjinho-carente”, ela não teve como negar.

Ele se sentou calado, demonstrando certa timidez, o que fez com que ela iniciasse a conversa. Tudo o que ele queria.

O que se viu a partir daí foi uma crescente eloquência por parte daquele rapaz antes tímido e retraído.

Dinho jogou todo seu charme, ao que ela, percebendo as intenções do malandro, de imediato quis dar um basta.

Mas, que nada. Dinho, apesar da pouca idade, tinha uma vasta experiência no campo da sedução. Ela logo estaria conquistada, afinal ele era uma espécie de Rei da Gerontofilia, como ele mesmo se gabava.

A partir daí foi ela tentando desvencilhar-se do rapaz e ele cada vez mais afoito, começando a dar uma baixada no nível da conversa.

Quando notou que não ia dar em nada, aí ele descambou de vez.

Fazendo uso de palavras cuidadosamente escolhidas, começou a ofendê-la, dizendo que ele seria a salvação dela pois, com certeza, o marido já não mais dava conta. Que ele isso, ele aquilo, que ela viajaria como nunca nos braços dele.

Começou a detalhar cenas imaginárias de como eles se curtiriam, sobre o que ele faria com ela em um motel, fechados entre quatro paredes. Deu asas amplamente abertas à imaginação.

Não teria nada a perder e, por tabela, ensinaria àquela ex-deusa do Olimpo que ele era O Cara e ela uma perdedora.

Sempre em voz baixa, para não levantar suspeitas, continuou a ofendê-la de maneiras cada vez mais baixas.

Ela se levantou e foi para outra mesa e, quando Dinho fez menção de segui-la, deparou com o Edgar que vinha chegando.

-- Bem, pensou ele – vou deixar essa velha pra lá. Acenou para o amigo, chamando-o para a mesa.

- Oi Dinho. Chegou há muito tempo?

- Nada cara, estou aqui tem menos que 15 minutos. Estava começando a tomar um lanche.

- Legal Dinho. Você está com suas coisas aqui? Meu pai vem nos buscar daqui a pouco e já partimos para o final de semana na chácara.

- Sim Edgar, está tudo aqui. Estou é bastante ansioso para este final de semana prolongado e tenho certeza de que vai ser bem divertido.

Assim foram conversando, e Dinho não tirava os olhos daquela tentativa de conquista, daquela coroa sensacional sentada à uma mesa do outro lado da praça. Desta vez não dera mesmo certo, mas não se podia ganhar todas.

O importante agora era pensar no final de semana na chácara dos pais de Edgar.

Notou quando um homem aproximou-se dela, beijando-lhe rapidamente os lábios - como ele queria ter feito aquilo.

Nisso, Edgar olhou para o mesmo lado que Dinho e também notou a presença do casal.

- Legal, meus pais chegaram, venha, vamos falar com eles.

- Hã? Como assim? AQUELA É A SUA MÃE?

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Contos Twitteranos [12]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

221) Tiros na favela (140 toques)
Tiros do lado de fora. Ela, com medo, fincou-se na sala vendo TV. Madrugada adentro, mais tiros e ela acordou assustada. Agora era só na TV.

222) Frustrado (140 toques)
No apartamento, sozinho, gritou: CHEGA DESSA VIDA! Abriu uma janela e, sem pensar, saltou para o suicídio. Só esqueceu que morava no térreo.

223) Incêndio (140 toques)
Sirenes e gritos na madrugada. Ele acordou com sono. Só queria dormir. Abriu a janela para reclamar. Viu que era o próprio prédio em chamas.

224) Neve (140 toques)
Mudou-se para o Canadá. Queria conhecer e viver na neve. Inverno. A primeira neve, LINDA! Brincou muito. Mais 3 dias, xingava preso em casa.

225) Turismo (140 toques)
Passear de trem pela Europa. Comprou uma cabine e armou a cama perto da janela. Queria ver as paisagens. Dormiu toda a viagem. Não viu nada!

226) Fim de namoro (140 toques)
Fim do namoro. Pediu a ela que lhe devolvesse o chaveirinho de boneca. – Tá bem, disse ela. E você me devolve o cartão de crédito e o carro.

227) Na pele do lobo (140 toques)
Radicalizava. Quis conhecer as drogas, drogou-se. Pobreza? Mendigou. Asa Delta? Voou. Tudo acabou quando quis conhecer o outro lado da vida.

228) Carros (140 toques)
A dúvida era cruel. Não sabia se comprava a Mercedes Mc Laren ou a Ferrari California. Na dúvida, esqueceu os dois e comprou um fusca mesmo.

229) Sol ou chuva? (140 toques)
Sol? Chuva? Oh dúvida! Resolveu sair sem o guarda-chuva, o otimismo havia prevalecido e o sexto sentido lhe dizia estar certo. Choveu muito!

230) Sentinela (140 toques)
De prontidão, vigiava o acampamento. Cochilou, acordou, olhou ao redor, dormiu. Acordou com o pior dos sargentos, fitando-o. Adeus descanso!

231) Campeão (140 toques)
Queria muito ir ver o jogo decisivo. Foi. O time seria campeão. Vitória garantida. Voltou triste. Alguém não combinou com o time adversário.

232) Lei de Murphy: o pum! (140 toques)
Sábado, final da tarde, saindo do escritório. Prédio vazio. Viu-se só e soltou no elevador. Nem ele aguentava. A porta abriu, elas entraram.

233) A fila anda (140 toques)
Onze da noite, deixou a namorada em casa, pois tinha de estudar. Em casa, trocou-se e foi para a balada. Encontrou a namorada divertindo-se.

234) Voz fina (140 toques)
Ele tinha voz fina, afeminada. Nunca ligara para isso e curtia, brincando. Brincou até o dia em que o Anderson Silva perguntou-lhe as horas.

235) Casamento difícil (140 toques)
Iam casar-se. No dia, morreu o pai da noiva. Adiaram. Aí vem a morte do pai do noivo. Adiaram. Então foi a vez da mãe do noivo. Juntaram-se.

236) Fora na balada (140 toques)
Na balada vê a mulata dos sonhos. Ficam. Ficam mesmo. Leva-a para casa. Ela vai ao banheiro e, escondido, ele a espia fazendo o xixi. Em pé?

237) A última bolacha do pacote (140 toques)
Escondeu o pacote com a última das bolachas importadas. Ainda não comera nenhuma. Quando o pegou, a sobrinha aparece do nada e: tio, dá uma?

238) Filme de terror (140 toques)
Foi com a namorada ao cinema ver um filme de terror. Ela tremia e ele ria. À noite, hora de dormir, lá foi o machão: mãe, posso dormir aqui?

239) Cadela folgada (140 toques)
Hora de dormir. Foi pra cama. Calor e ar ligado. Ia deitar-se naquela cama fresquinha. Deparou-se com a cachorrinha aninhada no travesseiro.

240) O voo da águia (140 toques)
Com coragem, abriu as asas para alçar o primeiro voo. Estufou o peito e pulou. Caiu como um saco de batata. Só penugens, faltavam-lhe penas.