segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Contos Twitteranos [5]

Contos Twitteranos

Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

81) Folgado [140 toques]
Ela lavava o banheiro. Ele, deitado no sofá, vê TV. Benzinho, traz um café? Ela para, vai à cozinha e pega o café quente. Joga na cara dele.

82) A Patricinha e o totó [140 toques]
Andava com o cãozinho. Viu os meninos sentados à mesa do barzinho. Endireitou o corpo e desfilou em frente a eles. O totó parou para o cocô.

83) O julgamento [140 toques]
Para o jovem promotor eram favas contadas. Sequer lera o processo. Falou pouco ao júri e contentou-se. O advogado, experiente, livrou o réu.

84) Vida e morte [140 toques]
Ao nascer, todos riam e só ele chorava. Viveu bem. Ao morrer, todos choravam e só ele ria. Sabia que desta vida só se leva vida que se leva.

85) Domingo na praia [140 toques]
Foi ao litoral, passou o dia na praia. Sol, caipirinha, cerveja, banho de mar. Nem usou protetor. Na segunda todo ardendo, como usar camisa?

86) Diálogo mal entendido {1} [140 toques]
Você vai? Perguntaram-lhe. Vou-me já, respondeu. Ele vai? Talvez sim, mas creio que antes vai ao banheiro. Banheiro? Sim, disse que ia mijá!

87) Engano [140 toques]
Na madrugada, 3h20, todos dormem e o telefone toca. Alô! Desculpe pela hora, mas preciso falar com o Zé. Não tem nenhum Zé. Hã? tu tu tu tu.

88) Nudismo [140 toques]
Naquela praia abundam as bundas. Com tanta abundância, as bundas variam. Tem de todo tipo e a dúvida fica: A bunda abunda ou abunda a bunda?

89) Diálogo mal entendido {2} [140 toques]
Você o viu? Perguntaram-lhe. Não ouvi nada, respondeu. Quero saber se você o viu, se ele está por aí. Já disse que não ouvi. Viu ele? Ah tá!

90) Adão Eva {cacofonia 1} [140 toques]
Era cavalheiro em tudo. A mulher sempre em primeiro lugar. Até a Bíblia ele contrariava. Não tinha essa de Adão e Eva. Para ele? Eva e Adão.

91) Língua inglesa {cacofonia 2} [140 toques]
Tinha dúvidas no inglês. Procurava saber como dizer que o dia do pagamento foi na semana passada. Ensinaram-lhe: The pay day was a week ago.

92) O almoço [140 toques]
Arroz e feijão no prato. Almoço em casa. Sem a esposa, só restara fritar o ovo. Estalado, imaginou. A aptidão só permitiu mexido e queimado.

93) Sem ideia [140 toques]
Chegou tarde. Sabia que tinha de escrever um conto twitterano. Sem ideia desistiu. Voltou a insistir. Ainda sem ideia, não escreveu. Ou sim?

94) Enfim, férias [140 toques]
Férias! Sem planos para o primeiro dia. Nada a fazer. NADA! Queria só descansar, parasitar. A esposa não pensava assim. Dia de faxina geral.

95) Piloto [140 toques]
Sonhava em ser piloto. Grandes aviões, voos internacionais. Mulheres lindas, outros países. Mas, sonho não é realidade. Tinha pavor de voar.

96) O quarto [140 toques]
Deitado, olhava a porta do quarto. Lá, ela batia, pedindo que abrisse. Bateu a noite toda. De manhã, cansado, abriu a porta e a deixou sair.

97) A ressaca [140 toques]
Acordou péssimo. Enjoado, o mundo rodava à sua volta. O jantar de comemoração havia sido magnífico. Comera e bebera muito. Maldita azeitona.

98) Almoço [140 toques]
Meio-dia, o sinal tocou. Ele se levantou e foi. Almoçou muito, estava bom demais. Churrascaria e muito vinho. Não trabalhou. Dormiu na mesa.

99) Encontro às escuras [140 toques]
Marcaram por um chat. No alto de seus 18 anos estava afoito. Entrou no quarto do motel e esperou. Ela bateu à porta. Ele abre e... TIA BETH?

100) A peça teatral [140 toques]
Cidadezinha do interior. Atores famosos para encenar a peça chamada A Espera. Casa lotada, todos queriam ver. Golpe! A Espera dura até hoje.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O homem que perdeu o pinto

DúvidaAntes das 5 horas da manhã ele acorda desesperado. Pega o telefone e disca sem pensar em hora ou outra coisa qualquer - a preocupação é uma só.

- Alô? Diz uma voz sonolenta do outro lado da linha.

- Doutor! Meu pinto sumiu! O que eu faço?

- Hã? Como assim? Ele estava aí ontem à noite, quando saí. Respondeu ainda com voz de sono e sem entender muita coisa.

- Não sei Doutor, só sei que o dito cujo sumiu. O que eu vou falar pra minha mulher?

Desligou o telefone e voltou a procurar. Beliscou-se, afinal poderia ser um sonho, pois, não poderia, de forma alguma, estar acontecendo.

Olhou embaixo da cama, no banheiro, na sala, nos outros cômodos da casa... nada. Saiu para o quintal e logo deparou-se com o cachorro com cara de quem havia acabado de comer algo e estava satisfeito.

Não, não podia ser. Esse não seria um final feliz para quem prometia ainda dar muitas alegrias.
Deixou aquela impressão pra lá e continuou a busca.

Passou a manhã inteira e nada de encontrar. O pior é que a esposa chegaria no meio da tarde e, claro, o pinto tinha de estar no lugar dele.

Que vida maluca era aquela? Que dia mais doido estava tendo. Por que não acordava e acabava com aquele pesadelo?

A mulher viajara para o enterro da Joaquina, que lhe era muito querida, e havia deixado a casa e tudo por lá para que ele tomasse conta e estivesse tudo certinho para quando ela voltasse.

Tudo estava certo, menos... menos... ai meu Deus!

Ligou de novo para o Doutor:

- Doutor, nada ainda. O que eu faço?

- Calma, eu estou indo aí para ajudá-lo.

Chega o Doutor e encontra o pobre coitado, já completamente desanimado, sentado na cadeira de balanço na varanda da casa.

- Olá Jonas, diga-me com calma o que houve.

- Como calma Doutor? Não dá para ter calma nesta hora. Eu estou muito preocupado. E até com medo.

- Ora meu amigo, um pinto não pode sumir assim. Deve estar em algum lugar por aí.

- Já olhei em tudo, Doutor. Nada de achar.

- Se não o acharmos, o que sua mulher vai dizer?

- Dizer Doutor? No mínimo não vai querer mais nada comigo e ainda me expulsar de casa.

- É, você está mesmo em uma enrascada danada de ruim. Ainda mais com a morte da Joaquina.

- Nem me lembre Doutor. Ela seria a salvação da lavoura.

- Bom, disse o doutor, vamos pensar juntos e tentar dar um jeito na situação. Duas cabeças pensam melhor que uma e amigo é para isso também.

- Mercado! Vamos lá comprar outro! Gritaram quase juntos.

E lá foram os dois amigos, correndo ao mercado para comprar um pinto novo e substituir o sumido.

Azar! Não havia nenhum pintinho carijó à venda, a galinha de estimação, a Joaquina, havia morrido e não botaria mais ovos. Acabava ali uma descendência que estava com a família havia mais de 15 anos.

E a culpa era dele, que não tomou conta do pinto direito.

É... ferrou!