quinta-feira, 20 de junho de 2013

Contos Twitteranos [19]

Contos TwitteranosContos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

361) Príncipe encantado (140 toques)
Sabia que na lagoa havia um príncipe. Beijou todos os sapos e, nada. Não reparou no belo rapaz que pescava. O príncipe não estava encantado.

362) Zoo? (140 toques)
Os bichos viam através das grades e não entendiam. Todos deveriam ser livres. Por que, naquele parque, os humanos estavam presos nas jaulas?

363) O curió (140 toques)
Cantava um canto sofrido. O dono deliciava-se com o pássaro cantando sem imaginar que a letra daquela música pedia por liberdade longe dali.

364) Medo (140 toques)
Durante a noite quase desistiu. Não dormiria. O dia seguinte seria um divisor que separaria o homem do rato. Tinha hora no dentista – canal!

365) Tecnologia (140 toques)
Casal no chat do Face. Altas horas da noite e ele manda: Partiu dormir. Os dois desligam os aparelhos, dão-se um selinho, viram-se e dormem.

366) Quietude (140 toques)
À noite o gato dele miava alto e o papagaio gritava. O cão do vizinho: silêncio. - Muito educado seu cachorro, elogiou. - Quem, ele? É mudo!

367) “F” (140 toques)
Famoso fanfarrão ficava feliz fazendo fãs fascinadas. Fã? Fazia fugir friamente. Fera frívola, fecundava faxineiras faceiras, fêmeas fáceis.

368) Lentidão preguiçosa (140 toques)
Era tão devagar que quando a esposa começou com as dores do parto, foi buscar a parteira e chegou a tempo de ver o filho completando um ano.

369) Flagrante (140 toques)
- Mamãe, o pai e a nossa vizinha estão na TV! – Como? Onde? Qual o programa? – No polícia 24 horas. Parece que houve um assalto em um motel.

370) O cara (140 toques)
O mais esperto dos amigos, sempre pegava a gata mais gata. Naquela balada, o óbvio: pegou a melhor. Só não sabia que era Carlos e não Carla.

371) O flagra (140 toques)
A filha abre a porta e flagra os pais. –Filha! Grita a mãe, cobrindo-se. –Ora mamãe, já vi isso antes. –Como? –O papai com a empregada nova.

372) Família (140 toques)
Ele era muito rico. Pensava que tinha de tudo e era feliz. Pensava. Até ver o amigo pobre com a família. Notou que, na real, não tinha nada.

373) Coisa nojenta (140 toques)
Aquela cozinha estava um nojo. Era uma visão insuportável. Panelas brilhando e guardadas, pratos limpos, nada na pia. As baratas desistiram.

374) Impunidade (140 toques)
Atacou, estuprou e, sem o menor respeito ou pudor, ria da cara dos policiais quando foi preso, ciente de que logo seria solto. Era de menor.

375) O bolo (140 toques)
Fez um bolo delicioso para agradar o maridão. Altos recheios e cobertura. O marido chega, mal olha o bolo, e pergunta: – Guardou massa crua?

376) A pesca (140 toques)
Não pescaria nada, mas ele foi assim mesmo. Voltou no final da tarde, sem nada e feliz. Melhor que ficar em casa aturando a visita da sogra.

377) Vida de gari (140 toques)
Era gari. O dia todo correndo atrás do caminhão catando lixo dos outros. Chega em casa tarde, cansadão e ouve: - Amor? Põe o lixo pra fora?

378) Jogo decisivo (140 toques)
Jogo decisivo. Atrasadão, desceu do ônibus e pegou um táxi do Jabaquara até o Pacaembu. Estranhou não ver ninguém. O jogo era lá em Barueri.

379) Presidiário (140 toques)
Ele queria sair. A mulher o queria preso. Ele não entendia, mas ela sim. Por causa do auxílio reclusão ele valia mais a pena cumprindo pena.

380) Flato (140 toques)
Na festa, segurou o máximo que pôde. Quando não aguentou mais, soltou devagar, em silêncio. Azar! Além do silencioso ser pior, aquele pesou.

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