quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dois séculos e meio

Zé AntonioNo dia 13 de junho de 2013, o José Antonio, um dos mais ilustres cidadãos santistas, teria completado 250 anos de idade - claro, se vivo estivesse.

Isso foi mês passado e eu, não santista de nascimento como ele, mas que me mudei para esta cidade há mais de 40 anos e a adotei como minha, afinal foi ela que me deu aquilo que eu tenho de mais precioso: as mulheres que compõem minha família - todas santistas, conterrâneas do Zé Antonio (intimidade pode?).

O fato é que não vi quase nada de comemorações por aqui. Até eu, que sou ligado às coisas da história da cidade, deixei passar em branco, sem uma homenagenzinha sequer, o que faço agora para corrigir.

O Zé Antonio nasceu em Santos em 1763. Foi um grande estudioso e, não à toa, tornou-se filósofo, advogado, professor, intelectual, cientista e político. Ele até combateu Napoleão em Portugal, se bem que não foi um combate tão combate assim, pois quando as tropas do Napa (olha a intimidade, de novo) chegaram a Portugal, eram apenas uns pobres coitados, esfomeados que se Dom João soubesse, jamais teria fugido com a Corte toda para o Brasil naquele 29 de novembro de 1807. Que vergonha Joãozinho... (epa, olha a intimidade com o Rei).

Essa fuga do Rei, abandonando o povo português à própria sorte, foi boa para o Brasil. Já pensou, você acorda de manhã e não tem ninguém no comando do país?

Mas, essa é outra história. Então, vamos voltar ao Zezinho (mais que íntimo).

Esse santista foi atuante também no campo da química, geologia e mineralogia, ganhando respeito internacional a tal ponto que James Dwight Dana, geólogo de fama mundial, premiado internacionalmente e autor de livros e manuais sobre geologia, batizou uma recém-descoberta rocha do grupo das granadas com o nome do brasileiro e, por isso, no mundo da geologia existe, hoje, a Andradita.

Ele também participou ativamente dos esforços para a independência do Brasil.

Em alguma aula de história você deve ter ouvido a célebre frase "como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico", dita por Dom Pedro no dia 9 de janeiro de 1822, o Dia do Fico. Então, o nosso Zé Antonio foi um dos primeiros, se não o primeiro, a mandar uma carta ao Pedrinho (oops, de novo) exigindo que ele ficasse, que não voltasse a Portugal.

Em julho de 1822, quando o “bicho pegou pra valer” e Portugal estava preparando tropas para virem ao Brasil e impor as exigências do Rei, tirando a autoridade de Dom Pedro, lá estava o Zé Antonio em sua incansável batalha pela independência do Brasil.

Rapidinho ele buscou apoio internacional, mandando delegados a Londres, Paris e também para a capital de um certo país que declarara sua independência há 46 anos: Washington.

Para reforçar o apoio, também fortaleceu as alianças com governos sul-americanos, especialmente com a Argentina.

Até reviravoltas na vida dele houve. Durante uma crise política, Dom Pedro 1º dissolveu a Constituinte e mandou o Zé Antonio com os irmãos para fora do Brasil. Ele ficou exilado no sul da França até 1829 quando pode voltar ao Brasil - embora o Imperador já houvesse declarado sua inocência há algum tempo. De herói a vilão?

Só em julho de 1829 José Bonifácio regressou ao País. Dom Pedro, forçado a abdicar no dia 7 de abril de 1831, voltava para Portugal. Advinha quem ele deixou como tutor dos filhos? Claro, um santista porreta: o Zé Antonio. Haja moral.

Pois é, o cara não era fraco não. O Brasil inteiro o conhece, está em todos os livros de história do Brasil, pois foi um dos personagens que a escreveu e aqui em Santos há gente que nunca fez uma visita ao túmulo dele. Que isso galera?

E aí? Você sabe quem é esse tal de José Antonio?

Talvez pelo nome de batismo dele seja meio complicado, você pode estar em dúvida, mas, esclarecendo para dirimir quaisquer dúvidas:

O José era filho dos primos Bonifácio José Ribeiro de Andrada e Maria Bárbara da Silva e, ao longo de sua vida, adotou o nome do pai e passou a ser José Bonifácio de Andrada e Silva.

Esclarecido? Então, se ainda não foi, faça uma visita ao Pantheon dos Andradas, na Praça Barão do Rio Branco, ali no centro de Santos. É fácil de achar - é o prédio da foto que ilustra este texto.

Um comentário:

Unknown disse...

ja fiz uma visita ao tumulo do Zé!!