sábado, 12 de janeiro de 2013

Gravidez

Ilustração: Equipe Caricômicos Gravidez JAN2013

Olavo era um homem de manias, daqueles que têm necessidade de ter tudo arranjado da melhor forma possível para evitar surpresas ou contratempos.

Surpresa era algo que ele abominava. Eram insuportáveis, pois não davam tempo para se preparar e, invariavelmente, Olavo terminava com cara de bobo. Odiava isso.

Sempre metódico, levava uma vida sossegada e era sereno, tranquilo.

Mas essa calma durou só até o meio-dia daquela quarta-feira. Uma chamada telefônica da mulher dele, no escritório, foi a surpresa das surpresas.

- Querido, vamos ser avós! Ela está grávida!

Olavo caiu sentado, quase sem sentidos.

Não ouviu mais nada. Desligou o telefone sem entender como a mulher podia estar tão radiante com uma notícia daquelas.

Natália, a filha única do casal, estava cursando o oitavo ano do ensino fundamental, contava com somente 13 anos e positivamente não tinha idade para ser mãe.

Como conciliar os estudos, para a filha ser alguém neste mundo, com a gravidez, a maternidade e todas as responsabilidades que viriam? Era impossível, impraticável!

Saiu para a rua, andando a esmo. Perdido em um mundo de confusões, de pensamentos aleatórios que não faziam sentido, mas que fervilhavam em sua mente.

Queria concatenar as ideias, entender aquela situação, a reação da esposa. Nada fazia sentido.

Para ele, a filha sequer estava namorando. Bem, isso era algo que ele podia entender: com certeza estava de namoro escondido e com algum pilantra irresponsável que a abandonaria à própria sorte sem querer saber da criança ou, pior, iria propor um aborto - além de tudo, mataria seu neto e poria a vida da filhinha em risco. Nem pensar!

-- Ah se eu pego esse filho da mãe, esse aproveitador! Pensava, pensava não, gritava alto consigo mesmo, tentando arrumar algum culpado por aquela situação já que, evidentemente, a culpa não seria da filhinha querida. -- Certeza de que ela foi enganada.

Sem rumo, parou em frente a uma loja de artigos para bebês e começou a olhar as vitrines, imaginando se seria menina ou menino.

Caiu em si. Como não poderia fugir a esse destino, por pior que fosse, daria todo o apoio à filha. Não dava para ser diferente.

Entrou na loja e comprou um macacãozinho verde-água, uma cor que serviria para qualquer sexo, uma manta para envolver o beber e mais um par de sapatinhos. Tudo para o momento da grande saída da Maternidade, particular, claro. Não dava para imaginar a filha sendo atendida pelo SUS.

Depois foi a uma farmácia e comprou uma grande quantidade de fraldas descartáveis para recém-nascidos.

Chegaria a casa em grande estilo, mostrando para a filha que ela poderia confiar nele e que ela teria uma gravidez tranquila.

Guardou o carro na garagem, pegou todos os pacotes e entrou em casa com um grande sorriso nos lábios chamando:

- Cadê aquela menina linda que vai nos dar um netinho ou netinha para fazer brilhar ainda mais esta casa???? Cadêêê?????

Em resposta vê a mulher chegando toda contente, com a cadelinha Shi-tzu no colo:

- Olha Hanninha, o papai chegou todo contente também. Só porque a nossa garotinha vai ter filhotinhos.

E o coitado não se conteve:

- COMO?
- Quem está grávida é a cachorra?????????????

Um comentário:

Anônimo disse...

HAHAHAHAHA Ufa, realmente é o tipo de notícia que nos deixa aliviado!
Mas lamento pelo marido ser tão desligado a ponto de não perceber que seu bichinho de estimação havia ganhado peso nos últimos tempo!
Muito engraçada a história, parabéns!