sábado, 26 de março de 2011

Eta nóis

Ê lasquera, num é qui tem mais jornalista no interiorrr

É verrdade. Hoje o pessoar colô o tar de grau - coisa qui num intendo: nóis passa a escola intera sem pode colá e, no finar, tem di colá? Arguém ixprica?

Di qui eu tô falano? Ora seu, da forrmatura da minha sobrinha Taturana, quero dizê, Tathiana. Ela recebeu um canudo (até achu qui tava vazio) e um homem dizeu umas coisas lá e daí ela virô jorrnalista.

Bacana né? Agora nóis tem uma parenta caipira qui vai escrivinhá pros jorrnais e vai sê famosa e inté pode aparecê na TV. Imaginô?

Aparecê na TV ela já apareceu - deu uma intrevista pra falá qui cómi muito chocolate - dá pra espiá aqui ó (é só cricá aqui memo). Vixi, achu qui ela já é famosa.

Legar esse negócio di si formá e sabe o que é mais legar? Nóis viu tudinho, desdi a hora qui chegamo di surpresa e fizemo ela chorá, dispois vimo ela passano o maió calorzão no solzão, inté finarmente a mãe dela chegano dos unitédi steitis (achu qui é isso) di modo di vê a filha colá o tar do grau.

Foi bacana sô. Fizemo inté uma festinha na hora di ela pegá o canudo, com apitança, corrneta e faxa cô nome dela.

E eu fiquei orgulhoso e feliz.

Orgulhoso pois, depois de tantas idas e vindas, tranca daqui, reabre dali e um bocado de anos de lutas, ela colou grau e hoje está formada, apenas aguardando o diploma - um meio burocrático que hoje, infelizmente, não é exigido (mas a briga continua) para dizer que ela tem formação superior e é uma Comunicadora.

Feliz porque chegamos de surpresa e pudemos estar presentes, compartilhando esse evento único e não a deixamos sozinha.

Para garantir que a surpresa não furasse - já imaginaram se vamos e ela não? - ainda liguei para ela na noite da véspera, para, “jogando uma conversa fora”, assegurar-me de que ela estaria presente.

Tudo foi se encaixando tão naturalmente que foi ela mesma quem confirmou a colação, presença e tudo o mais. Até a faixa, feita aos 48 do segundo tempo pelo Fernando chegou a tempo - obrigado Fernandão!

Passo seguinte, ligação para a Univap (Universidade do Vale do Paraíba), afinal precisávamos saber de detalhes como local e data para não haver falhas.

Parecia um jogo de espiões amadores montando uma operação secreta mirabolante para um infalível desfecho ideal.

De resto foi sair de casa às seis horas da manhã, pegar o quinto elemento na casa dele, o Felipe (namorado da Camila), e seguir para São José dos Campos na certeza de que, se Deus havia permitido que tudo desse certo até aquele momento, o restante também seria de sucesso.

Ao chegarmos deu para notar todos os alunos nos jardins do prédio da Faculdade de Direito, em cujo auditório ocorreria a cerimônia e o Felipe ajudou a salvar o dia, entrando sozinho com a faixa na mão, algo que ela não poderia ver.

Por falar em ver, eu a estava procurando e quando quase entrei no salão a vi e ouvi um: “vocês aqui?”. Entre abraços e choros, abracei-a novamente e a virei para que o Felipe entrasse. Deu tudo certo.

Até o pequeno atraso para iniciar o evento foi providencial. Permitiu que a mãe da Tathi chegasse a tempo de assistir à cerimônia - ela só viajou umas oito horas desde Jacksonville/EUA, desembarcou por volta das 7h00 em Cumbica, por providência Divina pegou um canal verde, e a Marina deu a carona para junto da filha.

Eu estava lá fora com ela, enrolando para ver se a mãe chegava e sem ter mais o que falar, quando me chamaram: - Carlos, cadê a Tathiana? Fiz um sinal tão “sutil” que a Tathi, ao meu lado, percebeu na hora e virou-se. Pronto, agora não era mais choro - era pranto.

Não era para menos. Já imaginou você colando grau, vai tirar uma foto onde todos estão tirando e o fotógrafo pede que chame os familiares e você está só? Sem ninguém para testemunhar, presenciar e dividir aquele momento?

Não Tathi, você não estava só. A galera de Santos, uma cúmplice jacareiense e sua mãe desde há muito já estavam com você.

 

Agora é desejar-lhe uma carreira de sucesso.

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