Saudade do pé no chão Ao passar pela bancada de frutas de um supermercado da cidade, tomei um susto ao reparar em alguns dos preços, com o da ameixa amarela - uma caixinha com alguns desses frutos custava mais de seis reais -, ou mesmo no tamanho das jabuticabas, todas pequenas, coitadas. Pequenas e caras.
Na minha infância, junto com meus amigos, vivendo no interior e de pé no chão, comer frutas significava subir nas árvores para colhê-las. Lá estavam à nossa espera, grandes, suculentas e sem ter de pagar nada por isso. Nunca poderíamos imaginar que um dia pudéssemos encontrar aqueles mesmos tipos de frutas, agora pequenas e caríssimas, em pacotes nas bancadas de supermercados. Pagar por uma fruta cheia de produtos químicos era algo que não passava pela cabeça de ninguém.
Naqueles bons tempos em que não havia celulares, preocupações com os colesteróis da vida e outros itens que tanta dor de cabeça proporcionam hoje em dia, vivíamos com muito mais liberdade e tranqüilidade. Sequer havia crianças gordas, afinal as brincadeiras envolviam, sempre, um corre-corre sem fim - queimávamos as calorias brincando e não malhando em academias.
Saíamos de casa cedo e nossas mães não se preocupavam sobre onde estávamos. O compromisso era estar em casa na hora do almoço e da janta, que eram, invariavelmente, realizados com a família toda reunida à mesa. Comíamos todos juntos, era o peso do valor família que, infelizmente, hoje não vemos mais, ou muito pouco.
Sim, o viver com o pé no chão, literalmente e não como a figura como o termo é usado hoje, era um viver com saúde e liberdade que deixou uma saudade gostosa.
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