O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado pelo Governo Federal destinará cerca de R$ 1,4 bilhão aos serviços de dragagem dos portos brasileiros.
Infelizmente somente o dinheiro não resolve; este é grande problema. Sabe-se que o lado financeiro nunca foi o grande empecilho aos serviços necessários para que os portos sejam desassoreados e tenham a profundidade devida.
Guerras político-partidárias, dança das cadeiras na máquina administrativa, batalha de egos, ambientalistas, ações no judiciário... São esses, dentre outros, os verdadeiros vilões da história que acabam por impedir o progresso dos trabalhos.
O Governo Federal agora acena com a possível retomada das conversações para que haja, não uma regionalização do Porto de Santos, mas uma estadualização, o que não seria de todo ruim, já que estaria trazendo a administração mais para perto do Porto.
Outra boa notícia é a idéia, que agora também aparece, da profissionalização dos administradores, deixando os cargos políticos de lado - será que podemos crer em tamanho presente? Seria um enorme passo para o início de um novo tempo, pena que seja tão difícil de acreditar.
O lamentável é tudo indicar que o Brasil anda na contra-mão do desenvolvimento. Um gigante que continua adormecido para que os senhores feudais continuem colhendo tudo para si, fazendo com que o Brasil não cresça tudo o que poderia crescer - com ou sem o PAC ou outro programa similar.
Os serviços de dragagem são essenciais em qualquer porto e sua falta já causou enormes prejuízos ao maior porto do país. O Porto de Santos está sofrendo há tempos e, pelo que se vê pelas atitudes que foram realmente tomadas até agora, nossos netos verão o mesmo panorama.
Um herói
O Porto de Santos é um herói que consegue suplantar as dificuldades.
Mesmo enfrentando um ano de greves, com muitos navios sendo desviados, mesmo com todos os atrasos, com as reduções nas descargas e embarques - já que muitos navios não puderam operar em sua totalidade por não haver a dragagem necessária -, este herói fechou o ano de 2006 com um movimento 5,3% superior ao de 2005, atingindo a marca de 75,5 milhões de toneladas.
E se a dragagem tivesse acontecido? E se as greves não tivessem acontecido? Quais seriam os números finais de 2006?
Com certeza, bem superiores, afinal teríamos os navios operando em sua totalidade e muitos outros não teriam sido desviados a outros portos.
300 mil... 400 mil... 500 mil...
Quanto realmente pode ser dragado no Porto de Santos sem que o meio ambiente sofra tanto?
Por que é tão difícil e complexo provar que parte da dragagem retira apenas areia, que é inócua ao meio ambiente e pode ser despejada em alto mar sem riscos à natureza?
Por que quando se resolve um problema, surge outro para impedir o desenvolvimento dos trabalhos?
Essas e outras perguntas acabam levando-nos a uma mesma resposta, que sejam quais foram as palavras usadas para formulá-la, são baseadas no burocratismo.
O sucesso do trabalho da dragagem parece estar na dependência dos ambientalistas e a partir daí podemos imaginar se algo bem maior acontecer: O que se fará se o projeto Barnabé-Bagres sair do papel?
Mata Atlântica, manguezais, animais silvestres, meio-ambiente... isto será um prato cheio para os ambientalistas fartarem-se à vontade e veremos mais uma vez o Porto de Santos com a faca e o queijo na mão, sem poder utilizá-los.
Burocratismo
Aparentemente a máquina está montada propositalmente para criar empecilhos.
Vemos hoje uma Codesp tentando vencer todos os obstáculos para conseguir fazer a dragagem no Porto, obtendo algumas vitórias aqui e ali, mas o primordial é que pudéssemos vê-la ganhando de vez esta batalha e termos o Porto de Santos com uma dragagem à altura de seu status de maior porta de acesso ao comércio internacional deste País.
Mas e se o que se fala pelos corredores for verdade e a diretoria for mudada? Quem entrar vai ter de começar tudo de novo? Vamos atrasar mais ainda os processos para execução da tão necessária dragagem. Mais perguntas inquietantes.
Do futuro não sabemos, mas do presente fica a urgente necessidade de se dragar a máquina burrocrática - não só a que impede o Porto de ser dragado, mas toda ela. Desassorear a máquina para que o processo de desenvolvimento não pare, o Brasil acorde e cresça e o Porto de Santos opere e compita de igual para igual com os melhores portos mundo afora.
Carlos Freire
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