domingo, 12 de fevereiro de 2012

O homem que perdeu o pinto

DúvidaAntes das 5 horas da manhã ele acorda desesperado. Pega o telefone e disca sem pensar em hora ou outra coisa qualquer - a preocupação é uma só.

- Alô? Diz uma voz sonolenta do outro lado da linha.

- Doutor! Meu pinto sumiu! O que eu faço?

- Hã? Como assim? Ele estava aí ontem à noite, quando saí. Respondeu ainda com voz de sono e sem entender muita coisa.

- Não sei Doutor, só sei que o dito cujo sumiu. O que eu vou falar pra minha mulher?

Desligou o telefone e voltou a procurar. Beliscou-se, afinal poderia ser um sonho, pois, não poderia, de forma alguma, estar acontecendo.

Olhou embaixo da cama, no banheiro, na sala, nos outros cômodos da casa... nada. Saiu para o quintal e logo deparou-se com o cachorro com cara de quem havia acabado de comer algo e estava satisfeito.

Não, não podia ser. Esse não seria um final feliz para quem prometia ainda dar muitas alegrias.
Deixou aquela impressão pra lá e continuou a busca.

Passou a manhã inteira e nada de encontrar. O pior é que a esposa chegaria no meio da tarde e, claro, o pinto tinha de estar no lugar dele.

Que vida maluca era aquela? Que dia mais doido estava tendo. Por que não acordava e acabava com aquele pesadelo?

A mulher viajara para o enterro da Joaquina, que lhe era muito querida, e havia deixado a casa e tudo por lá para que ele tomasse conta e estivesse tudo certinho para quando ela voltasse.

Tudo estava certo, menos... menos... ai meu Deus!

Ligou de novo para o Doutor:

- Doutor, nada ainda. O que eu faço?

- Calma, eu estou indo aí para ajudá-lo.

Chega o Doutor e encontra o pobre coitado, já completamente desanimado, sentado na cadeira de balanço na varanda da casa.

- Olá Jonas, diga-me com calma o que houve.

- Como calma Doutor? Não dá para ter calma nesta hora. Eu estou muito preocupado. E até com medo.

- Ora meu amigo, um pinto não pode sumir assim. Deve estar em algum lugar por aí.

- Já olhei em tudo, Doutor. Nada de achar.

- Se não o acharmos, o que sua mulher vai dizer?

- Dizer Doutor? No mínimo não vai querer mais nada comigo e ainda me expulsar de casa.

- É, você está mesmo em uma enrascada danada de ruim. Ainda mais com a morte da Joaquina.

- Nem me lembre Doutor. Ela seria a salvação da lavoura.

- Bom, disse o doutor, vamos pensar juntos e tentar dar um jeito na situação. Duas cabeças pensam melhor que uma e amigo é para isso também.

- Mercado! Vamos lá comprar outro! Gritaram quase juntos.

E lá foram os dois amigos, correndo ao mercado para comprar um pinto novo e substituir o sumido.

Azar! Não havia nenhum pintinho carijó à venda, a galinha de estimação, a Joaquina, havia morrido e não botaria mais ovos. Acabava ali uma descendência que estava com a família havia mais de 15 anos.

E a culpa era dele, que não tomou conta do pinto direito.

É... ferrou!

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