O pequeno mundo de Tiago era tranquilo. Tocava o dia a dia numa calma só.
Tudo o que precisava fazer era saborear a natureza à sua volta, curtir os amigos, brincar e aproveitar ao máximo.
Todavia, como diz o velho ditado, tudo o que é bom dura pouco e, para ele, o grande momento estava chegando.
Ele sentia isso e sabia que não poderia fugir ao destino. Ah... esse inexorável destino.
Tinha medo. Medo? Era pouco, tinha é um verdadeiro pavor daquilo que poderia acontecer.
Não havia conhecido ninguém que tivesse ido e voltado para contar. Somente histórias no ar.
Histórias! Essas sim, ouvira diversas mas não conseguia acreditar. Nesse ponto ele era absolutamente incrédulo e não abria mão disso.
Essas histórias, contos de um outro mundo, eram um verdadeiro horror. Não queria nem imaginar como alguém pudesse viver em um mundo tão sombrio, esquisito e sabe-se lá mais o quê.O que mais o aterrorizava era estar cada dia mais ciente e que o fim estava próximo.
Não havia como fugir. Ia deixar os amigos, a família e tudo o mais. Não participaria mais daquele mundinho perfeito que construíra para si.
Para o jovem Tiago esse mundinho não era bom, era ótimo. Como férias permanentes em que não havia escola ou trabalho; só diversão.
Não queria que acabasse. Que continuasse para sempre - fosse eterno! Afinal nunca acreditara que houvesse vida após a morte.
Questionava-se do por quê da partida. Perguntava a Deus por que sua missão estaria chegando ao fim tão depressa.
Não poderiam dar-lhe uma outra? Um tempinho a mais? Uma prorrogação tal qual nos jogos de futebol com a turma?
Nada! Naquele silêncio total que se fazia, sequer uma meia resposta vinha para aliviar-lhe o sofrimento.
Sentia que era o fim de tudo. Nada mais a fazer, pois tudo acabaria.
Enfim a derradeira hora chegou e a voz de Tiago, como a conheciam, calou-se.
Tiago partiu, deixando um vazio para trás, uma lacuna difícil de ser preenchida. Tinha de ser assim, não havia outra maneira.
Mas, dentre tantos choros pela passagem de Tiago, o chorinho diferente de um bebê fazia-se cada vez mais presente, apesar de longínquo. Parecia estar em outra dimensão...
- BUÁÁÁAÁÁÁÁÁÁ BUÁÁÁAÁÁÁÁÁÁ
- NASCEU! NASCEU! É UM MENINO!
Pois é Tiago, quando chega a hora, todos reencarnamos.
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