sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Contos Twitteranos [3]

 

Contos que, como no Twitter, devem conter

um máximo de 140 toques.

O mais legal é fazer com que fiquem

com exatos 140 toques.

    41) Jiboia [140 toques]
    Um presidente sem estudo. Assinou uma lei e mudou algumas regras. Pobre daquele aluno que aprendeu com dificuldade e agora não entende nada.

    42) Decepção {(140 toques]
    Ela era gamada. Depois da aula ele a levava para casa e acabava batendo longos papos com o irmão dela. É, o interesse era o irmão e não ela.

    43) Virgem [140 toques]
    Guardou-se para a noite de núpcias. Resistira. Agora, enfim sós. De camisola transparente, deita-se na cama com o amado e, cansados, dormem.

    44) Steve Jobs Offline [140 toques]
    Soltou-se a genialidade e a maçã cresceu. Afastou-se e ela quase apodreceu. Voltou e a fruta reviveu. Futuro sombrio com ele offline de vez.

    45) Dois corpos [140 toques]
    Garagem coletiva do prédio. No chão jazem dois corpos inertes. Eram duas vidas. Foram ceifadas na calada da noite. Quem matou as baratinhas?

    46) Felicidade [140 toques]
    homem bradava que pra isso não era preciso dinheiro. Todos poderiam tê-la sem ter nada. Mas do que ele falava? Ora, era da tal felicidade.

    47) Ir ou não ir [140 toques]
    O casamento era às 18h. Eram 17h e ele ainda sem saber se ia ou não. A dúvida persistia, afinal, como explicaria à noiva que não se casaria?

    48) A Pescaria [140 toques]
    Acordou cedo, pegou a tralha e se mandou. Barco na água e anzol lançado. O tempo passa e nada. Esnobara dizendo-se ótimo pescador. PEIXARIA!

    49) O Furão [140 toques]
    Caio, o furão, era o seu xodó. Um dia viajou e, confiante, deixou Caio com o melhor amigo. Na viagem recebe o e-mail: Caio subiu no telhado.

    50) Novo rico [140 toques]
    Ganhou na loteria e sumiu. Ninguém sabia dele. Agora vive como rei, pensavam. Um ano depois volta desiludido. R$ 70 mil não era tanto assim.

    51) Sexo manual >só para maiores< {140 toques]
    Alvoroço geral lá dentro. Começara a função. Os mais afoitos logo se posicionaram à frente. Vai e vem, vai e vem e foram. - O quê? RALO NÃO!

    52) Minha bolinha [140 toques]
    O garoto chora. Perdera a bolinha. Todos a procuraram e não a encontraram. Um dramalhão! Enfim, consolado, enfiou o dedo no nariz fez outra.

    53) Hora da novela [140 toques]
    Ela dorme, roncando, em frente à TV. Ele se aproveita e muda o canal, sem barulho. Não tem saída, ouve incontinênti: - Estou vendo a novela!

    54) Não me separo mais [140 toques]
    Ela o esperava de malas prontas. Não aguentava mais aquela vida. Já não o suportava. Ele entra aos berros: - Querida, ganhamos na mega-sena!

    55) Droga na escola >só para anti-corinthianos< [140 toques]
    Ele usava droga em frente à escola. As crianças viam. As mães quietas. Um senhor notou e gritou revoltado: -Tira essa camisa do Corinthians

    56) No rio [140 toques]
    A tarde entrando e ele nadando no rio. As pessoas julgavam-no um peixe pois há muito estava na água. Ele não sairia. Não até achar o calção.

    57) Platônico [140 toques]
    Amor intenso. Ele, lindão, nem aí pra ela. Ele passava, ela estancava com o coração aos saltos. O elefante nem olhava. Pobre da formiguinha.

    58) Quase tragédia [140 toques]
    O noivo não apareceu. A noiva à porta da igreja chorava e todos o xingavam. Por que fugiu? Não fugiu. Um acidente a caminho o hospitalizara.

    59) Piquenique [140 toques]
    O dia amanheceu lindo. Acordou cedo, teve a ideia e chamou todos para um piquenique. Uma batalha para acordar e convencer a família. Choveu.

    60) A prova [140 toques]
    Prova amanhã. Tinha de estudar. Trancou-se no quarto o dia inteiro. A mãe, tranquila, tinha certeza de que ele iria bem. Maldito vídeo-game.

    sábado, 10 de dezembro de 2011

    Luize & Manu

    Luize e Manu estavam sempre juntas.

    Quem quisesse achar Luize era só encontrar a Manu. Quem quisesse ver a Manu, era só localizar Luize. Era um grude só. Até para dormir estavam juntas, na mesma cama.

    Luize não fazia absolutamente nada sem Manu. Bem, nem tanto, afinal era proibida de levar Manu para a escola, único momento do dia em que não estavam juntas e a cachorrinha ficava lá, em cima da cama, esperando pela dona, ou melhor, amiga.

    Mas, sempre tem um mas... um dia Luize foi dormir em casa de uma amiga e com tantas meninas juntas não poderia levar a Manu.

    No final da tarde de sábado o pai a levou à casa da amiga - até aí claro que a Manu estava junto. Luize a pegou, abraçou-a, deu-lhe um beijo de despedida e a deixou no banco de trás, onde era mais seguro.

    O sábado e o domingo transcorreram alegres para Luize que, mesmo pensando na falta que Manu fazia, divertiu-se bastante com as amiguinhas. Mas já era meio-dia, hora do pai ir buscá-la.

    Lá fora um dia tremendamente ensolarado, um calor enorme que dava para fritar ovos no asfalto.

    Luize já pronta, esperava pelo pai.

    O pai, por sua vez, quase chegando, resolveu pregar uma peça em Luize e parou o carro. Abriu o porta-malas e escondeu Manu ali dentro. Era coisa de três minutos.

    Divertia-se imaginando a cara de Luize quando reparasse que Manu não estava no carro.

    Rindo sozinho não percebeu a aproximação de dois elementos em uma moto que, na mesma hora, renderam-no sob a ameaça de um revólver e levaram o carro.

    Passado o susto inicial, caiu a ficha e veio a preocupação: como dizer à Luize que roubaram o carro com a Manu dentro? E no porta-malas?

    190! Sem pensar duas vezes ligou para a polícia na tentativa de que o carro fosse localizado sem perda de tempo.

    Suando por todos os poros, debaixo do sol forte, não se sabe como, conseguiu esfriar a cabeça o suficiente para lembrar-se de que o carro era munido de GPS e poderia ser localizado.

    Ligou para a seguradora que passou a monitorar o veículo. O carro foi encontrado duas horas depois, abandonado no estacionamento de um shopping na cidade vizinha e debaixo do sol causticante.

    Preocupado com Manu, pediu para que os policiais que chegassem primeiro no veículo verificassem se a cachorrinha ainda estava no porta-malas.

    Por telefone os policiais informaram que havia completo silêncio, nada respondia às pancadas dadas na tampa do porta-malas.

    Imaginando o forno que estava lá dentro e as condições da cachorrinha, forçaram a abertura e se depararam com o que seria a Manu.

    - Senhor, encontramos a cachorrinha de sua filha dentro do porta-malas mas...

    - Ai meu Deus. Que bom, minha filha cairia doente se a tivessem levado. Ela está inteira?

    - Sim senhor, mas...

    - Não meu amigo, não tem nada de mas... Estou chegando aí para recuperar o carro e a Manu.

    Cinco minutos depois lá estava ele, todo contente, dentro do carro com o ar condicionado ligado e, no colo, a cachorrinha Manu - o bichinho de pelúcia preferido de sua filha.