Lá estavam Samuel e Maurício atracando-se, aos tapas, empurrões, xingamentos, tentativas de socos e ninguém conseguia separá-los para poder explicar o que havia ocorrido, que era tudo um mal entendido.
Briga feia, daquelas que nem polícia consegue apartar.
Mas, qual o por quê dessa briga?
Bem, para entendermos isso, precisamos conhecer os dois personagens desta história e voltar um pouco no passado. Então, vamos lá.
Samuel, com seus 16 anos, era um adolescente simpático, sem grandes manias e que gostava muito de ler. Todavia, por um distúrbio de nascença, tinha dificuldades na fala e possuía uma grande falta de coordenação - não conseguia andar direito e pegar algo era complicado.
Sempre de bom humor, levava a vida na brincadeira e, na prática, somente ficava bravo, e muito, quando alguém o imitava nos trejeitos do andar ou falar. Deixava a educação de lado e cobria o engraçadinho - fosse quem fosse - de tapa, socos, pontapés e o que mais conseguisse. Conversar? Que nada, o tratamento aí era, como ele próprio dizia, "na porrada".
Maurício, aos 17 anos, era também um simpático adolescente, brincalhão por natureza e, tirando a mania de ler, era um jovem sem vícios. Vivia para a vida, uma vida feliz apesar dos percalços advindos por uma dificuldade motora que lhe impunha um andar desajeitado e uma fala meio esquisita.
Tirá-lo do sério? Ninguém conseguia a não ser que o imitassem no andar ou na fala, aí achava que estavam fazendo pouco dele e partia logo para a briga, sem explicações, "partia para a ignorância", como fazia questão de afirmar. Este desaforo não levava para casa.
Mas há um terceiro personagem nesta história, um sujeito brincalhão chamado Destino que, sem perder a oportunidade assim que ela bateu à porta pela primeira vez, fez com que Samuel estivesse saindo do cinema enquanto Maurício lá entrava.
Um olhou para o outro, o outro olhou para o um e, bem, o resto não é difícil de imaginarmos, afinal, passou o mesmo pensamento em cada uma das cabeças: "- O que pensa aquele moleque metido me imitando em público? Estaria ele pensando que aqui não tem homem?"
A ignorância aflorou concomitantemente dos dois lados e aí, bem, aí é o começo desta história.
Mas, com certeza há de termos um final feliz pois, com o caso explicado - isso se um dia pararem com a briga - eles têm tudo para serem bons amigos e darem boa risada desse episódio.
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