segunda-feira, 28 de maio de 2012

Contos Twitteranos [8]


Contos Twitteranos
Contos que, como no Twitter, devem conter
um máximo de 140 toques.
O mais legal é fazer com que fiquem
com exatos 140 toques.

141) O ídolo (140 toques)
Os fãs queriam vê-lo. Em respeito, saiu do carro, abraçou todos, tirou fotos etc. Enquanto isso o verdadeiro saía pelos fundos. Santo sósia.

142) Preguiça (140 toques)
No domingo recusou-se a acordar cedo. Enrolou na cama o quanto pôde. Achou que já era demais e levantou. Ninguém à vista. Haviam ido dormir.

143) Férias (140 toques)
Férias! Estava chegando o dia. Sentia-se livre para não fazer nada. Iria viajar, aproveitar e gastar os tubos. Chute na bunda. Desempregado!

144) Voto secreto (140 toques)
Foi feliz visitar o Congresso. Queria saber como votava o candidato eleito. Deu azar. Corporativismo para salvar um colega, votação secreta.

145) O dia caça (140 toques)
Foi caçar passarinhos. Pegou vários, de diversas espécies. Voltou com oito gaiolas bem cheias. Flagrado pelo IBAMA, só ele ficou engaiolado.

146) Lei de Murphy (140 toques)
Tropeçou ao levantar da cama. Bateu a cabeça na porta do armário. O chuveiro estava queimado. Saiu com raiva de casa, atrasado. Pneu furado.

147) Porta trancada (140 toques)
Chegou cansado. Deixou o carro na garagem e subiu os cinco lances de escada com as malas. Chegou à porta e... a chave ficara no porta-luvas.

147) Jogo na madrugada (140 toques)
Acordou às quatro da manhã para ver o vôlei. O jogo decisivo empatara em dois sets. Acontecia o quinto set. O placar mostrava 19X18. Dormiu.

148) Vida fácil (140 toques)
Mulher de vida fácil. Dormia pouco. Noite e dia, não havia sábado, domingo ou feriados. Não podia escolher, aguentava. Mulher de vida fácil?

149) Batizado (140 toques)
Primeiro afilhado. Acordou tarde para batizá-lo. Arrumou-se, pressionou a mulher e voaram para a igreja. Não acharam ninguém. Igreja errada.

150) Banho de piscina (140 toques)
Depois de um dia estressante e muito quente, só queria ir para casa e tomar um bom banho de piscina. Não poderia. Não tinha piscina em casa.

151) Um corpo estendido no chão (140 toques)
O sol acabara de sair e ele já em pé. Descendo para a garagem coletiva deparou com um corpo estendido no chão. Como? Quem matou a lagartixa?

152) Carrão importado (140 toques)
Acelerou o carrão importado esbanjando esnobação certo de que todos o olhavam com inveja. Parou no meio do "show", sem gasolina. Riso geral.

153) Jantar em família (140 toques)
Jantava feliz ao chegarem alguns parentes. Dividiu. Chegaram outros, famintos. Ele cansou: - Chega! Uma barata só não dá para 20 lagartixas.

154) Nervoso (140 toques)
Acordou nervoso, vomitou. Não conseguia pensar em nada. Iria fazer a prova final para tentar não repetir o ano. Não era melhor ter estudado?

155) Nascituro (140 toques)
Naquele mundinho solitário era feliz. Não havia preocupações ou barulho. Um descanso. Era só alimentar-se e dormir. Ainda não havia nascido.

156) No volante (140 toques)
Rei do volante. Pegas? Vencia todos. Era abusado. Um dia, após dirigir por 12 horas, escutou a bronca: - Menino, desliga já esse vídeo-game!

157) O velório (140 toques)
Assistia ao próprio velório. Espírito persistente, não queria partir. Ouvia os choros, mas não ouvia o que queria: - Olhem! Está se mexendo!

158) Jogo perdido (140 toques)
Fugiu cedo do trabalho para ver o jogo. Pneu furado, trocou. Foi parado no comando. Atrasado, saiu apressado. Bateu o carro - perdeu o jogo.

159) Vil dinheirinho (140 toques)
Avaro, guardava todo dinheiro ganho. Só gastava sob muita pressão. Até que se tocou: de que adiantaria ser o defunto mais rico do cemitério?

160) Decisões (140 toques)
"Sei lá" era tudo o que dizia. Não se envolvia com nada. Deixava o tempo resolver. Não se formou não se casou. Não tinha opinião. Não viveu!

terça-feira, 8 de maio de 2012

O crime compensa?

PARE

Quando a namorada o convidou para assistirem a O Assalto ao Banco Central, Dennys foi sem qualquer pretensão. Era somente mais um filme.

Todavia, aquele filme mexeu com o jovem, alimentando sua sagacidade. Não era, de forma alguma, mais um filme, era uma grande ideia e poderia ser posta em prática.

Dennys voltou outras vezes ao cinema e assistiu tanto àquele filme que sabia as falas de cor e salteado.

Todos os detalhes foram absorvidos por completo. Concomitantemente, lançou mão de jornais da época, relatos na internet, devorou o máximo possível de informações sobre o grande assalto.

Poderia ser uma ideia descabida para um rapaz simples, do povo, que jamais sequer furtara uma flor de um jardim. Mas, aquele assalto realmente mexeu-lhe com os brios e virou ideia fixa: tinha de repetir a façanha daqueles homens destemidos e tinha de se dar bem.

Pensou exageradamente em cada detalhe. Escolheu o alvo com atenção e muito cuidado.

Não queria sair bilionário. Milionário já estava de bom tamanho.

Selecionou a dedo a equipe, do menor tamanho possível. Alugou uma casa próxima àquela agência bancária que, mensalmente, pagava os trabalhadores das fábricas ao redor e sempre tinha muito, mas muito mesmo, dinheiro em caixa.

Precavido fizera as contas por baixo: cerca de dez mil trabalhadores com uma média de cinco mil reais cada um, seria algo em torno de cinquenta milhões de reais.

Sim, era o suficiente.

Analisou os prós e os contras, estudou em detalhes cada erro cometido pelo bando do assalto original e, depois de uns três anos de intensos trabalhos considerou-se pronto para pôr o plano em prática. Finalmente a teoria iria sair do papel.

Fez tudo certo, sem pressa. Absolutamente tudo dentro dos planos.

Escavar o túnel levou o tempo esperado, a desembocadura exatamente no local planejado e todo o dinheiro lá, esperando por eles.

Haviam gasto três meses para chegar no destino e estavam cansados porém, com aquela “visão monetária” à disposição, o cansaço foi embora

Pegaram as grandes sacolas e guardaram todo o dinheiro que estava no cofre - só deixaram as moedas, pois eram peso demais e pouco valor.

Voltaram pelo túnel e o desmancharam desde o final, junto ao cofre, até alguns metros depois do desvio feito para ludibriar quem por ali passasse, afastando-o da entrada naquele pequeno quarto da casa alugada.

Na casa, todo o dinheiro ficou armazenado em paredes falsas, onde ficaria por, no mínimo, três anos. Precisavam deixar tudo esfriar, a mídia esquecer o caso para, então, buscar a dinheirama.

Desta última parte do plano, somente Dennys e seu fiel escudeiro, Pedro Henrique, conheciam. Todo o resto do bando já havia dispersado.

Foram os três anos mais longos da vida de todos. Até que chegara a hora derradeira.

Dennys e Pedro Henrique rumaram para a casa que continuava ali e fora habitada normalmente por uma família que jamais desconfiara do que havia dentro daquelas paredes. O contrato do subaluguel expirara e, como combinado, o imóvel havia sido entregue.

Na calada da noite, sem despertar suspeita, estacionaram a Kombi em frente, abriram as paredes e foram depositando as sacolas, uma a uma, no centro da sala.

Tudo pronto, Pedro foi abrir a Kombi e, ao sair, surpresa!

A perua? Onde está a Kombi?

Pois é, havia sido roubada. Denys indignou-se: não havia mais gente honesta neste mundo? Como poderiam ter furtado uma Kombi velha que não chamaria a atenção de ninguém?

Perdeu a paciência e sabia que tinham de sair logo dali. Então, o sentimento dominou a razão e ele tomou a primeira decisão não previamente calculada.

Estancou-se no meio da rua com a arma em punho. Parou, no grito, um carro que vinha descendo a rua, fez descer o casal. Mas o carro, um Fiat Palio era pequeno demais para todo o volume a ser carregado.

Pedro Henrique, que estava com Dennys, viu um outro par de faróis subindo a rua e não pensou duas vezes, afinal não podiam perder a oportunidade já que não sabiam quando passaria um outro carro por aquela rua deserta.

Parou estático no meio da rua, tal qual fizera Dennys, e, quando foi dar a ordem para o carro parar, engoliu em seco.

Por que tinha de ser logo uma viatura da ROTA?