sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Eu não fiz Querô... mas vi como foi feito




Um grupo de cineastas que apostaram em Plínio Marcos, e no que faziam, juntaram-se a um grupo de adolescentes que não sabiam exatamente o que faziam e, juntos, fizeram Querô.
Mais que um filme, é uma grande experiência que tirou das ruas e encaminhou alguns jovens para uma nova vida, uma vida ligada à arte cênica, seja em frente ou atrás das câmeras.
Foi apresentado aos alunos do curso de Comunicação da UniSantos, o documentário Eu Fiz Querô - “making-off” no qual há cenas desde o início, quando cerca de quatro mil jovens entraram no processo de escolha, ficando 200 deles e, finalmente, os 40 que passaram pelo aprendizado, a partir do zero.
Além de ter o diretor e alguns dos atores presentes para uma conversa com a platéia, o mais interessante é justamente o período do aprendizado que transformou jovens de rua em atores de verdade. O choro incontido quando em momentos de alta tensão, o jovem se identifica com seu mundo real, deixa-se levar e chora de verdade é tocante. Nota-se que o jovem se envolve a tal ponto que mistura a ficção com a realidade e deixa os sentimentos aflorarem à pele, sem vergonha ou timidez.
Com o desenrolar do documentário, fica perceptível o crescimento do jovem como ator. Ao longo dos ensinamentos e aprendizado, o jovem já não mistura os papéis da ficção com a realidade e, logo após o choro que, para quem assiste, é verdadeiro, sai sorrindo mostrando que domina a situação.
Uma verdadeira mostra do que se pode fazer com um grupo de jovens. Conseguir chamar sua atenção, separar o joio do trigo e trabalhar somente com aqueles que realmente mostraram-se interessados e prontos a sacrificar suas vidas privadas em prol de alguns meses de um curso intensivo de como atuar e fazer disso tudo um filme premiado em alguns dos festivais mais importantes do país, é vencer. Mesmo com um grupo de inexperientes garotos e a partir de uma obra de um autor polêmico como foi Plínio Marcos.
Um dos frutos deste filme - tirar, definitivamente, alguns dos jovens das ruas, foi a formação das Oficinas Querô, projeto já concretizado no qual os ex-jovens de rua estão fazendo curtas metragens e trabalhando com cinema por trás das câmeras.
Carlos Freire